A Câmara Municipal de Sintra foi atingida
por um dos mais letais vírus conhecidos à face da Terra:
O Ignobilis ditaturialis.
Os sintomas podem confundir-se
com outras maleitas, como seja a prepotência e o autoritarismo chegando, nos
casos mais graves, a causar a síndrome da autocracia que é a porta aberta para a
doença crónica fascizante dos regimes ditatoriais.
Atua de forma discreta mas é
altamente contagioso e como ataca o cérebro deixa as vítimas incapazes de pensar.
O tempo de inoculação é rápido a
razia é completa. E sem darmos por isso, mata a Democracia num instante.
Assim aconteceu na Câmara
Municipal de Sintra que, pela segunda vez, aprovou, por unanimidade, que a
autarquia não pague à Assembleia Distrital de Lisboa as contribuições a que
está obrigada (nos termos do artigo 14.º do Decreto-Lei n.º 5/91, de 8 de
janeiro) e com isso validou o facto de haver salários em atraso há mais de sete
meses consecutivos naquela entidade.
Vem agora o presidente da
autarquia (seguido pelos vereadores sem contestação) dizer que um diploma de
1991, sobre o qual em 23 anos de vigência nunca foi pedida a apreciação da sua
constitucionalidade, é antiético e viola o ordenamento constitucional vigente?
Como jurista o Dr. Basílio Horta sabe
que uma inconstitucionalidade necessita de ser declarada pelo Tribunal como tal
para sê-lo de facto. Alegá-la não é suficiente.
Em contrapartida, as
consequências dessa recusa em pagar aquilo que a lei obriga é que está a
desrespeitar a Constituição ao impedir o saneamento financeiro da ADL e legitimar
a existência de salários em atraso há meses consecutivos.
Com esta posição, além de
mostrarem uma imensa ignorância sobre o que são as assembleias distritais
(entidades que para efeito da tutela administrativa são equiparadas a autarquias
locais e, portanto, não integram a administração periférica do Estado), os
membros do órgão executivo sintrense são criminosos por opção própria já que,
pela segunda vez, votam a favor de uma situação ilegal.
Se dos partidos da direita nada
me espanta e do PS idem, já acho mais estranho, que o vereador do PCP também tenha
concordado. Ou terá faltado à reunião? É que neste caso podemos mesmo dizer que
todos os políticos são iguais.
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