segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Poetas Almadenses...

O 1.º Encontro de Poetas Almadenses foi um evento preparado com muito poucos recursos financeiros, onde o material de divulgação (cartazes, folhetos com o programa e as próximas iniciativas) teve de ser elaborado de forma caseira, mas com qualidade e muito profissionalismo, por isso há que começar por salientar o empenho da equipa responsável pela organização… com boa vontade, tudo se consegue.

De seguida, não posso deixar de referir o pormenor da poesia espalhada pelas paredes, nas mesas, pelas cadeiras e no balcão do bar… eram centenas, quase um milhar, de poemas de autores locais (nascidos, residentes, filhos adoptivos ou, apenas, amigos do concelho de Almada), todos diferentes (não havia uma única repetição), disponíveis para oferecer a todos os presentes sob diversas formas: marcadores de leitura, rolinhos com um laço de fita de seda e exposição de cartazes no cantinho da Feira da Poesia (os quais, no final, foram retirados e entregues aos autores presentes: não ficou nem um! E até houve inscrições para encomendar mais alguns exemplares). Diz quem por lá esteve (e foram cerca de uma centena de pessoas): na Casa Municipal da Juventude respirava-se, efectivamente, poesia por todos os lados.

Depois da leitura do Manifesto Poético, por António Boieiro, deu-se início ao painel de reflexão subordinado ao tema: A Poesia e a Vida. Falaram cinco oradores: Alexandre Castanheira (consagrado poeta almadense, recentemente agraciado com a Comenda da Ordem da Liberdade), Luís Van Seixas (em representação da editora Thisco), Maria Gertrudes Novais e José Nogueira Pardal (poetas almadenses) e Francisco Naia, que além de poeta é músico e fez uns improvisos brilhantes pegando em vários poemas da antologia Alma(da) Nossa Terra e musicou-os deixando-nos a todos admirados… pela beleza da sua voz e, sobretudo, pela capacidade de num instante, pegando na viola de quem nunca se separa, tocar uns acordes e fazer de um simples poema, como se fosse um passe de mágica, uma lindíssima canção.

Alexandre Castanheira recebeu um quadro que o pintor Zal ofereceu, alusivo à Liberdade, em jeito de homenagem pela obtenção da distinção da mis alta distinção da República Portuguesa.

Nogueira Pardal leu, com muita emoção, um poema de Fernando Barão (seu amigo de longa data), prestigiado autor cacilhense, ausente por motivo do falecimento de sua esposa (cujo funeral fora poucas horas antes), e que muito emocionou os presentes.

Apesar do debate com o público ter ficado aquém das expectativas (na medida em que as pessoas se coibiram de expor as suas ideias sobre as várias propostas em discussão, nomeadamente a possível e necessária criação de uma cooperativa de poetas almadenses), falaram várias pessoas cujo contributo irá ficar registado em acta.

De seguida, Ermelinda Toscano fez a apresentação do livro Index Poesis: Colectânea de Poesia e agradeceu a todos os 57 autores que participaram assim como ao Luís Miguel, jovem pintor almadense que ofereceu o desenho que serviu de ilustração para a capa, e António Boieiro apresentou o Cd Poetas & Vozes d'Almada.

Finalmente, chegou a hora mais esperada: a sessão de «Poesia Vadia»… mas, antes, foram distribuídos a todos os membros da mesa um poema seu (em tamanho A3, tendo como fundo o cartaz do Encontro, como se se tratasse de um diploma) e um exemplar de ambas as obras editadas. A Luís Van Seixas foi-lhe entregue um poema do mais velho poeta do concelho de Almada, como forma de homenagear o sr. Arriaga (a quem foi entregue, também, um poema, o livro e o Cd), que, aos 93 anos continua a fazer e declamar poesia de uma forma extraordinária, conforme assim o puderam comprovar todos os presentes.

Depois da declamação de poesia, onde intervieram vários poetas que leram um ou mais trabalhos seus, acabou-se o dia cantando os parabéns a uma das declamadoras que participou no Cd: a Rosette, que fazia anos no sábado.

Antes de encerrar portas, ainda houve oportunidade para "dois dedos de conversa" no bar, dar autógrafos, comprar uns livros na Feira da Poesia (coordenada por Luís Milheiro) e, sobretudo, fazer novos amigos… (a poesia tem este dom: o de aproximar as pessoas!).

