sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Já imaginou o que é...
Pagar para ir trabalhar todos os dias
(nomeadamente despesas com transportes e alimentação), apesar de saber que cada
mês é mais um em que, provavelmente, não vai receber salário?
Trabalhar mas estar sem receber
ordenado há vários meses consecutivos e como não está tecnicamente
desempregado(a) não ter direito a qualquer subsídio?
Estar privado(a) da sua retribuição mensal meses
e meses consecutivos, apesar de não ter sido condenado(a) em processo
disciplinar nem judicial?
Ter um contrato de trabalho há
quase trinta anos e, todavia, estar a ser tratado(a) como se não tivesse
quaisquer direitos, nomeadamente o de receber a retribuição no final do mês?
Precisar de assistência médica e ela poder
ser-lhe negada a qualquer momento porque a entidade patronal que não lhe paga
os salários há meses consecutivos também não entregou ao Estado as
contribuições para o sistema de segurança social?
Ver-se obrigado(a) a andar meses
consecutivos (e sem saber quando a situação termina) a pedir a familiares e
amigos que o ajudem financeiramente a suportar as despesas mensais fixas com
habitação, alimentação e saúde?
Não receber salários há meses consecutivos e,
mesmo assim, ter de trabalhar todos os dias, por vezes até dez horas ou mais,
num gabinete com temperaturas que no inverno chegam a atingir os 12.ºC e no
verão 30.ºC, para cumprir todas as tarefas e responsabilidades profissionais
que lhe cabem?
Ter salários em atraso há meses consecutivos
e ser obrigada a trabalhar diariamente numas instalações que podem colocar em
perigo a sua saúde e segurança por não respeitarem as normas legais sobre essa
matéria: sem planta de emergência nem sistema contra incêndios, onde há
condutas de ar condicionado obsoletas e nas quais ainda circula um gaz tóxico,
onde quase nunca há luz nas escadas e os elevadores estão permanentemente
avariados (sendo que os serviços são no 3.º andar e o arquivo na cave 3)?
Cumprir com zelo e dedicação as suas funções em
termos profissionais, como inúmeras provas documentais e várias testemunhas o
podem confirmar, sem margem para quaisquer dúvidas, e, em contrapartida, ser humilhado(a)
publicamente como se fosse um(a) incompetente, um(a) inútil que nada faz?
E não, não se trata de uma
ocorrência vivida no tempo da ditadura! E também se engana se pensa que este é
um caso típico de algum empresário prepotente. Por mais inacreditável que seja esta
situação, ela ocorre nos dias de hoje, no ano em que se comemora o 40.º
aniversário do 25 de Abril, e acontece numa entidade da Administração Pública
Local, constitucionalmente consagrada: a Assembleia Distrital de Lisboa.
E PORQUÊ?
Porque o presidente da
Câmara Municipal de Lisboa é de opinião que a Assembleia Distrital de Lisboa
deve ser extinta e considera que a forma para atingir esse objetivo é provocar
a falência da entidade e, por isso, tem vindo a impedir, desde janeiro de 2012,
que a autarquia pague a contribuição a que está obrigada (nos termos do artigo
14.º do Decreto-Lei n.º 5/91, de 8 de janeiro), independentemente das
consequências que essa atitude provoque.
E apesar da evidente INJUSTIÇA e
dos GRAVES PREJUÍZOS que estão a causar aos trabalhadores, havendo já quem não
receba vencimento há sete meses consecutivos, os órgãos autárquicos do
município de Lisboa (executivo e deliberativo) têm vindo, por inércia, a dar
cobertura a esta atitude ilegal, impensável num Estado de Direito Democrático,
sendo cúmplices dos crimes atrás denunciados.
SE FOSSE CONSIGO? COMO SE SENTIRIA?
MANTER-SE-IA EM SILÊNCIO?
terça-feira, 18 de fevereiro de 2014
CONTRA A PRAXE, NÃO FICAREMOS EM SILÊNCIO!
«Somos estudantes e não ficaremos em silêncio. Há muitos
colegas que pensam como nós: a Universidade seria melhor sem praxe. Há muitas
formas de integração. Gostamos de ser estudantes, dos espaços de convívio, da
aprendizagem coletiva. Gostamos de festas. Nada disso é a praxe. A Universidade
que queremos não se rege pela hierarquia cega, pela constante humilhação, pelas
práticas e os cânticos machistas, racistas, xenófobos ou homofóbicos como é tão
recorrente na maioria das praxes. A tradição académica que reivindicamos é a da
liberdade, a do pensamento crítico, a dos movimentos de estudantes que, noutras
épocas, substituíram a praxe por coisas mais úteis e muito mais interessantes.
