sexta-feira, 29 de junho de 2007

Até breve


Igreja de S. Pedro (Vila Real). Autor: Vitor.

Durante os próximos dias vou estar por terras transmontanas, mais precisamente em Vila Real. Vou juntar o útil ao agradável, ou seja, aproveitar o facto de ir ter uma reunião de trabalho na segunda-feira para, durante o fim-de-semana, conhecer esta bela cidade e fazer o percurso de comboio pela "linha do Corgo" até à Régua.

E antes de partir deixo-vos um convite para a exposição «África - Retratos de um continente esquecido», dedicada ao Luís Miguel pela passagem do 13.º aniversário dos acontecimentos ocorridos na Ponte 25 de Abril e que um grupo de amigo também assinalou com um jantar de solidariedade (no dia 25-06-07) que contou com a participação especial do insigne poeta almadense Alexandre Castanheira.




Um bom fim-de-semana para todos, e até ao meu regresso.
(trarei muitas fotografias para vos oferecer!)

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Já passaram 13 anos

Hoje, no restaurante "Boa Esperança" (na Rua Capitão Leitão, em Almada), eu e um largo grupo de amigos, vamos estar presentes no jantar anual de solidariedade com o Luís Miguel (o jovem que, faz hoje, precisamente, 13 anos, foi baleado durante a manifestação contra os aumentos da portagens da Ponte 25 de Abril, em 1994 tendo ficado paraplégico).

Muito já se disse e escreveu sobre o assunto, por isso prefiro deixar-vos uma imagem de um dos quadros do Luís Miguel de que mais gosto (mas há muitos mais): foi imaginado para ilustrar outra situação que não a sua, mas serve, na perfeição, para mostrar o que lhe aconteceu… entre linhas revoltas e aqueles pingos de tinta lembrando sangue estão, de facto, momentos de dor e sofrimentos retratados com uma sensibilidade notável.

Até logo Luís. E espero encontrar-te com esse sorriso aberto que é o melhor cumprimento que nos podes dar…

Para recordar os acontecimentos de 1994 (porque há coisas que convém nunca esquecer para que não voltem a acontecer):


domingo, 24 de junho de 2007

O cacilheiro

De Ary dos Santos trago-vos, hoje, aqui, este belo poema:

Lá vai no mar da palha o cacilheiro,
Comboio de Lisboa sobre a água:
Cacilhas e Seixal, Montijo mais Barreiro.
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.

Na ponte passam carros e turistas
Iguais a todos que há no mundo inteiro,
Mas, embora mais caras, a ponte não tem vistas
Como as dos peitoris do cacilheiro.

Leva namorados, marujos,
Soldados e trabalhadores,
E parte dum cais
Que cheira a jornais,
Morangos e flores.
Regressa contente,
Levou muita gente
E nunca se cansa.
Parece um barquinho
Lançado no Tejo
Por uma criança.

Num carreirinho aberto pela espuma,
Lá vai o cacilheiro, Tejo à solta,
E as ruas de Lisboa, sem ter pressa nenhuma,
Tiraram um bilhete de ida e volta.

Alfama, Madragoa, Bairro Alto,
Tu cá-tu lá num barco de brincar.
Metade de Lisboa à espera do asfalto,
E já meia saudade a navegar.

Leva namorados, marujos,
Soldados e trabalhadores,
E parte dum cais
Que cheira a jornais,
Morangos e flores.
Regressa contente,
Levou muita gente
E nunca se cansa.
Parece um barquinho
Lançado no Tejo
Por uma criança.

Se um dia o cacilheiro for embora,
Fica mais triste o coração da água,
E o povo de Lisboa dirá, como quem chora,
Pouco Tejo, pouco Tejo e muita mágoa.

Deixo-vos, ainda, um video sobre os Cacilheiros "ilustrado" pelo canto de Carlos do Carmo (não, não é o poema acima, para minha tristeza, mas é um outro igualmente belo: Canoas do Tejo). Ora vejam e escutem:


sexta-feira, 22 de junho de 2007

Fotos de Portugal


O fim-de-semana está aí. Para alguns as férias estão a bater à porta. Por isso, julguei oportuno deixar-vos aqui o link para um site que tem imensas fotografias (e alguma informação histórico-geográfica) de Portugal, organizadas por distritos. Até Almada está lá, com imagens magníficas...

