O programa «Portugal Português» da TVI24, transmitido no
passado dia 13 de maio de 2012, teve como tema: «A Redução de dirigentes no
poder local.»
E, como pano de fundo, a legislação recentemente aprovada em
Conselho de Ministros. «Novas regras para a administração local: os municípios
têm de reduzir 23% das chefias municipais e se há autarquias que vão perder
metade dos cargos de dirigentes outras até poderão contratar. A juntar a esta
medida, o governo pretende reduzir as empresas municipais para metade. Novas
regras no caminho da reforma do poder local que estão a deixar as autarquias
revoltadas. Quais as consequências para o funcionamento das Câmaras Municipais?
Qual é a poupança destas medidas? É disto que vamos falar no Portugal
Português.»
Em estúdio a jornalista, Paula Magalhães, contou «com a
presença da Presidente da Câmara Municipal de Almada, Mª Emília de Sousa e João
Paulo Barbosa de Melo, Presidente da Câmara Municipal de Coimbra. Dois
municípios que terão de reduzir dirigentes. Porque o que se passa em qualquer
lugar deste país interessa a Portugal.»
Trago-vos hoje parte do discurso da Presidente da Câmara de Almada.
Para que possam analisar e, perante aquela que tem sido a prática de gestão da CDU
neste município, tirar as vossas conclusões.
«Os autarcas são pessoas que, em primeiro lugar, põem à
frente de tudo, os interesses das populações e, por isso, as unânimidades que
nós conseguimos em sede de congressos, são notáveis.
…
Esta lei põe em causa a autonomia do poder local. Portanto,
põe!
E, por outro lado, é irracional. Os critérios não são
critérios que façam sentido. E eu acho que esta é uma questão muito importante.
Não fazem sentido. Não faz sentido determinar uma organização de uma empresa,
como é o caso de uma empresa municipal, uma autarquia, um governo local, a
partir da população que tem, ou do número de dormidas, ou dos movimentos
pendulares, ou dos turistas.
…
Eu tenho, por exemplo, 8 milhões de visitantes por ano. 800
mil que vão ao Cristo-Rei.
Eu acho que não é por aí. O que importa aqui perceber é que
nós temos muitos produtos. Nós temos centenas de produtos. Nós gerimos a nossa
grande empresa que é o nosso município. Alguns municípios externalizaram
competências. Nós, no caso da CDU, tomámos, desde sempre, uma posição (e
respeitando todas as outras opções)… somos nós que damos a cara, não é?, por
aquilo que fazemos.
As empresas municipais têm um conselho de administração mas não
foram eleitas pela população e, portanto, nós evitamos criar empresas
municipais. E, portanto, nós temos tudo quanto são atividades municipais dentro
da câmara: a educação, a cultura, o desporto, os resíduos sólidos, a água, etc.
etc.
…
Eu tenho uma determinada população e ao meu lado está um
município com a mesma população, perfeitamente idêntico nos fatores de ponderação
ao meu município. Mas, entretanto, externalizou a maior parte das atividades, não
é?, que eu tenho dentro da câmara. Deixou de ter educação, cultura, desporto,
turismo, resíduos sólidos, etc. etc. Tudo isso está em empresas. E eu continuo
a ter isso tudo dentro da câmara. Então preciso de uma organização estrutural,
de dirigentes, que me assegurem o quotidiano de gestão. Não pode ser de outra
maneira.
E quando eu tenho resultados como tenho em Almada, com uma
solidez financeira, não tenho dívidas a fornecedores nem a empreiteiros,
cheguei ao fim do ano com resultado positivo.
Não vivo noutro país, vivo neste, mas eu estou há 25 anos na
câmara municipal e também gostava de dizer que há uma cultura, uma cultura de
gestão que se foi construindo ao longo dos anos.
E, portanto, os meus técnicos, os meus dirigentes, são
responsáveis pelos resultados. Quase 100% de execução da receita orçamental? É
fantástico! Quer dizer que o orçamento foi bem feito e depois bem executado. A
despesa a mesma coisa.
