quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Assembleias Distritais: pagar para trabalhar?



Para o Presidente da República, haver trabalhadores da Administração Pública com salários em atraso há meses consecutivos, como acontece nas Assembleias Distritais de Lisboa e de Vila Real, é motivo de pouca preocupação... aliás, nem sequer são dignos de merecer a sua atenção numa simples audiência porque o momento não é oportuno.

Para Cavaco Silva os trabalhadores podem ficar a aguardar infinitamente que o assunto se resolva... talvez espere que, sem salário, fiquem sem comer (tal como o Ministro Nuno Crato disse) e ajudem assim a pagar a dívida. Ou, sem comer, que morram depressa e, assim, é menos um “encargo” para o Estado.

Pergunto-me: como é possível que isto aconteça - trabalhadores na administração pública há vários meses consecutivos sem salário e os políticos a reagir de forma tão indiferente e a aguardar serenamente que "por obra e graça do espírito santo" as coisas se resolvam?

E no caso de Lisboa, como pode uma autarquia, onde todos os membros (do executivo e do deliberativo) estão informados da situação, permitir que uma posição política individual vincule órgãos coletivos e ninguém considere necessário assumir uma posição pública de denúncia? Até quando vamos ter de esperar?
Como podem ainda assim exigir-nos que cumpramos os nossos horários e executemos as tarefas que nos cabem, pagando para poder ir trabalhar (refiro-me aos gastos com os transportes e alimentação, por exemplo) apesar de não receber salário?

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