"Após a visita levada a cabo por mim [Alberto Laplaine Guimarães,
Secretário-geral da Câmara Municipal de Lisboa] e pelo Exm.º Senhor Director
Municipal da Cultura à Biblioteca e Arquivo da Assembleia Distrital de Lisboa,
não subsistiram quaisquer dúvidas quanto ao não interesse do Município de
Lisboa em receber aqueles equipamentos, atentas as características e o estado
de conservação dos respectivos acervos"
(afirmação proferida em carta
enviada à CADA em 04-03-2015 para justificar a inexistência de relatório
com os fundamentos técnicos desta apreciação).
A Biblioteca a que o senhor SG se
refere é aquela que as fotografias documentam: uma sala polivalente (de leitura
geral mas que também pode funcionar como pequeno auditório), bem arejada, com
bastante luz natural, com meios audiovisuais, acesso à internet e espaço para
exposições diversificadas (pintura, desenho, fotografia, artesanato... entre
outras), no
centro da cidade de Lisboa, bem servida de transportes públicos, na
proximidade de um jardim frondoso e com estacionamento privado.
Não tem cadeiras forradas em pele
ou móveis de madeiras nobres, mesas de luxo ou encadernações a ouro. É um
facto. Não tem mesmo. E as obras disponíveis têm a marca do uso que milhares de
mãos nelas deixaram aquando da respetiva consulta durante os mais de quarenta
anos de existência desta Biblioteca ao serviço da população local.
Em contrapartida dispõe de mais
de 30.000 livros em diversas áreas do saber onde se destacam os de
olisipografia e ciências sociais (história, etnografia, arqueologia, história
de arte, etc) e a mais vasta coleção de publicações periódicas do país (mais de
quatrocentos títulos nacionais e estrangeiros).
E a juntar a este importante
espólio que o SG da CML desdenha (e, aqui há que destacar a sua
"extraordinária" capacidade de avaliação do valor deste acervo
apurada sem pegar num único livro e numa visita de escassos minutos de duração)
não podemos esquecer as obras editadas pelos Serviços, em particular o
"Boletim Cultural" (editado desde 1943) e a série "Monumentos e
Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa", obras de méritos reconhecidos e
altamente conceituadas nos meios académicos pela elevada qualidade dos artigos
e estudos publicados e que embora abranjam todos os municípios do distrito (mas
não só) incidem, sobretudo, sobre o concelho da capital.
Mas é esta Biblioteca (encerrada
ao público desde 1 de outubro de 2014 devido à falência da ADL provocada,
deliberadamente, pela Câmara de Lisboa) que, para o SG da CML, tem
"caraterísticas" que não interessam ao Município de Lisboa devido ao
"estado de conservação do seu acervo".
Insisto:
Para a Câmara de Lisboa esta
Biblioteca (localizada na freguesia de Arroios, numa zona da cidade onde não há
outro equipamento do género) não interessa ao município devido às suas
caraterísticas (não sabemos é quais são elas pois que a autarquia considera
desnecessário identificá-las) e ao estado de conservação do seu acervo (que, na
opinião da CML, se presume ser mau ou quiçá péssimo – no entanto recusam-se a
apresentar os respetivos critérios de avaliação).
Mas é de perguntar:
Não interessa ao município (à
população) ou antes, não interessa ao senhor Secretário-geral Alberto Laplaine
Guimarães (que emite o parecer acima referido)?
Ou à senhora Vereadora Graça
Fonseca, que subscreveu essa
informação e com ela fundamentou a rejeição da Universalidade da Assembleia
Distrital?
Talvez, ao senhor Presidente da
Câmara António Costa que, por mero capricho pessoal, assumido à margem da lei e
à revelia dos órgãos autárquicos, levou a ADL à falência por impedir que fossem
pagas, a partir de janeiro de 2012, as quotas a que a câmara estava obrigada
legalmente?
Com que objetivos?
Para satisfazer que interesses?
Ou vingar-se de quem?
Sem comentários:
Enviar um comentário