Caro Dr. Mário Soares,
Tomo a liberdade de, pela segunda vez, lhe dirigir a palavra
a propósito do seu declarado apoio a António Costa. O candidato que, para si, personifica
o líder que o país necessita para “unir a esquerda e derrubar a direita”.
Permita-me, então, que lhe
coloque, a si e a todos e todas os(as) apoiantes incondicionais de António
Costa, a seguinte questão:
Que esquerda é esta que Vossa
Excelência refere?
António Costa tem atuado nos
últimos meses como um dos piores carrascos do nosso regime democrático, mostrando-se
desumano e insensível, gozando “impávido e sereno” as consequências do seu
comportamento ilícito (que mantém desde janeiro de 2012 – portanto não será
apenas um desvario momentâneo) para com a Assembleia Distrital de Lisboa, uma entidade da
Administração Pública Local que mesmo contestada merece ser respeitada, mas que
o senhor presidente da Câmara de Lisboa não teve pejo em levar à falência por
escusos interesses pessoais, assumidos à revelia dos órgãos autárquicos do
município e em desrespeito pela Constituição da República Portuguesa.
Com essa atitude ilegal, injusta
e antidemocrática, António Costa tem revelado ser um político desprovido de
ética, pois mesmo sabendo que a sua recusa em autorizar que a autarquia pague
as contribuições a que está legalmente obrigada (nos termos e para os efeitos
previstos no artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 5/91, de 8 de janeiro) tem
prejudicado apenas os trabalhadores desta entidade, que desde agosto de 2013 têm
sofrido na pele uma pressão psicológica intolerável, havendo mesmo uma
trabalhadora com salários em atraso há mais de sete meses consecutivo (SETE
MESES CONSECUTIVOS DE SALÁRIOS EM ATRASO, repito!), não altera a sua postura de
arrogante e prepotente.
A partir do corrente mês de junho,
além daquela trabalhadora que irá ficar privada do seu vencimento pelo oitavo
mês consecutivo (OITAVO MÊS CONSECUTIVO SEM RECEBER VENCIMENTO, insisto!), os
restantes trabalhadores da Assembleia Distrital de Lisboa também não poderão
receber o subsídio de férias e irão ficar sem receber ordenado, não se sabe até
quando.
Tudo porque o Dr. António Costa,
que tantos elogios lhe merece, considera-se acima da Lei e do Direito, qual
ditador, e acha que esta atitude ignóbil é legítima, ou seja: haverá, em seu
entender, razões de política mais ponderosas do que o legítimo interesse dos
trabalhadores da ADL que, merecem, assim, ser sacrificados em nome de
interesses “maiores”.
Mas vergonhosa é, também, a “barrela
branqueadora” que muitos dos seus apoiantes têm vindo a fazer de tão vil ato,
optando por um silêncio comprometido ou, pior ainda, apresentando justificações
para tal que chegam mesmo a tocar as raias da completa insanidade.
E é este o homem que querem ver
como primeiro Ministro?
Termino apenas com um
esclarecimento: estas minhas duras palavras não são o resultado de nenhuma “manobra”
para denegrir António Costa.
São, infelizmente, o resultado de
meses consecutivos sem receber vencimento por culpa exclusiva do senhor
presidente da Câmara de Lisboa que, incompreensivelmente, tem vindo a obter a
conivência passiva dos restantes membros dos órgãos executivo e deliberativo do
município que acabam sendo tão culpados quanto ele.
Minuta da Ata da última reunião da ADL, realizada no dia 4 de junho de 2014.
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