Lisboa, 26 set (Lusa) - A
Assembleia Distrital de Lisboa (ADL) vai encerrar, a partir de outubro, a sua
Biblioteca dos Serviços de Cultura e deixar de pagar os salários "devido à
recusa da Câmara de Lisboa em liquidar a dívida de 143.380 euros".
Segundo um comunicado hoje divulgado pelo gabinete de apoio à presidência daquele órgão, além de Lisboa
estão em incumprimento as autarquias de Sintra (4.238 euros), Cascais (1.162
euros), Oeiras (1.089 euros), Vila Franca de Xira (899 euros) e Arruda dos
Vinhos (844 euros), o que perfaz um total de 151.609 euros de pagamentos em
atraso.
Contactado pela Lusa, o gabinete
da vereadora da Economia e Modernização Administrativa, Graça Fonseca,
respondeu por escrito que o "município de Lisboa não reconhece qualquer
dívida para com a Assembleia Distrital de Lisboa".
De acordo com o comunicado do
gabinete de apoio à presidência daquele órgão, a Assembleia Distrital de Lisboa
tem um saldo disponível de apenas 6.187 euros, não tendo assim meios para fazer
face às despesas correntes mensais, entre as quais o pagamento dos salários.
"Esta é uma medida extrema,
que se lamenta assumir. Teve de ser muito ponderada, pesados os prejuízos aos
seus utentes regulares e as diversas implicações no normal funcionamento da
própria entidade. Foi precedida de várias diligências tendentes à boa cobrança
das receitas, mas, goradas todas as tentativas, restou apenas esta
solução", refere a diretora dos Serviços de Cultura da Assembleia
Distrital, Ermelinda Toscano.
Na nota, a responsável acusa o
município de Lisboa de ter uma "atitude irresponsável" e "lesar
injustamente os trabalhadores que ficam, assim, mais uma vez e por tempo
indeterminado, privados do seu salário".
Para os responsáveis da
Assembleia Distrital, o "colapso financeiro" daquela entidade em
agosto de 2013 "é o resultado da posição pessoal do doutor António Costa
[autarca de Lisboa], que desde janeiro de 2012 não autoriza que a autarquia
pague a contribuição mensal de 4.480 euros que, nos termos da lei, lhe
cabe".
A diretora Ermelinda Toscano é a
mais afetada com esta situação, tendo sete meses de vencimento em atraso, e
nenhum dos cinco funcionários recebeu o subsídio de férias.
A câmara de Lisboa lembra na
resposta enviada à Lusa que "foi recentemente aprovada a Lei n.º 36/2014,
que aprovou a liquidação do património da ADL. No âmbito deste processo, o
município de Lisboa, através de correspondência trocada com aquela entidade,
sempre se mostrou disponível para participar numa solução, nomeadamente através
da integração dos trabalhadores que desejem transitar para este município e,
bem assim, do património existente no concelho de Lisboa".
Segundo o município lisboeta,
"o processo está em curso, e dentro dos prazos fixados para o
efeito". Há duas semanas, o município de
Oeiras apresentou uma proposta para que o património predial e a universalidade
jurídica da Assembleia Distrital de Lisboa passassem para a Câmara da capital.
A proposta tem, contudo, quatro
exceções: as três primeiras referem que o património predial situado nos
concelhos de Loures, Amadora e Odivelas deve transitar para o domínio dos
mesmos, enquanto o espólio cultural deve passar para o concelho de Vila Franca
de Xira.
Tudo o resto, isto é, a
universalidade jurídica, o edifício situado junto ao Jardim Constantino, em
Lisboa (avaliado em sete milhões de euros), e os [quatro] trabalhadores da
Assembleia Distrital passam para o município de Lisboa, caso a proposta seja
aprovada.
A Assembleia Distrital é composta
por 16 municípios da Área Metropolitana de Lisboa - Alenquer, Amadora, Arruda
dos Vinhos, Azambuja, Cadaval, Cascais, Lisboa, Loures, Lourinhã, Mafra,
Odivelas, Oeiras, Sintra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca
de Xira.
MCL/AYMN // ROC/ZO
Lusa/Fim
Fonte: Oeste
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