quinta-feira, 31 de agosto de 2006

A frase

Retirei a frase que se segue do livro «A Riqueza e a Pobreza das Nações», de David Landes, que, confesso, ainda não li (passei-lhe, apenas, uma breve olhadela na diagonal), embora tenha ficado com vontade de me debruçar, seriamente, sobre o seu conteúdo.

Por isso, não vou falar sobre o livro mas transcrever-vos, apenas, uma afirmação do autor que me chamou a atenção por estar inserida no capítulo onde são abordadas as origens do conflito permanente entre os países no médio oriente e onde David Landes procura algumas explicações para certos hábitos culturais, nomeadamente de inferiorização da mulher:

«A violência é a expressão quintessencial testosterónica da dignidade máscula».

Quem estiver interessado pode ler um capítulo do livro AQUI.

E os mais curiosos podem ler a opinião de outros: Camaleão Azul e Avaniel Marinho (aplicação ao caso do Brasil).

Quanto à frase (digam lá que não é digna de destaque?), é para reflectirem sobre o seu significado…

quarta-feira, 30 de agosto de 2006

Estou de volta

Regressei hoje ao trabalho, após umas mini-férias que souberam a muito pouco. Mais do que as belas paisagens algarvias por onde andei a retemperar forças, é o rio Tejo (aqui numa fotografia do nascer do sol captada no Cais de Cacilhas, hoje mesmo), a minha fonte de energia e inspiração…
Tal como disse há uns tempos atrás, não consigo perceber como é possível alguém considerar esta travessia diária um drama… só se for em dias de temporal, de frio, chuva e vento (que são escassos), porque mesmo as densamente assustadoras neblinas de Inverno têm o seu quê de mistério que me fascina.
BOM DIA a todos. E a continuação de uma óptima semana. Por ora, fico-me por estas breves palavras porque o trabalho aperta (basta cinco dias fora e os papéis acumulam-se logo na secretária). Amanhã virão mais notícias.

domingo, 27 de agosto de 2006

Jogo das Etiquetas

Estou de férias, como sabem. Neste momento encontro-me na FNAC do Algarve Shopping (na Guia, concelho de Albufeira).
Acebei de ler os comentários do artigo anterior e fiquei sabendo da "etiqueta" que a VIDA DE VIDRO me colocou.
Embora seja, anturalmente, e por princípio, avessa a etiquetas (até as da roupa costumo cortar na 1.ª oportunidade), achei a ideia engraçada e não resisti a entrar, de imediato, na brincadeira/desafio que esta minha parceira do Fotodicionário (do PALAVRA PUXA PALAVRA) me lançou...
Todavia, estando eu longe de casa, sem possibilidade de navegar on-line livremente, o tempo urge e a viagem tem de ser curta, sobretudo por razões económicas (aqui, cada minuto paga-se a 5 cêntimos).
Como tal, há que mexer os dedos e teclar rapidamente... Mas, antes de continuar, peço desculpa por algum erro e, em particular, pelo carácter telegráfico desta jogada, saída assim num improviso, sem revisão de texto. Acho, contudo, que as respostas são suficientemente claras e objectivas para satisfazer a curiosidade de quem me etiquetou.
Deixo-vos, então, seis dicas sobre a MINDA:
1.ª) SONHO - alimento que me sustenta;
2.ª) LER - o meu vício (de romance a livros técnicos, crónicas e poesia, leio de tudo um pouco, mas adoro policiais e romances contemporâneos com mistérios de investigação histórica) e a minha companhia inseparável;
3.ª) ESCREVER - doença de que padeço (e não me quero curar) e, simultaneamente, o antídoto perfeito que me alivia, num instante, as dores da alma;
4.ª) FOTOGRAFIA E VIAGENS - os meus passatempos preferidos (podem dar uma olhadela no álbum de fotos aqui do lado);
5.ª) MÚSICA - a minha libertação dos sentidos, identificação de emoções, uma das minhas perdições, embora eu seja apenas uma mera ouvinte (e de coisas tão díspares como: fado de Coimbra, jazz instrumental, cantares alentejanos, Jorge Palma, sonoridades étnicas, música árabe, etc., etc.);
6.ª) ACÇÃO CÍVICA - o meu papel enquanto cidadã, nas duas áreas que me fascinam: a política autárquica e o associativismo cultural (mais pormenores no meu outro cantinho FAZER MELHOR POR CACILHAS e no blog dos POETAS ALMADENSES).
Finalmente (e, afinal, até acho que estou a escrever demais), informo que as minhas etiquetas são:
NOSTALGIA - Casario do Ginjal; CORAGEM - Em Directo e a Cores; SENSIBILIDADE - Mulheres de Preto; PARTILHA - Tic-Tac Avariado; CURIOSIDADE - Podiam Ser Mais e POLIVALÊNCIA - A Casa da Sogra.
Espero ter percebido como a coisa (o jogo, bem entendido) funciona e que não seja desclassificada. E, quanto aos etiquetados (pena serem só seis) espero que não se aborreçam comigo. Aceitem participar ou não, das etiquetas já não se livram.
E até ao meu regresso...

