«O texto da Resolução que o Povo da Trafaria, de Almada e das
suas Freguesias no conjunto aprovaram hoje por unanimidade e aclamação:
RESOLUÇÃO
NÃO AO MEGA TERMINAL DE CONTENTORES NA TRAFARIA
Tendo tido conhecimento da intenção do Governo em criar na Trafaria um mega terminal de contentores, que ocupará entre 200 a 300 hectares
de plano de água e de terra, autarcas do concelho de Almada, população da
Trafaria e agentes de desenvolvimento local, reunidos no dia 23 de fevereiro de
2013, na Trafaria, resolvem:
- Repudiar de forma veemente qualquer intenção de construção
de um terminal de contentores na vila da Trafaria.
- Chamar a atenção que, a concretizar-se a construção deste
terminal, está em causa um autêntico crime ambiental de “lesa pátria”, já que
vai incidir numa zona de grande riqueza ambiental e paisagística, além de
implicar a criação de uma ferrovia que atravessará vales de grande
sensibilidade natural. Tudo isto em áreas inseridas em Reserva Ecológica
Nacional.
- Salientar que os diferentes instrumentos de gestão do
território, como o Plano Diretor Municipal e o Plano Regional de Ordenamento do
Território da Área Metropolitana de Lisboa, não contemplam este projeto
apresentado pelo Governo.
- Reafirmar que a estratégia de desenvolvimento definida
para o concelho passa pela aposta no turismo, em especial no eixo Trafaria -
Costa da Caparica, pela Investigação & Desenvolvimento e indústrias de base
tecnológica no eixo Trafaria – Almada Nascente, pelo desenvolvimento do sector
das pescas, das indústrias criativas, das micro e pequenas empresas, entre
outros sectores de atividades não poluentes e com baixo impacto ambiental.
- Recordar que esta estratégia de desenvolvimento é fruto da
visão e consensos estabelecidos entre autarcas, agentes económicos e
populações, ao longo de vários anos. Isto é, a concretizar-se este objectivo do
Governo, significa fazer “tábua rasa” de todas as decisões do Poder Local e da
vontade expressa pelas populações.
- Lembrar que em Almada, nas últimas décadas, foram
destruídos mais de 50 mil postos de trabalho, em virtude das sucessivas
políticas dos diversos Governos, prejudicando gravemente o tecido económico
local e a vida das populações.
- Exigir ao Governo que, numa altura em que é tão importante
a criação de emprego, avance com os dois projetos estratégicos para o concelho
de Almada – um na Costa da Caparica e o outro no Arco Ribeirinho Sul – que se
encontram atualmente em “banho-maria” e que são geradores de dezenas de milhar
de novos postos de trabalho, e que devolva à Marinha Portuguesa o Arsenal do
Alfeite.
- Apoiar o Município de Almada no recurso a todas as
instâncias judiciais nacionais e, se necessário, ao Tribunal Europeu, com o
objetivo de impedir a concretização deste gravíssimo atentado contra o concelho
de Almada e, em particular, contra a freguesia da Trafaria.
Concelho de Almada/Trafaria, 23 de fevereiro de 2013»
Fonte: João Geraldes, através do Facebook (notícia e
fotografia divulgadas no grupo “Democracia Local”)
4 comentários:
O projecto de migração do terminal de contentores de Lisboa para a Trafaria já tem décadas. Não faz qualquer diferença se esteja previsto ou não no PDM porque tratando-se de uma infraestrutura de valor estratégico para o país o seu lugar é noutros instrumentos de gestão territorial, como o Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território. Chamo também a atenção que a ligação ferroviária lisboa-setubal via ponte 25 de Abril já foi pensada com este propósito em mente, sendo essa a razão o que levou ao traçado em curva entre corroios e a estação do pragal,juntamente com o ramal de 4 vias férreas, somente para prever que seja um entroncamento para a linha seguir para a trafaria e servir o futuro terminal de contentores.
Grande parte desta tomada de posição faz pouco sentido.
Existe imensa falta de emprego, de empresas e de receitas. Impedir esta obra aumenta o problema.
A questão ambiental é um tiro no pé, se é mau para a Trafaria onde há meia dúzia de velhos, o que dizer de grande parte da costa da capital do país. Esse argumento vai virar-se contra Almada, como é evidente.
Estão contra a linha de caminho de ferro? Ainda há uns meses a Sra. presidente da câmara assinou um documento contra o cancelamento do TGV. Então são contra ou a favor?
Turismo no eixo Trafaria-Costa? Onde, no meio dos bairros sociais que lá plantaram?
Eixo de empresas de base tecnológica Trafaria-Monte, onde, no meio dos terrenos agrícolas (ver PDM)?
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Isto já é mania de estar sempre contra tudo.
Claro que uma iniciativa que tenha como consequência a criação de riqueza e, como a riqueza é sinal de liberdade de escolha, esta é uma iniciativa que bastante prejudica a teia de poder dos comunas.
Sabemos de antemão que, a dependencia de subsidios, "renda de casa, subsistencia", torna as pessoas em instrumentos de caciques detentores do poder de atribuição; "veja-se o caso dos autocarros para manifs, uma pessoa livre, independente, estaría disposta a arruadas e arregimentada como gado? ".
Dois mil e quinhentos postos de trabalho, só para começar, são outros tantos agregados familiares que, irão libertar-se, que irão decidir o que fazer com as suas vidas, que desdenharão o poder politico.
Riqueza, é liberdade.
ps.
A recuperação urbana da Trafaria, promessa que daí nunca passou, vai finalmente efectivar-se, só por isso, e pelos milhões que deixam de passar pelos gabinetes da camara e da junta, já justificam o desagrado.
Quando a criação de riqueza e postos de trabalho é tão severamente criticada por todos os caciques locais está justificada a necessidade de reforma administrativa.
Como diz o anónimo, as razoes são uma ofensa ao bom senso.
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O titulo da Ermelinda é uma parolice. Dê um pulo a Barcelona e vai perceber que um porto de mar para contentores não tem de estragar nada. O que destrói são os ambientalismos saloios.
Mas para isso acho que o soliveira explicou na perfeição, o desenvolvimento iria trazer população com cérebro, e isso atrapalha o eleitorado dos instalados. Nada como ter uma população miserável para votarem nas Emilias.
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