«Assistimos nos últimos dias ao apodrecimento do Governo. Ao
inadmissível jogo de sombras entre o PSD e o CDS, em que cada um dos
protagonistas tenta responsabilizar o outro pelo estado deplorável resultante
da governação do País.
A degradação política do governo é um reflexo da crise
social e económica decorrente da estratégia de austeridade que tem vindo a ser
seguida. De cortes em cortes, de recessão em recessão, estamos cada vez mais
pobres, mais longe de poder pagar qualquer dívida. O desemprego aumenta, os salários
diminuem, as pensões são postas em causa, os serviços públicos essenciais são
ameaçados.
A crise política arrasta-se há muito, sendo cada vez mais
grave. É uma crise política decorrente das políticas protagonizadas pelo
próprio Governo e cada vez mais contestadas pelos portugueses. Mas, de forma
progressiva e crescente, é a democracia que tem sido posta em causa e a própria
política desacreditada.
A cada dia que passa com este Governo em funções, agrava-se
a situação económica, social e política, agravam-se as condições de
independência e de soberania do País.
A demissão deste Governo e a convocação de eleições assumem
hoje, mais do que nunca, um carácter urgente. O Presidente da República não
pode continuar a sacrificar os portugueses em nome de uma estabilidade
governativa inexistente e de uma estratégia falhada de ajustamento económico.
Os portugueses têm o direito e o dever de definir,
livremente, as suas opções e a expressarem o que querem como políticas que
garantam um futuro decente para Portugal. No entanto, eleições antecipadas não
resolvem, por si só, os problemas com que estamos confrontados.
As políticas de austeridade, resultando de dinâmicas
globais, exigem não só respostas políticas nacionais como internacionais. Mas,
internamente, a alternativa política, para o ser, precisa de vencer bloqueios e
valorizar convergências.
O Congresso Democrático das Alternativas (CDA) considera
urgente a devolução da palavra aos cidadãos, através de eleições antecipadas o
quanto antes. Estas eleições têm de ser caracterizadas pela verdade na análise
dos problemas, no rigor das propostas, na clareza dos compromissos de
governação.
A exigência de tais esclarecimentos constituirá uma
preocupação central na intervenção do CDA nos tempos que se avizinham. As
próximas eleições deverão constituir um processo exemplar de diálogo, de
participação e de mobilização dos portugueses, a partir de propostas concretas
e claras dos partidos políticos sobre os obstáculos e desafios com que Portugal
se debate no plano interno e europeu. Um processo que tem de ser capaz de
romper com os velhos compromissos políticos e sociais que condicionam o alcance
e as possibilidades de efectiva mudança na governação do País.»
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