quinta-feira, 24 de agosto de 2006

Vou descansar (que bem preciso)

Não quero fazer inveja a ninguém mas, a partir de amanhã e até terça-feira, é assim que vou passar as tardes… de perna esticada na areia da Praia da Senhora da Rocha, concelho de Lagoa, freguesia de Porches (Algarve), a ler um livro (de Jon Fasman, A Biblioteca do Geógrafo) e, de vez em quando, a olhar o mar, sonhando (que seria de mim sem o sonho?), ou a mergulhar nas cálidas águas do oceano (para refrescar as ideias, que estou mesmo a precisar).

São uns diazitos apenas (muito poucos, eu acho) e, infelizmente, os últimos que me restam este ano. Todavia, vou tentar aproveitá-los bem!

Um abraço a todos quantos por cá passem e desculpem lá se, a partir de amanhã, não conseguir responder aos comentários (costumo ir a um posto de Internet mesmo em frente ao mar, em Armação de Pêra, mas a procura é muita e nem sempre consigo vaga para ir blogar. Além disso, ficam caros estes devaneios e há que saber refrear o desejo porque a carteira não anda tão recheada como eu gostaria).

Então até dia 29. Xau! E fiquem bem!

quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Palhaçadas estivais

Parece que hoje também não é o meu dia. Deve ser do cansaço acumulado por não ter tido fim-de-semana (ou, melhor dizendo, de o ter passado a trabalhar como aqui dei notícia). Por isso, estou irritadiça e sem paciência para aturar gente estúpida e ignorante, nomeadamente membros do governo, jornalistas, comentadores políticos e sindicalistas.

Vem isto a propósito do alarido que uns e outros fizeram sobre a questão das horas extraordinárias na administração pública, deixando quem os ouve com uma ideia completamente errada da situação, não contribuindo em nada para esclarecer seja o que for, muito pelo contrário.

Considerar a redução anual de menos 20h de trabalho extraordinário «uma medida estratégica para o desenvolvimento e o crescimento do país» e um grande contributo para a «contenção da despesa pública e racionalização de efectivos de pessoal» é, perfeitamente, uma anedota, assim como acusarem o Governo de, com esta legislação, estar a atacar os trabalhadores, de forma velada, é uma atitude insana.

Senão vejamos: o DL n.º 169/2006, de 17-8, vem impor o limite de 100h extraordinárias por ano a cada funcionário (antes já eram apenas 120h mas até parece que eram 200h ou um número ilimitado), todavia não altera uma vírgula do regime de excepções previsto no diploma que regula o horário de trabalho (DL n.º 259/98, 18-8). Ora, nem é preciso sequer ser um bom entendedor para perceber o que se irá passar daqui em diante… quem conseguia justificar a necessidade de ultrapassar as 120h/ano vai conseguir, “na maior”, mantendo os mesmos argumentos, ultrapassar as 100h/ano. Logo, tudo se manterá na mesma!

Então, pergunto eu: tanta fantochada para quê? Só pode ser para esconder asneiras mais graves que foram/estão a ser cometidas e que ninguém fala delas! Porquê?

Só um exemplo: o DR n.º 6/2006, de 20-6, veio aplicar à administração local o famoso SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração Pública) sobre o qual muito haveria que falar (fica, contudo, para outra oportunidade) e revogou o esquema de notações anterior (DR n.º 45/88, 16-12). Contudo, o legislador, na pressa de avançar com a lei, esqueceu-se de citar um tipo de organismo e, como o âmbito de aplicação deste decreto é taxativo, criou-se uma situação de vazio legal, contrária aos princípios estabelecidos na Constituição.