Nos últimos dias, a opinião pública tem-se debruçado sobre
os acontecimentos do Meco, sobre os seis jovens que morreram enquanto estavam
num fim-de-semana de praxe. A praxe tem sido amplamente debatida na comunicação
social. Mas não é a primeira vez que acontecem tragédias no âmbito de
actividades praxistas.
Nada disto é novo para qualquer estudante universitário.
Mesmo quem se recusa a pactuar com estas práticas, é obrigado a assistir a elas
diariamente, especialmente em Setembro, sem ter para si qualquer outra
alternativa de integração. Os estudantes de primeiro ano, com placas no pescoço
que os intitula de “bestas”, mascarados como os praxistas desejam e a fazer o
que os praxistas desejam, percorrem as universidades, percorrem as salas de
aula, percorrem o espaço comum.
A praxe não é integração, mesmo que nela haja atividades que
integrem A praxe é um conjunto de princípios que estão plasmados nos seus
códigos: a obediência cega, sem questionar, a humilhação, a falta de
humanidade, o conformismo. Esta tragédia foi a “gota de água”. Percebemos que é
preciso combater estas práticas, quando há tantas formas de integração que não
passam por praxe. Somos um conjunto de estudantes universitários. Falamos por
nós, mas sabemos que muitos colegas se remetem ao silêncio por medo, por serem
coagidos ou por falta de informação. É também para quebrar esse silêncio que
aqui estamos. E para apoiar todos os nossos colegas que queiram denunciar
práticas de abuso. Iremos até às últimas consequências.»
MANIFESTO ANTI-PRAXE (2003) Contra o cinzentismo da praxe
«Porque vemos na praxe uma prática que atenta contra os mais
elementares direitos humanos, nomeadamente a liberdade, a igualdade, a
integridade física e psicológica e a livre expressão da individualidade, ao
mesmo tempo que exalta os valores mais reaccionários da nossa sociedade.
Porque não vemos qualquer motivo para a existência de
hierarquias entre estudantes, tendo em conta que todos/as devem ser tratados/as
por igual nas relações interpessoais.
Porque acreditamos que a tradição nunca poderá ser um
entrave à mudança e, muito menos, poderá alguma vez legitimar um comportamento
inaceitável em qualquer sociedade.
Porque não aceitamos o poder auto-instituído e nada
democrático dos organismos da praxe, que se constituem em estruturas paralelas
com regras próprias.
Defendemos que a recepção aos/às novos alunos/as, sempre que
se justifique a sua existência, se deve basear em relações de igualdade. Nesta
iniciativa, os/as estudantes olhar-se-ão nos olhos e tratar-se-ão por
"tu", construindo um conjunto de redes de solidariedade e de
camaradagem não exclusivas. Todos/as se divertirão por igual, deixando a
diversão de uns de ser a humilhação de outros/as. Desta forma, incentivar-se-á
o verdadeiro altruísmo que consiste em ajudar os/as outros/as sem exigir
qualquer contrapartida.
Defendemos igualmente que a faculdade deve ser uma
instituição aberta ao mundo que a rodeia, transformando-o e sendo por ele
transformada. Uma instituição que deve proporcionar a livre intervenção e
fomentar a criatividade, não impondo códigos de conduta nem promovendo a
segregação. Mas este ideal nunca será concretizável enquanto o espírito da
praxe reinar na faculdade.
Exigimos ainda que as instituições de Ensino Superior tomem
sobre si a responsabilidade de prestar todas as informações e aconselhamento
necessários aos/às estudantes, quebrando assim com o princípio paternalista do
"apadrinhamento" que compromete e fragiliza a autonomia dos
recém-chegados.
Exercemos desta forma o nosso direito à indignação. Como
parte da sociedade civil pensamos que o que se passa no interior das faculdades
diz respeito a todos/as. Logo, jamais poderemos fechar os olhos à triste
realidade das "tradições académicas". E juntamos a nossa voz à voz de
todos e todas que lutam diariamente contra o cinzentismo da praxe e se batem
por uma faculdade crítica, aberta e democrática!