O link é

Vejam os álbuns e escolham o vosso destino. Eu, embora não seja de férias, parto para a Nazaré na próxima 5.ª feira e no sábado que vem vou para Vila Real (de Trás-os-Montes), de onde só regresso na 3.ª feira seguinte...

São estas viagens que, apesar de cansativas fisicamente, me dão um grande alívio à alma. E é através das paisagens e das gentes de outros pontos do país que recupero as forças para enfrentar o dia-a-dia cá por estas bandas, que só o olhar repousado sobre o Tejo (minha musa inspiradora) consegue aliviar.

Bom fim-de-semana. Descansem e sejam felizes.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Promover a cidadania?



Já aqui levantei o problema da ocupação do espaço público por alguns comerciantes locais que além de fazerem dos passeios uma extensão da montra das suas lojas ocupam, abusivamente, vários lugares de estacionamento reservados a residentes, perante a passividade da Junta de Freguesia e o olhar conivente da ECALMA.

Na última reunião da Assembleia de Freguesia (AF)
questionei o executivo sobre a fiscalização destas situações. Como resposta obtive que o regulamento municipal só se aplica à restauração (por causa das esplanadas), ou seja, a Junta, por delegação de competências da Câmara, só emite licença e cobra a respectiva taxa no caso das esplanadas dos cafés e restaurantes, ficando de fora o dito "comércio de frescos".
(1)(2)
(3)(4)

Todavia, não é isso que o Regulamento Municipal de Ocupação do Espaço Público afirma, conforme facilmente se deduz pelo teor dos artigos 25.º, 43.º e seguintes (documentos 1 a 3). Aliás, a falta de licença obriga mesmo à remoção imediata do objecto da ocupação e implica uma punição contra-ordenacional cujas coimas variam, consoante a gravidade, entre 250 e 2.500 euros. E, a juntar a estas infracções temos, ainda, as previstas no artigo 43.º do Regulamento Geral do Estacionamento (documento 4).

Pergunto:
Afinal para que servem os regulamentos municipais se depois não são para cumprir?
Que legitimidade moral tem a autarquia para cobrar a uns aquilo que perdoa a outros?
O que se esconde por detrás desta inércia da administração pública?


(5)(6)

É assim que se promove a cidadania em Almada? (documento 5) É assim que se cumpre aquela que a CMA considerou "uma das mais importantes atribuições dos municípios" por ser através dela que se "constrói a imagem do espaço público, cuja utilização deve ser pautada por critérios estéticos, de qualidade urbana, de funcionalidade, de segurança e higiene"? (documento 6)

E não me tentem convencer que este comportamento escuso e permissivo das entidades responsáveis é consequência da tolerância da administração autárquica face à crise que o comércio tradicional atravessa.

Pactuar com o desrespeito pelas posturas municipais não pode nunca ser um comportamento aceitável, muito menos da parte das entidades a quem compete a sua fiscalização.

E se os comerciantes querem ser apoiados (como eu considero que devem ser - aliás, eu sou uma acérrima defensora do comércio tradicional, de proximidade, humanizado e que satisfaz, também, importantes objectivos sociais, mas considero que direitos sem deveres são o rosto do oportunismo) devem ser os primeiros a exigir rigor: começando por serem eles a cumprir e exigindo que o poder local, de forma clara e transparente, defina regras de excepção que permitam ultrapassar os obstáculos do presente com segurança e não se fique por actos de pura discricionariedade casuística indefinida, porque esse é o caminho certo para que se instale o vírus do clientelismo.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

MST e gestão da mudança



(cliquem nas fotos para aumentar o tamanho)
Todas estas imagens foram captadas ontem num passeio a pé da Praça S. João Baptista até Cacilhas.