Dirão que erros só não os comete quem nada faz, que pode ter sido uma “gralha”, etc. etc. … Estão enganados digo-vos eu! O grave da questão é que esta foi uma intenção deliberada, porque não é a 1.ª nem a 2.ª, infelizmente nem a 3.ª vez que isto acontece. E fico-me por aqui, na certeza porém de um outro dia voltar a este tema que, pode não parecer, mas tem muito que se lhe diga.

terça-feira, 22 de agosto de 2006

Vila museu



Como o prometido é devido, aqui vos trago algumas das imagens que captei na minha curtíssima passagem por Óbidos.
Esta vila de origem medieval, preservada até hoje com o seu traçado original e que chegou a ser oferecida como presente do rei D. Dinis à sua noiva Isabel de Aragão, é uma autêntica jóia do património arquitectónico e cultural do nosso país.
Intra muralhas, Óbidos mais parece um museu ao ar livre com as suas ruas estreitas e sinuosas, as casas quase minúsculas de paredes caiadas de branco luminoso, quase todas com arranjos florais nas varandas, janelas e pequenos quintais...
É difícil visitar Óbidos e não vir de lá encantado, até porque o mistério espreita em cada esquina.
Para mais informações consultem os sites:
ÓBIDOS PATRIMONIUM e a AGENDA CULTURAL da Câmara Municipal.
Mais fotografias: 1 (passagem para o parque cinegenético extra muros), 2 (Igreja matriz), 3 (Torre à entrada do castelo). Nota: para ver basta clicar sobre o número.

segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Uma quase biografia

Afinal, depois de um fim-de-semana cansativo e o recomeço de mais uma série de dias que se avizinham bastante stressantes, comecei esta 2.ª feira sem grande vontade de escrever. Lamento que assim seja, mas não consigo arranjar tempo para tudo. E como começo a perder parte daquela timidez que, mesmo neste espaço virtual, eu sentia quando se tratava de assumir os meus escritos poéticos (se é que lhes posso chamar poesia), fui ao baú onde guardo alguns desses textos e retirei este que hoje aqui vos deixo. Eu sei que é, talvez, demasiado longo, denso, triste e isso tudo que estão a pensar, mas estou incapaz de produzir notícias frescas. Presentemente não estou tão magoada mas tenho alguns momentos de recaída em que me sinto ainda assim. Todavia, nunca fui mulher de me ir abaixo, ou, melhor dizendo, sempre que escorrego ou caio, tenho-me levando logo a seguir, sempre! Curtir mágoas não é o meu objectivo na vida e como há por aí tanta coisa bela para ser apreciada...

Fui lágrima de silêncio,
vergonha de mim própria.
Aprisionada nas teias da memória,
acorrentada pelo desejo,
fugindo ao tempo...
Sem caminho de regresso,
perdi-me entre o sonho e a saudade.

Fui grito de liberdade,
oculto na noite fria,
suspenso de um olhar
esperando aquele abraço prometido…
… prometido,
mas sempre negado
e, por isso, logo esquecido!

Fui página em branco
do livro que não escrevi.
Palavras soltas ao vento,
segredos inconfessados,
viajando no meu pensamento,
livre das amarras
que à terra me prendiam.

Fui fruto que amadureceu,
na árvore dos sonhos traídos,
sufocado pelas raízes do medo,
entre a solidão indesejada
e a tristeza doentia,
do nada em que me tornei...
arrastada para o abismo
das lembranças que não tive,
das verdades escondidas,
da mentira que me rodeia,
à espera de nascer
para outra vida viver.