Por tudo isto, considero que esta iniciativa foi um êxito e só me resta esperar que a futura e necessária cooperativa de poetas almadenses venha a ser uma realidade em breve. Tudo farei para que assim seja!

Quem quiser ver a foto-reportagem do evento basta que se dirija ao site:
BLOG DOS POETAS ALMADENSES.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

CONVITE

Quem gosta de poesia não pode perder o 1.º Encontro de Poetas Almadenses: é já amanhã, pelas 15h, na Casa Municipal da Juventude, Rua Trindade Coelho, em Cacilhas!
Mais notícias e, sobretudo, muita poesia, no

quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Beleza

A beleza não é a imagem que o espelho nos devolve, mas o brilho com que a nossa presença ilumina o rosto de quem gosta de nós” – Eduardo Sá

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Pequena oferta

Hoje estou sem disposição para escrever. Apetecia-me falar da violência doméstica (que mereceu, ontem, uma reportagem de várias páginas no Jornal de Notícias na sequência da morte de mais uma mulher), ou, talvez, do desrespeito sistemático dos partidos pelas leis que aprovam no parlamento (isto a propósito das reacções estapafúrdias depois do Tribunal de Contas ter detectado várias irregularidades nas contas da última campanha eleitoral).

Todavia, o texto não sai com a necessária fluidez e, por isso, desisto de abordar esses temas. Não estou mesmo com inspiração nenhuma.
Por isso, deixo-vos apenas esta pequena quadra (em jeito de oferta) que, influenciada pela onda poética que corre aqui pelas bandas de Cacilhas, escrevinhei hoje enquanto atravessava o Tejo para vir trabalhar… espero que gostem.

Semente de luz quis ser
Para emoções no teu corpo semear
E da indiferença fazer nascer
Um campo de sonhos a germinar

terça-feira, 24 de outubro de 2006

Espera

Olho o vazio
e espero…
Sinto a tua falta
e desespero!
A multidão corre
apressada,
indiferente…
E eu aqui…
tão só!
À minha volta
estende-se o nada…
Fachadas negras,
gente muda,
e tu que não chegas!
Começou a chover…
(Ou serão gotas
do meu sofrer?)
Abrigo-me…
na tua lembrança,
recordo o teu sorriso…
e renasce a esperança!

segunda-feira, 23 de outubro de 2006

Santarém / Cacilhas

Vim de lá na 6.ª feira passada e para lá irei na próxima semana, talvez!

Mas já tenho saudades de Santarém... e, apesar de gostar de viver em Almada (concelho onde nasci), de trabalhar em Lisboa (onde por cá ando desde 1983) e de atravessar o Rio Tejo todos os dias, fico saudosa só de pensar na vista que os meus olhos alcançam quando me aproximo da janela do gabinete onde passo o dia na cidade scalabitana.

Esta fotografia foi tirada na 5.ª feira, chovia tanto que até fazia nevoeiro, mas mesmo assim dá para verem quão bela é a paisagem naquela zona: «as portas do sol», com o "meu" Tejo em fundo.

Acho que vou pensar, seriamente, em arranjar casa por aquelas bandas... estava mesmo a precisar de descansar da azáfama da área metropolitana, sobretudo da poluição e dos dias confusos, de gente apressada e indiferente... Enfim, por enquanto vou-me contentando com umas quantas viagens semanais!

Mas, no fundo, não sei se seria capaz de abandonar a "minha" terra adoptiva (Cacilhas, onde resido): apesar de degradada, sinto-me hipnotizada pelo seu passado histórico, pela riqueza dos seus costumes, pela proximidade a Lisboa... e, principalmente, pela presença tão próxima do estuário do rio Tejo, um dos mais belos da Europa.

domingo, 22 de outubro de 2006

Feira da gastronomia

Outubro é, segundo parece, o mês dos festivais de gastronomia. Vim de Santarém, onde se encontra a decorrer um (que, lamentavelmente, não tive oportunidade de ir saborear) e chego a Cacilhas e cá temos, também, o nosso concurso gastronómico, que serve, em simultâneo, para assinalar o 21.º aniversário desta jovem freguesia.