Com as obras do MST, o principal eixo viário de Almada está transformado num estaleiro. Apesar de terem garantido (autarquia e concessionária), quer aos residentes quer aos comerciantes (que enfrentam uma das piores crises do sector), que o avanço do projecto no interior da cidade seria por fases/troços delimitados pelas rotundas existentes (ou seja, primeiro a Av.ª 25 de Abril, depois a Afonso Henriques e a seguir a D. Nuno Álvares Pereira) o certo é que, embora não tenha começado tudo em simultâneo, é verdade, não foi respeitada esta informação/promessa e a confusão está instalada no coração urbano de Almada.

Não sou contra o MST como alguns podem julgar. Considero-o um meio de transporte bem mais confortável e amigo do ambiente do que os autocarros e gostaria de ter uma cidade menos poluída, com espaços para os peões passearem à vontade. E tenho consciência de que qualquer mudança deste nível implica custos (não só económicos) mas, também, arrasta incómodos físicos. Há que ser compreensivo e perceber que, findas as obras, existem condições para uma real e significativa melhoria da qualidade de vida da população. É preciso perceber que as vantagens a obter valem os sacrifícios do presente, etc. e tal... Mas para que tal fosse encarado como uma certeza tinha sido necessário prevenir uma série de situações que não foram devidamente acauteladas, ou foram-no de forma deficiente, como o caso dos estacionamentos ou os reflexos no comécio local.

Por isso a contestação cresce, sobretudo junto daqueles que se sentem mais atingidos e prejudicados (moradores e comerciantes das ruas afectadas), não querendo com isso significar que estejam contra o MST. Estão sim, revoltados com a maneira como todo o processo tem vindo a ser conduzido e, em particular, com a desinformação constante e a inexistência de alternativas que minorem os efeitos colaterais.

Como sabemos, alterar hábitos e mudar mentalidades é um desafio difícil de concretizar e precisa de muita diplomacia, além de uma gestão autárquica transparente e que não use a demagogia e a mentira como instrumento de poder, para que os cidadãos arrisquem confiar num futuro que não se conhece e acreditem que não são as amarras do passado que lhe trazem segurança mas sim a capacidade de ousar ir em frente.

terça-feira, 19 de junho de 2007

À descoberta das nossas raízes

Parece uma coisa sem importância, mas apenas na aparência o é. Podia até ser o ponto de partida (talvez o meio do caminho, quem sabe se o seu ponto final) para um roteiro iconográfico que permitisse descobrir o património cacilhense, com breves notas biográficas dos seus autores, apresentação de histórias do quotidiano das gentes da terra, memórias do passado que nos ensinassem a compreender o presente e a dar valor à nossa cultura...
E já que falei de turismo no artigo anterior, aqui fica a sugestão: porque não organizar passeios pedestes pelos pontos de interesse da freguesia (apesar de sabermos que a degradação é muita e o lixo demais), com passagem obrigatória pelos miradouros sobre o Tejo e Lisboa (como o da Quinta da Alegria, da Rua Trindade Coelho e do Alto do Morro), com pragem obrigatória nos locais onde os vestígios fossem suficientes para desenrolar o fio da meada da história deste local... fosse a casa onde viveu o grande escritor Romeu Correia ou este simples painel de azulejos do conceituado artista Carlos Canhão (na Rua Comandante António Feio).

Ideias há muitas, simples até de concretizar, com investimento financeiro quase nulo... mas que necessitam de muito empenho e, sobretudo, uma imensa dose de imaginação, que parece ser o que falta a estes políticos que têm o poder na mãos mas preferem mantê-las fechadas com medo de perder influências. (uns tristes, afinal, se pensam que assim, serão eternos!)
E depois do passeio, que tal um almoço (ou jantar) num dos muitos restaurantes da zona? Há para todas as bolsas e com ementas variadas o suficiente para satisfazer o paladar até dos mais exigentes.
E desenganem-se os que pensam que isto era, apenas, para turista ver... não, dos alunos das escolas dos vários níveis de ensino (do pré-primário ao secundário), às associações culturais, desportivas, cívicas e de reformados, todos podem e devem participar... passeios de convívio e aprendizagem, porque não?
Descobrir Cacilhas pode ser um desafio interessante. Saibam os responsáveis assegurar as condições para o efeito (da progamação à divulgação). Cacilhas é uma terra de uma riqueza etnográfica, geográfica e histórica incrível... pena estar tão escondida. Porquê?

