Tiveram tudo para, de facto,
marcar a diferença em Almada! Mas foram esbanjando os "créditos"
concedidos em 2009 pelos eleitores que neles haviam confiado (refiro-me ao
partido e não propriamente aos dois candidatos que aparecem no cartaz que
ilustra esta publicação) até terminarem em 2013 por hipotecar a esperança dessa
gente. Fizeram uma campanha inócua e, agora, colhem os frutos do que semearam
durante este mandato que findou. Será que terão a humildade suficiente para
reconhecer as falhas, tentar corrigi-las e seguir em frente? A ver vamos...
Em Almada, mais uma vez, e nada
que me espante, o Bloco de Esquerda recusa-se a admitir os erros cometidos em
termos autárquicos (da impreparação da maioria dos seus eleitos à estratégia de
mimetização face ao PCP que não resultou – os eleitores preferem sempre, e bem,
o original a uma má cópia) e já se apressou a arranjar “bodes expiatórios” para
as suas falhas e a desvalorizar as conquistas dos outros, transformando tudo
numa espécie de referendo nacional às políticas do governo e esquecendo,
deliberadamente, que estas foram eleições locais. Tentam, assim, minorar o
desastre que foram os resultados autárquicos neste concelho onde perderam um
lugar na vereação e outro na Assembleia Municipal.
Em Almada, não nos podemos
esquecer que apenas 32% do total de eleitores inscritos expressou validamente o
seu voto. Ou seja, de 149.500 eleitores, 68% (repito: 68%) decidiram abster-se,
votar em branco ou anular o voto. E isto, quer se queira ou não, é gravíssimo e
deveria merecer uma profunda reflexão de todos os partidos pois pode constituir
uma séria ameaça ao regime democrático, tal como o conhecemos.
Além do mais, esta situação
ensombra qualquer vitória, mesmo a da CDU que, há que reconhecer (e eu já aqui
o admiti publicamente, dirigindo-lhe os parabéns), foi a grande vencedora
destas eleições.
Mas é bom que percebamos, também,
que isso aconteceu não por obtenção de mais votos (e a CDU, ao contrário do que
aconteceu a nível nacional, em Almada perdeu, em média, 17% de votos em relação
a 2009) – considerando apenas a votação para os órgãos municipais: a CDU teve
menos 4.055 votos para a CM e menos 4.949 para a AM – mas porque o seu
eleitorado é dos mais fiéis e cumpridores no que ao dever de cidadania diz
respeito, enquanto os votantes dos outros partidos flutuam mais facilmente
entre o voto expresso e a abstenção. Porquê? Há que analisar a questão
friamente e o rescaldo das eleições não será o momento mais adequado para o
fazer.
A hecatombe que caiu sobre o CDS
(na freguesia da Costa da Caparica teve menos 75% de votos do que em 2009 e
perdeu, em média, 60% do seu eleitorado nas restantes) só teve paralelo,
estranhamente, não no PSD (que também diminuiu significativamente como era
esperado), mas no Bloco de Esquerda que foi o partido que, a seguir, mais
eleitores perdeu em Almada: 41% na CM e 45% na AM, sendo evidente que não só
não conseguiu capitalizar o descontentamento face às políticas do Governo como
recebeu ele próprio, em contrapartida, um enorme cartão vermelho pelo péssimo
desempenho dos seus autarcas no mandato findo (excluo, desta conclusão, os
autarcas eleitos no mandato 2009-2013 nas freguesia) e pela forma indiferente, assaz hipócrita nalgumas
situações, com que sempre se escusaram a explicar, de forma objetiva e
fundamentada, as razões para a inversão do caminho proposto no programa eleitoral
sufragado em 2009.
Esta é uma verdade insofismável (43%,
em média, de perda de votos) e os dirigentes bloquistas concelhios devem dela
tirar as devidas ilações, o que, temo, não venha a acontecer pois ao que tudo
indica pelo teor das escassas intervenções que se vão conhecendo preferem
continuar a apostar na tese dos prejuízos causados por terceiros: os tais que
apelidam de "renegados" (entre os quais me incluem, como é óbvio, por
ter renunciado aos mandatos autárquicos em 2010 e saído do BE em 2011) tentando
assim livrar a sua própria responsabilidade pela "casaca" que, eles
sim, "viraram" ao trair quem em 2009 acreditara que iriam fazer a
diferença na oposição à gestão municipal da CDU com quem, afinal, acabaram
parceiros.
Os eleitores perceberam,
sentiram-se traídos e isso pagou-se caro: custou, expressamente, menos 2.305
votos na CM e menos 3.153 na AM. Votos que terão ido direitinhos, na sua
esmagadora maioria, para a abstenção pois que se todos os partidos desceram em
número de votantes isso só pode significar, presumo, que não terá havido
deslocação para outros partidos.
1 comentário:
È verdade o que diz , só que parece que o candidato que apoiou o PS, teve um resultado RIDICULO.
A candidatura do PS foi muito pouco credível, por isso estranho que a tenha apoiado.
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