Subscritores:
Ana Drago, Socióloga
António Reis, Prof. Universitário
Baptista Bastos, Escritor
Carlos Tê, Compositor
Catarina Portas, Jornalista
E. Prado Coelho, Prof. Universitário
Garcia Pereira, Advogado
João Aguardela, Músico (ex-Sitiados)
João Cutileiro, Escultor
João Teixeira Lopes, Sociólogo
José Mário Branco, Músico
José Pedro Gomes, Actor
José Saramago, Escritor
Lídia Franco, Actriz
Manuel Cruz, Músico (ex-Ornatos Violeta)
Manuel Graça Dias, Arquitecto
Maria José Morgado, Magistrada
Mário Mata, Músico
Miguel Guedes, Músico
Pacman, Músico (Da Weasel)
Pedro Abrunhosa, Músico
Raúl Solnado, Actor
Rita Ferro, Escritora
Rosa Mota, ex-Atleta
Rui Júnior, Músico (TocáRufar)
Saldanha Sanches, Prof. Universitário
Sérgio Godinho, Músico
Sobrinho Simões, Prof. Universitário
Vitorino, Músico»
segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014
Os carrascos!
António Cortez, no seu artigo de opinião intitulado
"Praxes do Meco: a educação ou no rumo da estupidez", hoje
(17-02-2014) no Público, a propósito de quem ocupa o lugar de Dux, termina de
forma categórica:
«Sejamos claros: fascistas. Carrascos que, tendo sido
vítimas, descobrem na praxe a vingança perfeita.»
Para refletir.
sábado, 15 de fevereiro de 2014
CM de Lisboa gasta só em ajustes diretos num ano, mais do que a ADL em 23 anos de funcionamento!
E a Câmara Municipal de Lisboa contribuiu com uma fatia de mais de 6,5 milhões de euros em ajustes diretos com pessoas
singulares... ao que tudo indica, muitos deles para o desempenho de funções
subordinadas, o que é contrário à lei, como já aqui noticiámos.
A título de curiosidade:
Este valor (referente a gastos de apenas um ano) é superior
em quase dois milhões de euros àquilo que foram as despesas totais da
Assembleia Distrital de Lisboa nos últimos vinte e três anos, incluindo custos
com pessoal e funcionamento regular dos Serviços de Cultura (Arquivo Distrital,
Biblioteca, Setor Editorial, Núcleo de Investigação e Museu Etnográfico).
O artigo completo a que se refere a imagem desta notícia pode ser lido na página da ATAM.
sábado, 8 de fevereiro de 2014
A "apatia conivente"!
Sou, desde 1987, técnica superior
da Assembleia Distrital de Lisboa e diretora dos seus Serviços de Cultura a
partir de 2004. Tenho vínculo com a Administração Local e o meu contrato de
trabalho é em funções públicas por tempo indeterminado.
Cumpri sempre os meus deveres com
zelo, empenho e dedicação. Por isso, ao longo destes quase vinte e sete anos de
serviço, recebi diversas menções de mérito e vários louvores de reconhecimento
profissional, concedidos pelo órgão deliberativo distrital.
Apesar dos factos atrás citados, fevereiro de 2014 irá ser o sétimo mês consecutivo que estarei sem receber
vencimento, embora essa ocorrência não tenha resultado da aplicação
de nenhuma sanção disciplinar ou do cumprimento de qualquer sentença judicial.
Ou seja, desde agosto de 2013 que estou
privada, sem justa causa, do meu ordenado e, apesar de continuar a
desempenhar as funções que me cabem, perante a ineficácia do sistema judicial,
a indiferença da tutela e a intransigência dos responsáveis políticos, as expetativas
de o vir a recuperar nos tempos mais próximos são nulas. QUE JUSTIÇA É ESTA, AFINAL?
Trata-se, claramente, de uma situação de mobbing institucional, humilhante,
indigna e inadmissível num Estado de Direito Democrático, que acontece
porque a Câmara Municipal de Lisboa (por decisão pessoal do seu presidente, Dr.
António Costa, mas que tem vindo a colher a cumplicidade dos órgãos municipais
por ausência de pronúncia) se recusa a pagar à Assembleia Distrital de Lisboa a
contribuição a que está obrigada, nos termos e para os efeitos do disposto no
artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 5/91, de 8 de janeiro. QUE RAZÕES SE ESCONDEM POR DETRÁS DESTE COMPORTAMENTO ABUSIVO?
Esta atitude ilícita,
inconstitucional e antidemocrática, que a Câmara Municipal de Lisboa insiste em
manter desde janeiro de 2012 (sem fundamentos jurídicos de suporte e
gravíssimas consequências sobre os trabalhadores), levou a Assembleia Distrital
de Lisboa (uma entidade da administração pública local, constitucionalmente
prevista) à falência em 2013, uma ocorrência vergonhosa pela forma intencional
e deliberada como foi provocada mas, sobretudo, um crime de violação de lei que
não tem explicação possível, em particular por ser cometido, à traição, pelos
seus próprios membros. PORQUÊ?