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Almada TURISMO



"... mar e muito mais", é o slogan que a Câmara Municipal utiliza para promover o concelho. Até aí nada a comentar, pese embora o facto de considerar um pouco redutora aquela afirmação, na medida em que centraliza a essência da afirmação turística do município na orla litoral (praias da Costa da Caparica e da Fonte da Telha).

Mas, apesar da nossa costa atlântica ser lindíssima, é um facto, a frente ribeirinha não se lhe fica atrás, muito pelo contrário… temos o privilégio, neste que é considerado um dos mais belos estuários da Europa e do mundo, de acompanhar o rio Tejo até ao seu encontro com o mar, olhando esta bela paisagem do alto de arribas sobranceiras ao horizonte onde a vista alcança da Lisboa das sete colinas até os concelhos limítrofes, a montante ou jusante, numa envolvência que tem o céu como limite.

Lamentavelmente, dois fantásticos miradouros naturais deste concelho, Cacilhas e Trafaria, são precisamente as freguesias mais degradadas de Almada. Uma situação deplorável que começa na decadência do edificado e termina na falta de civismo de alguns residentes, como se vivêssemos uma depressão colectiva que impede as pessoas de cuidarem da aparência das suas casas e das ruas onde habitam, tudo sob o olhar conivente do poder local (Câmara Municipal e Juntas de Freguesia) a que se junta a inércia da administração central (Administração do Porto de Lisboa, entre outras entidades com jurisdição nesta área).

Parece que Almada está a preparar o seu "Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo" que, entre outros objectivos, pretende definir "um programa global de investimentos, com a discriminação orçamental, as fontes possíveis de financiamento e as entidades responsáveis pela execução das várias acções" para que seja possível implementar as "medidas e as acções propostas, com a sistematização adequada ao nível das grandes áreas de intervenção – valorização dos recursos turísticos, desenvolvimento e organização da oferta, serviços e equipamentos de apoio, papel da animação turística, promoção turística, investimento, recursos humanos e profissionalismo".

Temo estes estudos muito elaborados, preparados no gabinete, que custam milhões… são tão perfeitos e/ou idealistas que, depois, raramente se conseguem concretizar ou, então, levam décadas a atingir os objectivos propostos. No entretanto, nada se faz porque se está sempre à espera das soluções miraculosas e os responsáveis consideram que não vale a pena investir no intervalo. É disso exemplo o que se passa com os projectos de Almada Nascente e Almaraz/ Ginjal…

Por outro lado, na ânsia de apresentar resultados, esquecem-se de integrar variáveis etno-sociais, descuram aspectos de psico-economia e dispensam a concertação política/cívica… depois, culpam a imprevisibilidade dos factores pelos atrasos na consecução das acções, pelo fracasso da previsão inicial, pela derrapagem económica do projecto, etc. etc. etc.

Mas, vem isto tudo a propósito do passeio que ontem fiz de Cacilhas a Belém e vice-versa. Na volta da visita ao Museu dos Coches, vinha connosco no barco um grupo de turistas italianos. À vista do Ginjal as objectivas dispararam inúmeras vezes, fazendo-os esquecer tudo o resto. Porque seria? E ao chegar a Cacilhas foram recebidos com um "cartão perfumado". Pergunto: é assim que queremos receber os turistas na nossa terra? Tive tanta vergonha, podem crer.

Deixo-vos, também, dois pequenos filmes: o primeiro sobre a travessia do rio (peço desculpa pelo som mas é o barulho dos motores do ferry à mistura com as conversas do grupo de italianos - quem souber a língua seria interessante tentar perceber o que estão a comentar conforme vão observando a degradação do cais do Ginjal) e o segundo sobre a recepção ao chegar a Cacilhas.




É assim que se promove o turismo em Almada...

