Aos membros dos órgãos executivo e deliberativo do Município de Lisboa
Salários em atraso na Assembleia Distrital de Lisboa, há
vários meses consecutivos, devido à recusa da Câmara de Lisboa em cumprir a
lei.
Esta missiva tem como objetivo alertar para
a grave situação que se passa na Assembleia Distrital de Lisboa, a qual entrou
em rutura financeira devido à dívida acumulada da CM de Lisboa que, nesta data,
é de 98.570€ (noventa e oito mil quinhentos e setenta euros) e, por isso,
deixou de ter condições para poder pagar o vencimento a todos os seus
trabalhadores a partir de agosto último.
Dívida que corresponde à quota mensal de
4.480€ ou 53.770€/ano (que representa 27% no orçamento da ADL mas uns ínfimos
0,01% no orçamento municipal) a qual, por decisão pessoal do Dr. António Costa
a CM de Lisboa deixou de pagar a partir de janeiro de 2012, mesmo sabendo que a
única receita da ADL são as contribuições das autarquias do Distrito e que esta
verba se destina à liquidação dos encargos com o pessoal (três técnicos
superiores e um assistente administrativo, todos com vínculo permanente à
Administração Local) e com o funcionamento regular dos Serviços de Cultura (Arquivo
Distrital, Biblioteca pública, Setor Editorial, Núcleo de Investigação –
Arqueologia e Geografia, Museu Etnográfico de Vila Franca de Xira).
Uma obrigação que cabe aos municípios do
Distrito assumir, nos termos do disposto no artigo 14.º do Decreto-Lei n.º
5/91, de 8 de janeiro, enquanto a Assembleia Distrital (que além de António
Costa tem mais 47 membros) assim for deliberando, como o tem feito até ao
presente.
Iniciado um novo mandato autárquico, vem
esta Comissão expor o caso a V.ªs Ex.ªs com a esperança de que possam ser
sensíveis à injustiça denunciada e que, no âmbito das competências como
vereadores e/ou deputados municipais, assumam aquelas que são, também, as vossas
responsabilidades efetivas na manutenção deste problema e, portanto, cabendo-vos
contribuir para a respetiva resolução.
Porque não é possível manter por mais tempo
uma indiferença conivente com a existência de SALÁRIOS EM ATRASO numa entidade
da Administração Pública DESDE AGOSTO (há três meses consecutivos) não só
porque é de uma tremenda crueldade do ponto de vista social como constitui
crime de violação de lei e uma prática escandalosamente anticonstitucional que
não se coaduna com um poder local Democrático e muito menos com um Estado de
Direito, antes envergonhando quem assim age e/ou é cúmplice, mesmo que apenas
de forma passiva.
PORQUÊ? esta retaliação sobre os
trabalhadores e ATÉ QUANDO? se irá manter esta situação, são as duas perguntas
que, no momento, se impõem. Porque decerto concordarão que não é justo serem os
trabalhadores a sofrer as consequências da inércia (por um lado) e da
irresponsabilidade (por outro) dos políticos (Governo, Deputados e Autarcas), os
únicos a quem se deve imputar o ónus de deixar arrastar as Assembleias Distritais
neste impasse há mais de duas décadas.
Além do mais é bom não esquecer que
os trabalhadores, pese embora a falta de condições logísticas e até de
segurança (como no caso de Lisboa o veio comprovar a recente inspeção da
Autoridade Nacional de Proteção Civil realizada em setembro de 2013), apenas se
limitam a dar execução às deliberações da Assembleia Distrital conforme os
Planos e Orçamentos aprovados em plenário.
Por isso, apelamos a que façam uma
reflexão séria e conclusiva sobre o assunto, deixando de lado os preconceitos
políticos e os sectarismos partidários que têm impedido qualquer solução até à
data. E, sobretudo, apelamos a que saibam diferenciar o órgão (assembleia
distrital) dos respetivos Serviços, evitando tratar os seus trabalhadores como
se estes fossem a imagem da inutilidade com que classificam a entidade, pois além
de ofenderem a sua dignidade pessoal e colocar em causa a sua idoneidade
profissional essa atitude é um total desrespeito pelos seus direitos
constitucionalmente protegidos.
Finalmente, solicitamos se dignem agendar uma reunião para que possamos prestar
todos os esclarecimentos indispensáveis esperando que, com a urgência que é
evidente perante a gravidade do problema exposto, possamos, em conjunto,
contribuir para a sua breve resolução.
Lisboa, 31-10-2013.
A
Comissão Nacional de Trabalhadores das Assembleias Distritais
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