Por entre as sombras do passado
(para minha mágoa às vezes tão nítido)
recordo, ainda,
o rosto da criança que não fui…
e o corpo da jovem que teria sido.
Triste fado, sina minha…
Sinto esta amargura profunda
mas, também,
esta imensa vontade de mudar
e a felicidade alcançar!

domingo, 20 de agosto de 2006

Óbidos


De regresso a casa depois de um fim-de-semana a trabalhar na Nazaré, eu e a minha colega de viagem fizemos um pequeno desvio no caminho (+- 12 Km) e fomos fazer uma visita a Óbidos. Foi a primeira vez que por lá passei e fiquei... simplesmente maravilhada. Tirei dezenas de fotografias (que terei oportunidade de vos mostrar aqui ou através dos meus álbuns ali do lado). Mas hoje, já não consigo escrever mais... estou, mesmo, muito cansada e sem inspiração... só me apetece ir dormir. Perdoem. Amanhã voltarei com mais notícias. Bom início de semana para todos.

sábado, 19 de agosto de 2006

Colónia Balnear da Nazaré

Cheguei hoje e cá estarei até amanhã... na Colónia Balnear da Nazaré, no cumprimento das minhas obrigações profissionais enquanto assessora do Presidente da Assembleia Distrital de Santarém, proprietária daquelas instalações (edifício que se pode observar no centro da fotografia).
Eu sei que é fim-de-semana, que tenho a praia aqui tão perto, mas... o dever chamou-me, e eu tive de vir resolver uns problemitas. E ainda há quem diga mal dos funcionários públicos! Enfim...
Se tiverem curiosidade e quiserem saber mais sobre a CBN, basta clicar AQUI.

sexta-feira, 18 de agosto de 2006

Fantasia


Acordo triste e desalentada
Os olhos de lágrimas marejados.

Vejo nuvens negras no horizonte,
Sinto na pele a penumbra cinzenta que me cerca…

Na cama, a meu lado, dormes descansado
Indiferente ao meu sofrer.

Recordo dias de prazer, mas outros tantos de solidão!
Sonho com a suprema fantasia de abraçar o horizonte…

A angústia de te ver não te sentindo, invade meu coração
Fecho os olhos e alcanço as estrelas que me iluminam
E um sorriso nasce em meus lábios
Que, de mansinho, deposito na tua face adormecida.

quinta-feira, 17 de agosto de 2006

Elites culturais

Uma frase para reflectir:

Em todos os países existe uma elite cultural, e Portugal não foge à regra...

Mas estes iluminados do saber (detentores de vários títulos académicos, de preferência), que se julgam os únicos entendidos na matéria, que desdenham tudo o que é exterior a esse círculo diminuto e fechado, além de, na maioria das vezes, confundirem política cultural com mera programação cultural, laboram num equívoco:
a cultura de um povo não se esgota na obtenção de um curso universitário, na leitura dos clássicos, na apreciação de música erudita, em constantes visitas a exposições de arte contemporânea ou frequentes idas ao teatro, ela é muito mais vasta do que isso porque integra, na sua essência, as várias componentes da raiz histórica que nos identifica enquanto nação, sejam os usos e costumes, as danças e cantares, o artesanato, ou outras manifestações populares em áreas tão diferentes como, por exemplo, a literatura, a pintura ou a escultura.

Fotografia: cartaz de uma exposição realizada no âmbito dos Serviços de Cultura a que pertenço, há uns anos atrás.

quarta-feira, 16 de agosto de 2006

Manhãs claras


Na nudez dos sonhos
despidos de esperança
procuro a verdade insofismável
da tua ausência.
E quase esqueço
a pérfida clareza dos dias
em que,
tendo-te a meu lado,
vagueei solitária
pelas manhãs claras
e me perdi
no escuro dos caminhos!

terça-feira, 15 de agosto de 2006

Monumento ao Poder Local


Dei voltas e voltas ao monumento mas, confesso, talvez por algum defeito meu, não consegui perceber qual a mensagem do artista... até descobrir uma placa no chão que esclareceu esta minha dúvida.
Ao ver aquele emaranhado de aço retorcido só me lembro da rede de burocracia, corrupção e ignorância que, infelizmente, existe na nossa administração pública autárquica, embora muitos não o queiram admitir e prefiram mascarar a situação com atitudes sectárias e prepotentes.
Por isso, e apesar de admitir que até gosto do monumento e de considerar que ele tem impacto estético (e que fica bem naquele jardim)... homenagem ao Poder Local? Juro que não consigo perceber!

segunda-feira, 14 de agosto de 2006

Filosofando...