Espero que, finalmente, se comece a fazer algo por esta terra ao nível do turismo. As potencialidades são imensas, não só em termos paisagísticos mas também culturais… dói-me só de pensar que tendo nós em Cacilhas uma importante estação arqueológica do tempo dos fenícios (na Quinta do Almaraz - que fica mesmo ali no alto da arriba por cima do cais do Ginjal e que se pode observar no primeiro vídeo), única na península ibérica segundo consta, ela esteja inacessível aos turistas (havendo tantos achados já descobertos pergunto-me porque não são divulgados?), ainda mais estando ela alcandorada num óptimo sítio para observar toda a beleza de Lisboa e do Tejo.

domingo, 17 de junho de 2007

Museu Nacional dos Coches

Tal como ontem vos disse, hoje fomos até ao museu... depois do almoço (uma "massinha de peixe" que estava uma delícia - ou não tivesse sido eu a cozinhá-la, pois claro!) descemos a Rua Carvalho Freirinha em direcção ao Cais de Cacilhas e atravessámos o Tejo num velhinho ferry até Belém, um trajecto que, confesso, me deixa sempre fascinada, apesar da dor que é observar a degradação do Ginjal.

Mas, adiante... hoje foi o dia do Museu Nacional dos Coches, sobre o qual vos deixo um pequeno álbum fotográfico que espero gostem.

No final, onde é que acabámos a lanchar? Adivinham? Não, não foi nos Pastéis de Belém... desta vez enganei-vos. Foi numa esplanada ali perto, bebendo um sumo de fruta e apreciando a paisagem...

Um bom início de semana.

sábado, 16 de junho de 2007

Assembleia de Freguesia de Cacilhas




Lá diz o povo, e com sabedoria, que “há males que vêm por bem”. E assim aconteceu mais uma vez.

O episódio que hoje aqui vos quero contar aconteceu na passada quinta-feira, dia 14 do corrente mês, dia em que estava marcada uma reunião com os representantes dos quatro partidos políticos com assento na Assembleia de Freguesia de Cacilhas, para tratar das questões relativas à organização de um debate público, conforme proposta aprovada no plenário de 23/04/2007.

À hora marcada, 21h15m, lá estavam à porta da Junta de Freguesia os autarcas convocados: Amílcar Almeida (CDU), Ermelinda Toscano (BE), Manuel Batista (PS) e Miguel Salvado (PSD). Contudo, ninguém tinha a chave das instalações e o funcionário encarregue de vir prestar esse serviço, passados mais 15m, continuava sem aparecer... Entretanto começou a chover.

Que fazer então? Por sugestão do Presidente da AF (Miguel Salvado), aceite por todos, decidimos ir para uma pastelaria ali perto e discutir os assuntos em agenda, a fim de não perder a oportunidade já que estávamos todos presentes. Assim se fez...

Foi muito interessante, e produtiva, diga-se de passagem, esta “quase tertúlia de café”, informal quanto baste mas onde todos conseguimos chegar a consenso no que respeita ao tema (assunto que poderia ser o mais controverso mas cuja escolha foi unânime) e à data, local, programa, oradores e forma de divulgação da sessão pública que se pretende organizar.

Tudo à mesa do café, discutido e decidido assim publicamente, de forma transparente, sem receio de mostrar divergências, com respeito pelas ideias uns dos outros... entre a anotação de uma deliberação e o sorriso de uma ironia, lá se foi resolvendo o que havia para decidir e explicando o que era necessário esclarecer acabando todos por se despedir satisfeitos com o resultado do encontro.

Por isso comecei por dizer que, de facto, “há males que vêm por bem”. E esta será, digo eu, uma experiência a repetir. Até porque tem uma outra vantagem que eu considero bastante importante: a de contribuir para que as pessoas vejam como é o relacionamento entre os autarcas, como discutem entre si os vários assuntos... talvez até possa contribuir para aproximar os cidadãos do órgão deliberativo autárquico que mais perto está da comunidade e os leve, também, a participar.

