Deste modo, os Precários Inflexíveis avançam com a campanha “Autarquias Sem Precários”. Interpelámos os presidentes de todas as Câmaras Municipais do país, convidando-os a assumir politicamente a temática da precariedade, naquela que julgamos ser uma responsabilidade que têm de integrar nos seus mandatos. Na carta que enviámos, pedimos que confirmassem ou refutassem a utilização de vínculos laborais precários nas suas autarquias. Além disso, apelamos a toda a sociedade civil, em particular aos milhares de trabalhadores e trabalhadoras das autarquias espalhados pelo país, que partilhem testemunhos que têm de ser conhecidos e que podem romper um silêncio que se tornou insuportável. Queremos, assim, desenhar o mapa da precariedade no sector público local em Portugal, mas também exigir respostas e compromissos a quem não pode deixar de os assumir.
Se as relações laborais no sector privado são, por regra, cada vez mais provisórias e temporárias, suspendendo as vidas dos trabalhadores, ouvimos com alguma frequência as autoridades públicas clamar que a precariedade é (de facto) um flagelo a combater. Não obstante, aos trabalhadores que desempenham funções públicas vai crescentemente sendo imposto este carácter precário do trabalho por parte do empregador-Estado, que recorre à intermediação de empresas de trabalho temporário, e ao uso abusivo de (falsos) recibos verdes, estágios e contratos a prazo.
Em http://www.autarquiasemprecarios.info/ iremos actualizando os resultados da campanha. Um mapa do país assinala todas as autarquias e a informação que resulta dos contactos recolhidos e da força da iniciativa.
Vamos a isto, porque não é possível aceitar que a precariedade seja o único futuro possível - nas autarquias, no Estado e em todo o mundo do Trabalho.