Cacilhas, concelho de Almada.
(leiam a frase e não reparem no amontoado de lixo - que, infelizmente, já começa a ser uma "imagem de marca" cá do burgo... mas que até acaba por ser um enquadramento interessante para o texto)

domingo, 13 de agosto de 2006

Pedro e Sérgio

São dois meninos travessos, irreverentes, inteligentes, meigos... e com os mais belos sorrisos aqui das redondezas (para esta tia babada até são os mais lindos do mundo). Apresento-vos os meus sobrinhos Pedro (3 anos) e Sérgio (14 anos):

sábado, 12 de agosto de 2006

Ausência






À luz difusa do entardecer
As mágoas do meu coração na água do mar lavei...

sexta-feira, 11 de agosto de 2006

Apenas... o Tejo

Dizem que atravessar o Tejo, diariamente, é «um drama». Faço-o, todos os dias (excepto aos fins-de-semana, e não é sempre) há 23 anos e, pelo contrário, considero-me uma priveligiada.
Talvez tudo se deva, afinal, a esta minha alma sonhadora, mas é impossível não gostar de olhar o pôr-do-sol no rio Tejo como ontem, quando regressava de Santarém, tive a sorte de poder ver...
Podem crer que, ainda hoje, tantos anos e tantas viagens por sobre estas águas, às vezes nem sempre calmas, considero esta paisagem linda. E, sem vergonha, admito que muitas foram as ocasiões em que dei comigo quase a chorar tal o impacto que sinto ao olhar estas cores de fim do dia... triste, cansada, aborrecida, revoltada, quantas vezes apenas cheia de sono, fixo os olhos nas águas do Tejo e ganho logo uma outra energia que me traz um sorriso aos lábios.
Aqui vos deixo esta imagem do cais de Cacilhas, captada ontem no meu regresso a casa:

quinta-feira, 10 de agosto de 2006

E viva a Poesia

Desde os tempos idos da minha juventude que me interesso pela Poesia, embora tivessem decorrido, por circunstâncias diversas que não cabe agora referir, muitos anos sem eu ter conseguido escrever uma página que fosse e as leituras dos escritos de outros fossem demasiado escassas.

Desses anos amorfos, guardo uma timidez que me impede, ainda, de assumir e partilhar à vontade, sem complexos, muito daquilo que voltei a escrever incentivada pelo ambiente criado à volta das sessões mensais de «Poesia Vadia» no Café com Letras, em Cacilhas, de cujo projecto cultural fui autora, e da edição dos cadernos «Uma Dúzia de Páginas de Poesia» da colecção Índex-Poesis, uma fanzine destinada à divulgação de trabalhos inéditos, que chegou ao n.º 47, tendo recebido a colaboração de 40 autores diferentes, entre conhecidos e com obra publicada a estreantes nestas lides da publicação poética.

Mas não pretendo vir aqui, hoje, apresentar qualquer poema meu, estejam descansados. Apenas vos quero falar de duas iniciativas que considero de louvar:

A realização do I ENCONTRO DE POETAS ALMADENSES, em 28 de Outubro de 2006, uma organização conjunta do FAROL – Associação de Cidadania de Cacilhas e da SCALA – Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada.

A edição de seis e-books de poesia, pela Elefante-Editores, e que aqui vos deixo:
Poemas Mínimos, de Casimiro de Brito
Sombras de Noite, de Alexandre Malheiro
Poemas de Cal, de Pedro Silva Sena
A Transformação das Sombras, de Miguel Brandão
O Beijo Ainda Intacto, de J. A. Nunes Carneiro
A Orgia das Letras, de Pedro Santiago Faria.

quarta-feira, 9 de agosto de 2006

Rachid Taha

Quem me conhece sabe que, quando se fala de música, sou uma grande admiradora das sonoridades árabes.

Confesso que não sei de onde me vem esta necessidade, quase compulsiva, de ouvir sons oriundos desta parte do mundo, quando as minhas raízes mais longínquas estão na província da toscana (em Itália) e não por aquelas bandas.

Por isso, depois de Cheb Mami (de longe o cantor rai meu preferido), trago-vos hoje aqui Rachid Taha, outro franco-argelino cuja obra muito aprecio, sobretudo pelo factor inovação… rock urbano e música tradicional árabe!

Simplesmente fenomenal! Com um pormenor importante: tal como Cheb Mami, também Rachid Taha canta na língua original do seu país, o que empresta um enorme carisma às suas canções.