Aliás, convém dizer, é esse mesmo o objectivo do debate que pretendemos levar a cabo e cujo tema central será a situação do Comércio Local, presente e futuro, porque este é um assunto que todos considerámos muito importante e que permite integrar todos aqueles outros que, enquanto residentes, nos preocupam, nomeadamente: do turismo e requalificação urbana (grandes projectos com incidência na freguesia como o “Almada Nascente” e o “Quinta do Almaraz/Ginjal”, por exemplo) às obras do MST e ao estacionamento, até às festas da freguesia e ao papel das associações na dinamização sócio-económica e cultural da freguesia de Cacilhas.

Enfim... aqui fica, pois, uma imagem muito diferente daquela que resultará após a leitura do comentário injurioso e caluniador, à mistura com uma tentativa de ameaça, que um suposto meu colega na Assembleia de Freguesia postou no blog EmAlmada no dia 4 de Maio do corrente ano e que me levou a apresentar uma declaração pública e uma queixa ao Ministério Público para que seja instaurado o adequado processo criminal.

Lamento, sinceramente, que as minhas opiniões andem assim a incomodar tanta gente, mas (tal como disse no post anterior) se julgam que é com atitudes sem nível como aquela que me fazem desistir de continuar a defender, publicamente, o que penso ser justo... estão, de facto, muito enganados.

Apesar da chuva, desejo a todos a continuação de um bom fim-de-semana... mesmo sem sol há muitas coisas que podemos fazer, nomeadamente visitar museus. Eu assim vou fazer.

Um abraço a todos e até à próxima.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Lixo e injúrias... assim vai a nossa democracia



Já aqui falei e ilustrei, por diversas vezes, a situação da limpeza urbana na freguesia de Cacilhas. Uma situação vergonhosa, que se arrasta há imenso tempo.

Este é um tema bastante quente (além de, obviamente, sujo, mal cheiroso, anti higiénico e um perigo para a saúde pública, etc., etc.) que mostra bem a falta de civismo de alguns residentes mas, também, a incapacidade da administração local para o resolver.

E, para minha grande surpresa, tem servido, igualmente, para justificar ataques pessoais…

Enquanto uns tapam o nariz, fecham os olhos ou viram a cara para o lado e seguem em frente, ficando-se pelas críticas veladas entre amigos e preferindo cruzar os braços para não ter chatices, outros há que arriscam denunciar, publicamente, a situação e exigir a sua resolução junto das entidades responsáveis (AMARSUL, Câmara Municipal de Almada e a Junta de Freguesia de Cacilhas).

Resultado: aqueles que não se ralam, os indiferentes e os que reclamam, reclamam e tornam a reclamar mas não agem (limitando-se a tecer longas e fastidiosas "conversas fiadas" desprovidas de consequências) são olhados como defensores dos interesses da população, os outros, os que têm a coragem, de facto, de enfrentar o sistema e tentar alterar a situação, são considerados gente incómoda que convém calar.

E surgem, então, os ataques pessoais venham eles de anónimos como um tal ATUM que resolveu dirigir-se-me nestes termos: «QUEIXAS-TE DO LIXO?? VAI TU LIMPAR Ó PORCA!!! BETINHA DO CARALHO...», bem demonstrativo do seu nível cultural.

E que, depois de eu ter banido o respectivo IP, porque não aceito que falem assim, comigo ou com quem me visita naquele que é o "meu" diário on-line (o "meu" notem bem, e não de outra pessoa), conforme fiz questão de o avisar que faria (julgo que estou no meu direito de assim agir, ou não? A liberdade de expressão é isto? E a minha dignidade onde fica? A que propósito tenho de aceitar, pacificamente, ser injuriada?) andou a lançar uma campanha por vários blogs almadenses (entre os quais o Casario do Ginjal, o Lado Certo, o Almada em Luto e o Em Almada) postando o seguinte comentário, a despropósito do assunto abordado nos artigos em causa: «O BLOG INFINITOS FAZ CENSURA, SÓ RECEBE COMENTÁRIOS DE QUEM LHE APETECE, É TIPO LÁPIZ AZUL, SÓ ACEITA O QUE LHE CONVÉM. E DIZ-SE AQUELA VACA UMA LIBERAL E DE ESQUERDA!!!».

Mas, adiante… que as coisas estão a ser tratadas por quem de direito e no local certo. Julgavam que eu iria cruzar os braços? Que desistia? Ou que desatava a disparar invectivas semelhantes? Não! Quem assim possa ter pensado não me conhece de facto.