Apesar de considerar esta iniciativa interessante (mais pelo que poderia ser do que por aquilo que é, efectivamente), não posso, contudo, deixar de dizer que esta «Feira da Gastronomia», que já vai na sua 6.ª edição, fica muito aquém das expectativas que o título do certame faz supor.

Ou seja, independentemente da qualidade da apresentação e da confecção da comida, tirando os 12 pratos que outros tantos restaurantes candidatam ao prémio, e que nem sequer primam pela diversidade (apenas 2 de carne e 10 de peixe – 4 de caldeirada, 3 de bacalhau, 2 de cherne e 1 de peixe espada), o certo é que este evento é um simples concurso, que dá uma pálida imagem da riqueza e variedade gastronómica desta terra onde existem várias dezenas de estabelecimentos de restauração.

E, para feira, falta-lhe quase tudo: desde a variedade que seria suposto ter (não só de refeições principais, como é o caso, mas entradas, sobremesas, etc.), um local para exposição e venda de produtos afins, até à prova de bebidas e petiscos, além da esperada animação complementar.

Como já tinha comido peixe nas duas refeições anteriores, resolvi-me a experimentar as “Costeletas Africanas” no restaurante O Lucas (junto à estátua do burro), uma receita original de Carlos Ferreira, natural de Angola, e que quis, desta forma, homenagear a sua terra natal.


A surpresa apresentou-se, sobretudo, nos acompanhamentos... ou seja, na combinação de alguns ingredientes típicos da culinária angolana, como os quiabos e a mandioca, que davam um paladar excêntrico à carne de porco, ou o ananás e a manga duas frutas utilizadas para decorar a travessa e cujo sabor adocicado combinava na perfeição com os restantes elementos do prato.

Criatividade nas combinações e um toque de exotismo é de fazer abrir o apetite, podem crer! Vale a pena passarem por lá!

terça-feira, 17 de outubro de 2006

Santarém aí vou eu...



Amanhã (4.ª feira) vou para Santarém e só regresso na 6.ª feira. Espero ter oportunidade de por aqui passar, mas não prometo nada... eu acho que as promessas são para cumprir (ao contrário dos políticos) e como não tenho certezas, prefiro não me comprometer.

As ideias estão escassas e o cansaço aperta, por isso, fico-me por aqui para ver se acalmo e retempero forças para poder enfrentar a jornada de trabalho duro que se avizinha nos próximos três dias... até à próxima, e um bom resto de semana para todos quantos por cá passarem.

segunda-feira, 16 de outubro de 2006

As Horas

Finalmente consegui ver, ontem, o filme «As Horas», de Stephen Daldry. E, confesso, adorei!

Não só pela mestria das interpretações, sobretudo de Nicole Kidman, que se excedeu a si própria como actriz (mesmo sem dizer uma palavra, apenas através da expressão corporal, consegue exprimir toda a dor de Virgínia Wolf, nomeadamente a angústia que a consome e o desequilibro psíquico que a levará ao suicídio) mas pelo enredo muito bem construído (mérito de Michael Cunningham, autor do livro com o mesmo nome, The Hours, em que se baseou o filme):
· na década de 20, Virgínia (a única personagem com existência real) escreve a sua obra Mrs. Dalloway e tenta manter sob controle a sua loucura, medicamente diagnosticada;
· em 1949, Laura (Julianne Moore), tenta conciliar o facto de ser mãe, esposa e dona-de-casa apesar da solidão ser o que mais deseja.
· nos dias de hoje, Clarissa (Meryl Streep), empenha-se na fútil preparação de uma festa para um amigo que sofre de SIDA, e que conquistou um prémio literário.

Este é um filme dramático, em certa medida cruel mesmo, não só porque aflora o problema da depressão, do suicídio e das relações homossexuais (sobretudo femininas, assumidas ou escondidas), mas, principalmente, porque trata de uma questão muito actual (embora o filme se passe mais no passado do que no presente, sendo os dias de hoje um mero epílogo de que nos vamos apercebendo ao longo das duas outras histórias que aconteceram há décadas de distância, em épocas diferentes): o medo de viver, ou, melhor dizendo, a agonia de não saber o que fazer com o tempo que ainda nos resta.