Tal como inexplicável foi a
posição de todos os partidos que integram os órgãos autárquicos do município de
Sintra (executivo e deliberativo), por razões idênticas às atrás apresentadas, ao
aprovarem sem votos contra, uma proposta do Dr. Basílio Horta para que a Câmara
deixasse, também, de pagar a respetiva contribuição para a Assembleia Distrital
a partir de janeiro de 2014, agravando ainda mais a situação financeira desta
entidade e demonstrando uma chocante indiferença perante o drama dos
trabalhadores desta instituição. QUE
PRINCÍPIOS E QUE VALORES ESTÃO AQUI EM CAUSA?
O Secretário de Estado da Administração Local e a Assembleia da
República recusam-se a resolver a questão alegando não poder intervir devido à
autonomia do poder local [veja o resumo da audiências com a 5.ª e a 11.ª Comissões Parlamentares: de "Orçamento, Finanças e Administração Pública" e de "Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local" ]. O Tribunal de Contas considera que este não é um
problema da sua responsabilidade. A Inspeção Geral de Finanças optou por se
colocar à margem até que o Governo legisle sobre a matéria. O Tribunal
Administrativo tem o processo nalguma gaveta a aguardar melhor disponibilidade.
O Presidente da República acha que o assunto não é oportuno. A Provedoria de
Justiça diz estar impedida de se pronunciar. Os sindicatos não são capazes de
assumir uma posição pública de denúncia e solidariedade.
Até quando se vai manter esta “apatia conivente” das entidades
responsáveis?
segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014
Assembleias Distritais no "Portugal em Direto" da Antena 1.
Infelizmente o mês de fevereiro
irá ser o sétimo mês consecutivo com salários em atraso nas AD de Lisboa e de
Vila Real como podemos constatar, nomeadamente, após a entrevista concedida
pelo SEAL ao programa "Portugal em Direto", da Antena Um, em 31-01-2014,
e bem assim como o resultado das audiências com a 11.ª e 5.ª Comissões
Parlamentares, efetuadas em 27-11-2013 e 30-01-2014, respetivamente.
A nossa contestação (da Comissão
de Trabalhadores das Assembleias Distritais) à posição quer do Governo quer da
Assembleia da República encontra-se expressa nas anotações à margem do
documento que contém as declarações do SEAL.
Mais informo de que, nesta data,
os três documentos anexos, acompanhados da mensagem abaixo transcrita, foi
enviada para as seguintes entidades, a quem se solicitava, também, audiência:
Presidente da República, Primeiro Ministro, Secretário de Estado da
Administração Local, Ministro da Tutela, 5.ª e 11.ª Comissões Parlamentares,
Grupos Parlamentares, Provedoria de Justiça, ANMP, ANAFRE, Câmaras dos
distritos de Lisboa e de Vila Real, membros da AD de Lisboa, Vereadores da CM
de Lisboa, Grupos Municipais da AM de Lisboa e SINTAP. Foi também efetuada
participação à IGF e ao Ministério Público (para anexar às denúncias já feitas
em 2013 e 2014).
«Como os documentos em anexo o
comprovam, nem o Governo nem a Assembleia da República, apesar de todos se
dizerem muito preocupados, parecem pretender resolver a situação financeira
gravíssima em que se encontram as Assembleias Distritais de Lisboa e de Vila
Real apesar de estarem em causa direitos fundamentais dos trabalhadores,
constitucionalmente consagrados.
Considerando que, apesar das
diligências efetuadas junto dos membros dos órgão autárquicos (executivo e
deliberativo) dos municípios que se recusam a cumprir as obrigações que, nos
termos da lei, lhes cabem, das várias denúncias dirigidas às entidades da
tutela e/ou judiciais (ao Ministério Público, à Inspeção Geral de Finanças e ao
Tribunal de Contas) e do recurso à Provedoria de Justiça, os resultado têm
sido, até à data, infrutíferos.
Perante o arrastar da situação e,
em particular depois da entrevista concedida pelo SEAL no programa
"Portugal em Direto" da Antena Um, não se perspetivando solução para
a situação insustentável e indigna de um Estado de Direito que, supostamente,
se deveria orgulhar de ir comemorar o 40.º aniversário da implantação da
Democracia mas permite, contudo, que casos vergonhosos desta natureza
aconteçam, vimos, por este meio, mais uma vez, alertar V.ª Ex.ª para a questão
em apreço, que começa a ser dramática para os trabalhadores envolvidos, na
esperança de que possa contribuir para a sua solução.»
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