Alguém me saberá explicar quais poderão ter sido os critérios para o SG da CML classificar este espólio como não tendo interesse para o Município de Lisboa devido às suas "caraterísticas" e ao seu "estado de conservação"? Colocando de parte critérios sérios de avaliação patrimonial, que obviamente não foram os utilizados, o que terá justificado aquela apreciação? Eu tenho uma ideia... mas por pudor não a apresento aqui. Deixo ao vosso critério...
=//=
O espólio literário da Biblioteca
dos Serviços de Cultura da Assembleia Distrital de Lisboa em relação à capital
é bastante importante e rico, sobretudo pela qualidade e antiguidade das obras
disponíveis. Isto tem-se verificado ao longo dos anos, já que, frequentemente,
vários investigadores nos procuram seguindo indicações de outras bibliotecas da
cidade e até de ilustres professores universitários que continuam a nos indicar
como referência, mesmo agora que este espaço se encontra encerrado ao público desde
outubro de 2014 (embora, por marcação prévia, seja possível aceder aos nossos
fundos arquivísticos e bibliográficos).
Apesar de a Câmara Municipal de
Lisboa, segundo parecer do seu Secretário-geral Dr. Alberto Guimarães, no
âmbito do processo de transferência da Universalidade Jurídica da ADL (nos
termos da Lei n.º 36/2014, de 26 de junho) ter recusado aceitar este
equipamento por considerar que não interessava ao município de Lisboa devido às
suas “caraterísticas” (?) e ao “estado de conservação”(?) do acervo, são várias
as obras que, além da nossa edição Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito
de Lisboa (uma das mais procuradas em particular por alunos universitários de arquitetura
e história de arte), que têm despertado o interesse junto dos estudiosos da
olisipografia.
Alguns exemplos:
Coisas e Loisas de Lisboa Antiga,
de Francisco Câncio, 1951
O autor, conhecido erudito
ribatejano que cursou a Faculdade de Letras e que se dedicou a trabalhos
históricos e etnográficos como o livro Ribatejo, obteve também apreciável êxito
em publicações sobre a cidade de Lisboa, como esta, em que trata de
curiosidades e apontamentos históricos da cidade, do século XV ao século XIX,
retratando situações e acontecimentos dignos de destaque, monumentos e edifícios,
hábitos e costumes da população, descrevendo igualmente certos tipos lisboetas,
como por exemplo: o ferro-velho, o moço de recados, a vendedeira de fruta ou a
varina.
Lisboa de Lés a Lés, de Luiz
Pastor de Macedo, 1940
Esta obra nasce, conforme o seu
prefácio, na sequência de uma outra, intitulada Ruas de Lisboa, (obra póstuma
de Gomes de Brito) em que Pastor de Macedo considerava existirem algumas
lacunas na história das artérias mencionadas pelo erudito olisipógrafo.
Lisboa de outros Séculos, de Francisco
Câncio, 1940
O autor, já acima citado, inicia
aqui o seu trabalho reportando-se à época da morte de D. João II e da fundação
do Paço da Ribeira. Dada a sua vertente etnográfica, mais uma vez, os hábitos e
costumes da época, o vestuário e o vocabulário, são estudados.
Peregrinações em Lisboa, de Norberto
de Araújo, 1939
Nesta obra, Norberto de Araújo
faz uma descrição extensa das ruas, palácios e monumentos, templos e
instituições e dos mais diversos episódios da vida e hábitos citadinos. Também
são referenciadas pessoas que se destacaram no seu contributo pela cidade.
Nesta publicação de 15 volumes é demonstrado o profundo conhecimento que o
autor tinha das fontes e dos estudos esclarecedores do passado de Lisboa, sendo
por isso hoje, especialmente conhecido, como um olisipógrafo erudito, tendo-lhe
concedido o município de Lisboa a medalha de ouro da cidade.
A Ribeira de Lisboa, de Júlio
de Castilho, 1948
Esta é a 2ª. edição da obra, que
consiste numa preciosa descrição histórica da margem norte do Tejo, desde a
Madre de Deus até Santos-o-Velho, da autoria de Júlio Castilho, ilustre
escritor do século XIX, sócio da Academia Real das Ciências, professor de
História e Literatura Portuguesa do príncipe D. Luiz Filipe.
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