Num mundo pautado pela busca individual e bastante egoísta da felicidade, da permanente ilusão da possível realização plena, em que os únicos empecilhos parecem ser a morte e o fracasso, a dor de viver é aqui abordada de forma magistral. Virgínia e Laura, sobretudo, mas também Clarissa e Richard (o amigo com SIDA) sentem sobre seus ombros a pressão do enorme fardo de existir, que tem um peso muito maior do que a família e os amigos imaginam…

Mas pode a vida, enfim, trazer-nos mais do que felicidade e realizações efémeras? Depois de ver o filme ficamos com a sensação de que o mais provável é a vida trazer-nos, apenas, uma injustificada insatisfação sem precedentes e um permanente desgosto de viver.

Este é, pois, um filme a não perder… apesar do pessimismo, aconselho-o porque são aqui levantadas questões muito sérias e que era bom que sobre elas reflectíssemos para trazer outro colorido à nossa existência.

E para quem gosta desta temática, deixo-vos um artigo muito interessante, publicado na Revista de Psiquiatria do Rio de Janeiro (Janeiro/Abril de 2006): «Depressão e Suicídio no filme “As Horas”».

domingo, 15 de outubro de 2006

Fórum Social Português

Termina hoje o Fórum Social Português que, este ano, juntou em Almada associações e partidos de esquerda que continuam a sonhar com um outro Portugal e acreditam que um outro mundo é possível... três dias de conferências, oficinas de aprendizagem, bancas informativas, momentos culturais (exposições, teatro, dança e música), conversas informais e muito, muito mais... Pena foi, contudo, que a população tenha olhado com uma certa indiferença para estas inciativas e, apesar de haver algumas com bastante aderência, o certo é que ficou muito àquem da importância que os assuntos em discussão fazia prever.
Deixo-vos, aqui, o meu modesto testemunho:




Bancas da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta), do STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local), Solidariedade Imigrante e Partido Comunista Português.


Bancas do Movimento Humanista, Marcha Mundial de Mulheres, FP e ATTAC.


Banca do Bloco de Esquerda, actuação do grupo português «Roncos do Diabo», ex-Gaitofolia, e Mesa da conferência «Partidos e movimentos na construção de uma alternativa política em tempos de globalização» (com a participação de Alex Callinicos da Stop The War, Inglaterra; Joana Soares, do GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental e Ana Drago e Fernando Rosas, dirigentes do Bloco de Esquerda, responsável pela organização deste debate), a iniciativa que acabei por escolher entre as múltiplas que, à mesma hora e distribuídas por vários locais da cidade, havia para escolher.

NOTA FINAL: para ouvir a actuação do grupo «Roncos do Diabo», clique AQUI e AQUI (peço desculpa pela qualidade da imagem, mas a gravação é amadora e tendo como recurso uma máquina fotográfica digital e não uma câmara de video... mesmo assim, dá para ouvir estes sons inovadores, baseados, em exclusivo, na sonoridade das gaitas-de-foles transmontanas e percursão. Um estilo que alguns classificam como sendo de punk-rock, ao ritmo agro-techno... uma força da natureza.

sábado, 14 de outubro de 2006

O céu como limite...


Desconheço o que este meu vizinho temerário está fazendo em equilíbrio radical na esquina do prédio onde mora... as especulações podem ser muitas! (basta por a imaginação a funcionar)... mas presumo que estivesse, apenas, a reparar algumas telhas partidas, tão só.
Todavia, o inusitado da situação faz-me lembrar o desejo que todos temos de alcançar o céu, aqui entendido como o éden onde se encontra a felicidade suprema (mas será que esse sítio existe?) e do esforço que é preciso para se conseguir lá chegar (um caminho que nem todos têm coragem de seguir e desistem a meio do trajecto... tonturas, talvez?).
Fiquem bem. E bom fim-de-semana para todos.
Eu, entretanto, vou fazer uma caminhada e depois almoçar um excelente cozido à portuguesa no restaurante de um amigo (há que ser solidários!).
Xau.