O álbum “Tékitoi?” vai ser a minha próxima aquisição.

terça-feira, 8 de agosto de 2006

Portugal a arder

Parece que, infelizmente, os incêndios voltaram em força. Qualquer dia Portugal é um imenso rectângulo carbonizado, à beira-mar enegrecido.

Não consigo perceber como é possível que, de ano para ano, o cenário de desgraça se repita… incendiários enlouquecidos e políticos entorpecidos ninguém os consegue tratar. Entretanto, da inoperância da justiça à escassez de meios, por entre lágrimas sentidas e o clima desregulado, parece que do fogo apenas se lembram enquanto as chamas se vêem no horizonte.

No rescaldo, a revolta cala-se nas cinzas que o vento leva para outras paragens. Fica a desolação dos que tudo perdem. E o esforço de alguns para que assim não seja.

Imagem: Álbum de Costumes Portugueses
.

segunda-feira, 7 de agosto de 2006

Para o almoço ou jantar

Hoje estou numa de culinária. Apetece-me apresentar-vos uma receita que preparei neste domingo: peitinhos de frango com amêijoas na cataplana, uma receita simples, económica, muito rápida de confeccionar (entre o preparar e o cozinhar leva cerca de 30-40minutos) e, principalmente, muito saudável (porque é tudo feito ao vapor, sem refogados e com pouca gordura).

Ingredientes para duas pessoas: dois peitos de frango cortados aos bocadinhos (devem ser temperados de véspera, numa marinada com alho, vinho branco, louro, sal, colorau e ervas aromáticas); uma cebola média (cortada às rodelas finas); dois tomates maduros (bem picados); azeite q.b.; ½ pimento verde e ½ pimento vermelho (às tiras); cogumelos laminados (uma lata pequena); um molhinho de coentros picados finos e amêijoas q.b. (podem ser daquelas congeladas, embora as frescas sejam melhores).

Como fazer: abre-se a cataplana e coloca-se o azeite, a cebola, o tomate, os peitos de frango, os pimentos, os cogumelos e finalmente as amêijoas. Salpica-se tudo, abundantemente, com os coentros. Fecha-se a cataplana e vai ao lume 20m. No final é só abrir, levar à mesa e acompanhar com batatas fritas, e fatias de pão de sementes.

Uma delícia! Sirvam-se (a colher já lá está para isso mesmo)… e depois digam-me a vossa opinião.

sábado, 5 de agosto de 2006

Navegar



Quando se é jovem é fácil fechar os olhos e sonhar (aliás, até com eles bem abertos, conseguimos pintar a crua realidade com as cores do arco-íris)... e com a força do nosso pensamento, num instante se consegue imaginar que aquele pequeno barco ancorado no areal é um navio que nos transporta à aventura por esse mar fora... E aquela que já foi uma bela praia e hoje além de desareada se encontra cheia de lixo, interdita a banhos, transforma-se num imenso oceano. (Trafaria, hoje à tarde).

sexta-feira, 4 de agosto de 2006

O Exército Perdido

Os insondáveis mistérios do Egipto.
Paul Sussam é arqueólogo e jornalista e tem passado os últimos anos em escavações no Vale dos Reis, no Egipto, onde desempenha, também, as funções de cronista oficial do Projecto de Túmulos Reais Amarna. Por isso, sabe do que fala quando escreve sobre aquilo que classifica como os «insondáveis mistérios do Egipto», país onde o povo costuma dizer que não se escava uma sepultura sem antes esbarrar na tumba de um faraó, e que fizeram desta terra um imenso templo de perdição e descobertas para arqueólogos e saqueadores.
Este romance, de género policial, é a estreia de Paul Sussman na literatura e conjuga, de forma admirável, aspectos verídicos da história local (da antiguidade aos nossos dias), sem esquecer os conflitos políticos de hoje.
Valerio Manfredi classificou-o como «uma grande aventura, um dos mais intrigantes mistérios do passado [o desaparecimento do exército de Cambises], um extraordinário romance magnificamente concebido». Pela parte que me toca, considero-o um «inesquecível romance arqueológico, que reúne alguns dos melhores ingredientes de uma grande aventura: tesouros, terrorismo e mortes misteriosas».
Todavia, na minha modesta opinião, este livro (que li com entusiasmo nestas férias) prende-nos, principalmente, pela forma como o autor consegue retratar aspectos do quotidiano daqueles povos e pela abordagem dos conflitos étnicos e religiosos aí latentes.
Para quem gosta de ficção com substrato histórico, onde os factos verídicos são o suporte do enredo e a imaginação do autor apenas introduz alguns elementos plausíveis e os encadeia numa relação lógica, este é, pois, um livro a não perder.