Todavia, esta não foi a única reacção, digamos "menos elegante", que os meus textos e principalmente as minhas fotografias provocaram, como já aqui vos dei notícia. Recordando (que vale a pena)…

Depois de eu ter levantado o problema na reunião da Assembleia de Freguesia realizada no dia 23/04/2007, e de a AMARSUL me ter respondido que «as situações retratadas são da responsabilidade camarária», contactei o vereador do pelouro respectivo que acabou por não ter pejo em considerar que a minha atitude (de enviar as imagens que se podem ver no álbum acima à CMA e exigir que a autarquia assumisse uma posição urgente), apesar de a classificar como sendo de uma cidadã empenhada, era apenas uma acusação "aviltante" à falta de profissionalismo dos trabalhadores. Francamente…


(clique na imagem para ler o seu conteúdo)


E termina com uma grave insinuação: a de que eu talvez preferisse o "estado policial" do tempo da outra senhora só porque exigia que a CMA cumprisse com aquela que é, indiscutivelmente (sem margem para qualquer dúvida) uma sua atribuição: a recolha dos resíduos sólidos urbanos e a limpeza do espaço público.

Tudo porque a clara falta de civismo que leva às situações aqui apresentadas só seria ultrapassada (no entender do vereador Rui Martins) com o recurso a um fiscal ou polícia ao lado de cada contentor para verificar a sua correcta utilização. Enfim…

Como o texto já vai longo, pergunto apenas: mas ter um agente da ECALMA quase ao lado de cada carro que passa por Cacilhas (embora às vezes ande de olhos fechados, é bem verdade, e advirta ou multe quem não deve e "perdoe" muitas infracções declaradas e por demais evidentes) já é um acto de sã democracia?

E, já agora, aproveito para deixar um BOM FIM-DE-SEMANA a quem por aqui passar.

quinta-feira, 14 de junho de 2007

O Paul do Chá

Descobri esta pastelaria por mero acaso. Fui lá um dia destes quando tive que ir a um cartório notarial que fica ali perto.

Apeteceu-me beber um café com leite. Como estava com fome resolvi, também, comer qualquer coisa. Entrei...

Gostei, sobretudo, do ambiente acolhedor. Da serenidade que ali se respira. Da simpatia do pessoal e, claro, evidentemente, da "montra"... ou seja, dos doces e salgados, sobretudo dos crepes.

E, como adoro chá, fiquei surpreendida com a oferta disponível... prometi a mim mesma lá voltar. Talvez para o "chá das cinco" com a minha amiga Cândida, para "dois dedos de conversa".

Não sei o nome da rua, mas o "Paul do Chá" é fácil de encontrar: fica na Rotunda do Centro Sul, por debaixo das arcadas, em frente à fonte, nos prédios à direita de quem desce a Av.ª Bento Gonçalves a caminho da Ponte 25 de Abril, de frente para o Parque da Paz.



quarta-feira, 13 de junho de 2007

A ditadura da beleza

«Neste país dos figurinos, das passarelas, dos cliques dos fotógrafos, das páginas de jornais e revistas, no entanto, também se morre. Morre-se de fraqueza, de vazio interno e externo, de diafanidade artificial e produzida pela ausência do sustento da vida: comida, bebida, saúde e vitalidade. Morre-se da tortura do ideal inalcançável da esquálida magreza, filha da cobrança implacável do mercado, que decreta que o padrão de beleza é ser magra. Morre-se torturado nos porões da mais implacável das ditaduras: a da beleza fabricada às custas da saúde da humanidade. (...)

Ana Carolina manteve seu peso abaixo do necessário. E de quebra levou osteoporose, infecção urinária e falência renal. E a despedida prematura da vida que por ela esperava de braços abertos. Atrás de si, as lágrimas inconsoláveis da mãe que a amava, do namorado, da família e amigos. Morreu vítima da crueldade de uma sociedade que vive de criar paradigmas e ícones anti-humanos. Uma sociedade que incita as mulheres a negarem sua natureza e sua corporeidade curvilínea, feita para gestar, nutrir e alimentar. Uma sociedade que transforma belas e jovens mulheres em meros objectos de consumo a serem triturados pelos dentes vorazes da mídia e do mercado».