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Protestar é preciso

A manifestação de ontem juntou dezenas de milhares de pessoas. Embora eu seja muito crítica acerca da actuação dos sindicatos, não pude deixar de ir acompanhar esta iniciativa.
Assim sendo, deixo-vos aqui algumas das muitas imagens que captei, para que possam ver uma outra prespectiva que não aquela que passou nas televisões:



Da oportunidade para fazer render o negócio da venda de castanhas, à vigilância descontraída da polícia, os manifestantes lá vão subindo a Av.ª da Liberdade, virando à esquina na Alexandre Herculano em direcção ao Largo do Rato...



Para quem acompanhou a manifestação desde o início, aproveitar as sombras frondosas da Av.ª da Liberdade é uma oportunidade para descansar e retemperar forças para seguir até S. Bento... Entre professores, "noivos precários" e listas de espera, a caminhada se vai fazendo. Ouvem-se gritos e palavras de ordem, bandeiras agitam-se no ar e lá vão indo todos em fila ordenada.



O trânsito estava um caos, mas poucos eram os automobilistas que reclamavam por uma pausa tão longa... E os marchantes lá iam passando: do passo estugado dos jovens estudantes, à carrinha que reclamava contra o ataque à Adminsitração Pública, terminei encontrando o pessoal de Almada... E por aqui fica esta reportagem.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

O Tempo

«Os homens não se medem aos palmos, dizem… O tempo, por sua vez, não se mede nem em segundos nem em anos… Recordo ter vivido minutos que pareceram anos e meses que me custa acreditar terem trinta dias, tão rápido os vivi.
Deito-me a fazer contas ao meu tempo e chego à conclusão que sou uma criança cheia de curiosidade de conhecer o que me rodeia e um velho, farto de mastigar a vida…
Ontem serve de medida para hoje sem que hoje possa servir de medida para amanhã.»

Alexandre Castanheira, Outrar-se ou a Longa Invenção de Mim

Imagem: www.letteratour.it/stile/B02tempo01.htm

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Sabor & Art

Todos sabem da minha “ligação afectiva” com o C@fé com Letr@s, em Cacilhas, e do quanto me custou assistir à sua lenta e progressiva decadência até à morte anunciada no final de Agosto passado... uma situação que, a partir de certa altura, embora fosse previsível, não podia nem me cabia a mim, como simples cliente, evitar.

Foi lá que, durante aproximadamente dois anos (2003 e 2004), implementei, a título gratuito, um projecto cultural que criei, assente no trabalho voluntário de todos os colaboradores, e que incluía desde exposições de pintura, desenho e fotografia, a tertúlias informais, debates políticos, lançamentos editoriais e sessões de leitura (em prosa e, em particular, de poesia), e que, por motivos pessoais e, sobretudo, incompatibilidade profissional, tive de abandonar no início de 2005, passando a coordenação da agenda para a responsabilidade da proprietária do estabelecimento.

Aliás a «Poesia Vadia», realizada no último sábado de cada mês, e a colecção Index Poesis, a qual integrava os cadernos Uma Dúzia de Páginas de Poesia (que reuniu 38 poetas entre amigos e frequentadores do café que nos ofereceram mais de seis centenas de poemas inéditos para publicação), os “marcadores de leitura” (distribuídos diariamente) e a série “letras com o café” (um poema para adoçar a bica, oferecido às sextas-feiras e sábados), ainda hoje são recordadas com saudade por muitos colaboradores, clientes e amigos, assim como O Sabor das Palavras, o jornal do C@fé com Letr@s, uma fanzine trimestral, de divulgação cultural, cuja versão on-line, diária, ultrapassou as 40.000 visitas em dois anos.



Vem isto a propósito da surpresa que foi para mim, depois de quase dois meses a olhar os vidros cheios de pó de um estabelecimento abandonado, passar na Cândido dos Reis e encontrar as portas daquele espaço de novo abertas de par em par...

E, para meu grande espanto, encontrei um local acolhedor mas cheio de vida, bem visível na cor alegre das paredes, na decoração simples mas onde se nota o toque especial e cuidado em cada pormenor... seja a presença das plantas naturais, as jarras com a fruta no balcão ou aquele cantinho magnífico com a rede a convidar a um lento baloiçar de refresco na mão.