quinta-feira, 3 de agosto de 2006

Publicidade original

O evento a que se refere o cartaz já passou, mas pouco importa. Este post não é para fazer publicidade ao dito.
Com esta fotografia, captada na cidade de Lagos, pretendo apenas chamar a vossa atenção para esta nova forma de fazer publicidade: «cartazes ambulantes»... apesar da evidente originalidade (confesso que eu própria fiquei assim surpreendida tal qual os idosos sentados no banco do jardim e que olham – quiçá também algo divertidos – para as jovens que servem de apoio publicitário) e da maior eficácia na divulgação da mensagem (comparativamente com as clássicas e inestéticas faixas fixas que acabam por ficar abandonadas e a degradarem-se, poluindo o ambiente), não posso deixar de pensar naquelas raparigas, ali em pé, durante não sei quantas horas, cirandando não sei por quantos lugares com o cartaz às costas... quanto a remuneração pelo serviço prestado, duvido que seja algo que valha a pena!

quarta-feira, 2 de agosto de 2006

Longe de Manaus

Durante as férias aproveito sempre para colocar as minhas leituras em dia. Como gosto muito de livros policiais, aventurei-me por esse género novamente e comprei, entre outros, o Longe de Manaus, de Francisco José Viegas, um autor que muito aprecio pela forma diferente como escreve... um misto de investigação policial, com reflexão filosófica sobre a vida, à mistura com reportagens histórico—geográficas dos locais por onde o enredo se vai desenvolvendo. Simplesmente espectacular. Numa escala de 0-5, não tenho qualquer dúvida em classificá-lo com 5.

«O romance da solidão portuguesa
Depois de iniciar uma investigação sobre a morte de um homem desconhecido encontrado num apartamento dos arredores do Porto, Jaime Ramos – o detective dos anteriores livros policiais de Francisco José Viegas – é levado a percorrer caminhos que o transportam entre Portugal, o Brasil e a memória de Angola. Nesse triângulo vivem personagens solitárias que desaparecem sem deixar rasto e cujas biografias tenta reconstruir a partir do nada, socorrendo-se apenas da sua imaginação. Esse percurso transportará o leitor da Beirute do século XIX até ao coração da Amazónia e à Manaus contemporânea, do Porto a São Paulo, de Luanda ao Rio de Janeiro e ao Amapá, da guerra de Angola e da Guiné aos apartamentos vazios onde são recolhidos cadáveres, memórias e silêncios. Há homens sem biografia nem memória, mulheres que desafiam o conformismo e a mediocridade do seu pequeno mundo, seres humanos que perderam todas as ilusões e se limitam a procurar não morrer. Este cruzamento de geografias e de tipos humanos provoca alucinações no próprio narrador, que ora escreve em português de Portugal, ora em português do Brasil, e no investigador Jaime Ramos, que é obrigado a inventar histórias de perdição para que o seu mundo tenha algum sentido. Reconstruindo a própria linguagem do romance policial, subvertendo as suas regras, escrito em tons e linguagens distintos, Longe de Manaus é o romance da solidão portuguesa, o retrato distante e desfocado de um país abandonado às suas memórias e ao seu desaparecimento.»

terça-feira, 1 de agosto de 2006

Acabaram



As férias já se foram embora... e este primeiro dia de regresso ao trabalho foi de arrasar. Talvez pelo calor, não sei, o certo é que foi com grande esforço que consegui organizar uma secretária cheia de papelada acumulada em apenas quinze dias. Ainda estou desadaptada a este ritmo e com os neurónios a pensar na sombra daquelas árvores, no cheiro a maresia do fim de tarde, nos passeios matinais pelo campo, nas manhãs na praia, no entardecer na esplanada, enfim... a sensação é a de que preciso de férias novamente. Vamos lá ver se isto amanhã anima um pouco que estou mesmo sem imaginação para escrever coisa alguma tal o cansaço que este início de temporada no regresso ao quotidiano habitual me provocou...
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