Estas palavras são da autoria de Maria Clara Lucchetti Bingemer (teóloga, professora e decana do Centro de Teologia e Ciências Humanas da PUC-Rio), a propósito da morte de uma modelo brasileira falecida há uns meses atrás com anorexia, e servem para ilustrar o tema de hoje: uma das mais terrivéis ditaduras dos dias de hoje, que viola direitos democraticamente conquistados, que oprime e destrói a auto-estima de milhões de seres humanos, lhes retira o prazer de viver e as impede de serem felizes.

terça-feira, 12 de junho de 2007

Porto sentido

Como o prometido é devido, aqui está o álbum de fotografias da minha última passagem pelo Porto. Apenas uma parte delas... mas as suficientes para que sintam a magia desta cidade que nem a degradação do património urbano, sobretudo na zona da Ribeira e da Sé, consegue destruir... talvez seja da proximidade do rio Douro... ai o rio Douro... que saudades!

segunda-feira, 11 de junho de 2007

A invicta cidade

Regressada que estou da minha viagem ao Porto (onde estive quatro dias) e com o começo de uma semana de trabalho bastante confusa, reuniões e mais reuniões, relatórios e mais relatórios (ainda hoje é segunda-feira e já estou cansada) não consegui ter inspiração para escrever.
Por isso, resolvi deixar-vos aqui uma imagem da Av.ª dos Aliados à noite (vista da varanda do quarto da residencial onde fiquei) e um poema do meu amigo Fernando Morais, que vive em Vila Nova de Gaia. Espero que gostem.
E, em breve, vos apresentarei um álbum de fotografias sobre a invicta cidade do Porto.
Desde o xisto que te digo
que o cristo era mendigo
da nossa alma danada

Desde o calcário que trago
a falta do teu afago
quando vamos de mão dada

desde o sono que te vejo
poder acordar-te um beijo
na tua boca ensonada

desde o granito que grito
por mais azul que ele seja
a tua cor de alabastro

Desde o mármore que faço
Do teu retrato um pedaço
Da alma que em ti mora

Porque és linda como a aurora
e nunca estarás ausente
desde amor omnipresente.

Fernando Morais, Um Pedacinho de Amor (da Papiro Editora).

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Torres Novas




Ontem fui trabalhar para Santarém. E, ainda na parte da manhã, tive de me deslocar a Torres Novas para uma reunião com o respectivo Presidente da Câmara Municipal.

Gosto muito desta cidade, designada como "a capital dos frutos secos". Aprecio, sobretudo, a pacatez das suas ruas, no núcleo histórico, e o jardim público à beira do rio Almonda, que não tive oportunidade de visitar desta vez. O museu municipal, o castelo da vila, ou as ruínas romanas nos arredores são outros dos pontos de interesse, para lá da bela paisagem natural enquadrada pelas Serras D'Aires e Candeeiros.

Torres Novas é, pois, um sítio óptimo para vir passar um fim-de-semana, ou umas mini-férias. Para descansar e passear. E fiquei deveras surpreendida com a quantidade e qualidade do alojamento turístico existente no centro da vila e, sobretudo, com os preços praticados. Também de referir a simpatia do pessoal, assim como o seu profisisonalismo.

Dou-vos apenas um exemplo: o Hotel dos Cavaleiros, que tem um excelente restaurante onde almoçámos. Mais uma vez fiquei sinceramente surpreendida com a qualidade da comida e, em particular, com os preços - três pessoas, incluindo entradas, refeição, bebidas, sobremesas e cafés, por apenas 26 €.

E a terminar deixo-vos uma fatia da deliciosa tarte de maçã com canela, confeccionada pela Anne (a esposa do gerente, inglesa, que tem umas mãos de ouro para a culinária)... é servida quente, com as natas líquidas frias por cima. É uma maravilha.

Podem comer à vontade: o doce é o da fruta e as natas são light.

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