Mas cativou-me, em especial, a luz clara do ambiente, de montras sem cortinas a deixar entrar a claridade do dia... nota-se que, ali, nenhum pormenor está ao acaso e tudo se conjuga na perfeição, nomeadamente a atenção e profissionalismo do casal que resolveu abrir o SABOR & ART onde antes era o C@fé com Letr@s.

O Manuel e a Lane, têm um desafio duro pela frente, mas eles sabem-no e estão empenhados em seguir em frente. Nota-se na sua postura e na forma como atendem os clientes, de sorriso nos lábios e uma palavra de simpatia. Por isso, fiquei, de imediato, fã daquele espaço, onde além disso podemos encontrar verdadeiros mimos de doçaria e/ou salgados, e até pequenas refeições cozinhadas com arte, porque «não basta alimentar... tem que saborear!!!», assim reza o lema deste novo espaço em Cacilhas. Uma promessa que, acredito, será cumprida na íntegra.

E fiquei muito feliz quando a Lane me disse que, mais tarde, quando tivesse tudo arranjado como queria (pequenos pormenores de decoração que, a seu ver, ainda careciam de acerto), pretendia retomar a ideia das sessões de «Poesia Vadia».
Por isso aconselho-vos a passar por lá porque, vão, decerto, ficar agradavelmente surpreendidos como eu.

Horário de Funcionamento:
2.ª a 6.ª - das 7h 30m às 22h; sábados – das 10h às 23h e domingos – das 9h30m às 20h.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

Manuscrito ms 408

Entre o ir e vir de Lisboa ao Porto, confortavelmente sentada no comboio, consegui ler na íntegra o livro que hoje aqui vos apresento e que dá título ao artigo de hoje: O Manuscrito ms 408, de Thierry Maugenest.

Trata-se de um romance de ficção (do género: investigação histórico-policial), de apenas 142 páginas, cujo enredo se baseia na existência real de um estranho manuscrito (de que vos deixo, também, uma imagem), redigido em código por um monge do século XIII e do qual nunca foi descoberta a chave para a sua leitura, e que nos coloca perante uma questão filosófica muito importante, que nos faz pensar mas, sobretudo, nos deixa confusos e indecisos:

Será preferível conhecer a verdade e perder o espírito ou viver na ignorância para preservar a nossa felicidade, mesmo que esta seja ilusória?

Leiam-no que vale a pena. E terão muito em que pensar nos próximos tempos. Eu fiquei fascinada!

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Passeio azarado

Praça do Marquês (perto da Residencial onde ficámos)
Av.ª dos Aliados (lindérrima como sempre, mesmo num dia assim...)

Este foi, de facto, um fim-de-semana azarado: desde o mau tempo (esteve sempre a chover, à excepção de 5.ª feira) à gastroenterite da Sofia (que nos obrigou a chamar o médico à Residencial e pagar a bonita quantia de 75€ além dos medicamentos), da clausura no quarto durante um dia e do cancelamento do cruzeiro no Douro (sem possibilidade de recuperar os 170€ pagos antecipadamente por o cancelamento ter sido na hora), aconteceu de tudo um pouco...

Mesmo assim, ainda conseguimos passear (no 1.º dia conseguimos ir até à Maia no Metro e na véspera de regressarmos fomos a Guimarães) mas tirar fotografias ficou muito limitado... eu, afinal, não sou daquelas mulheres com quatro braços (como a da foto que aqui postei há uns dias atrás) e pegar no chapéu de chuva e na máquina em simultâneo era difícil... além disso, as condições de visibilidade eram péssimas.

Rua típica Claustro do Paço

Em Guimarães, apesar da chuva intensa, lá conseguimos visitar o núcleo histórico, o Paço dos Duques de Bragança e o Castelo depois de almoço quando o tempo abrandou. Claro que fiquei encantada e desejosa de lá voltar num outro dia menos cinzento e molhado.

E para terminar, ofereço-vos uma das coisas que, para mim, é sagrada quando vou ao Porto: uma chávena de chocolate quente no Majestic... simplesmente divinal!
Outra coisa sem a qual não passo é, sem sombra de dúvida, o jantar no Restaurante Abadia. Por ser muito mais caro, e a carteira ficou em baixo nesta viagem, fica para a próxima...
E se quiserem ver mais fotografias, passem pelos álbuns aqui do lado!
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