…
Eu acho que os municípios também foram empurrados para
aderir a políticas com as quais não estavam de acordo mas não tiveram
alternativa. Por exemplo: os sistemas multimunicipais de gestão das águas, dos
resíduos sólidos. A situação gravíssima que muitos municípios têm hoje em
Portugal decorre dessas políticas erradas.
…
Eu não vejo forma, se esta lei por diante, não vejo forma de
resolver, não é?, a gestão do meu município. É impossível.
…
Eu tenho 60 escolas primárias e jardins de infância. Tenho três
mil fogos de habitação social para gerir. Tenho uma rede de equipamentos
culturais, mais de uma centena de equipamentos. De equipamentos desportivos, a
mesma coisa. Mil km de rede viária. Cem mil toneladas de resíduos sólidos
urbanos… é impossível!
O que eu acho é que o Governo… eu não acredito que o Governo
queira acabar com o poder local. Eu acho que… não quero acreditar nisso! Mas o
caminho é esse.
…
Não pode haver uma lei a enterrar, a ser a coveira do poder
local. Porque o poder local foi a coisa mais extraordinária que aconteceu no
nosso país, o motor do desenvolvimento, não é?, e precisamos do poder regional.
…
Nós [municípios CDU] temos uma particularidade muito
extraordinária nos nossos municípios: nós trabalhamos em rede, com toda a
gente, com os movimentos, não é?, as instituições culturais, desportivas,
sociais, empresariais, etc. Não há ninguém que fique de fora e, portanto, os
êxitos que nós vamos alcançando nos nossos municípios decorre também da postura
dos autarcas: trabalhar com toda a gente, não é?
…
Eu que entrei na câmara no tempo em que não havia estrutura
hierárquica, não é?, em 1986/87, quando assumi a presidência, não é?, nós não tínhamos
... só tínhamos chefes de repartição, chefes de secção, encarregados. Não
haviam diretores de departamento nem chefes de divisão, nem nada disso. Mas a
realidade era completamente diferente.
Agora, nós fomos criando a nossa estrutura, não há aqui
doidos, há pessoas que gerem todos os dias os recursos que são de todos e que
vão ajustando à medida que a organização justifica, não é?, uma estrutura
orgânica mais alargada.
Em 2009 saiu uma lei. Uma lei em 2009. Os municípios, em
2010, em janeiro de 2010, tinham que ter a sua estrutura orgânica de acordo,
aprovada na assembleia municipal e de acordo com a lei. Todos nós fizemos esse
trabalho de casa, não é?
O que aconteceu foi que nós fizemos a estrutura e fomos
implementando aos poucos… eu também não tenho toda a minha estrutura orgânica
já implementada, não tenho. Agora o que se diz é que não tenho toda
implementada mas tenho que reduzir o número de lugares que estavam preenchidos
em dezembro de 2011. Isso é absolutamente impossível. Não é possível gerir a
câmara municipal de Almada e os serviços municipalizados com estes critérios e
com estas regras. Por isso é que nós, Portugal Português, ajudem-nos a chegar
ao sr. presidente da República, ao sr. 1.º Ministro… Porque nós podemos ajudar
a decidir bem.
…
Eu acho que os autarcas são grandes sonhadores. Os autarcas
são pessoas,não é?, muito entusiasmadas em transformar o quotidiano das
populações. É um sonho, é a vontade de transformar, ir à frente resolver, que
nos anima. E nós transformamos problemas em potencialidades, em soluções. É
verdade. Isso é o nosso quotidiano. E o que nós não queremos é que nos cortem as
pernas e que nos cortem as asas ao sonho, não é?
É fundamental que nos deixem continuar a ser gente de
missão, empenhada em transformar a vida. É importante que os nossos jovens, as
nossas crianças, que os velhos envelheçam com dignidade. Eu acho que é o sonho
de todos nós que estamos nesta missão autárquica, não é?
…
E há uma questão importante que é que, de facto, aquilo que
se está a fazer não foi plebiscitado em eleições e é preciso que haja aqui uma
ponderação sobre isso.
Ninguém, nenhum partido, anunciou na campanha eleitoral, não
é?, que ia reduzir freguesias, que ia reduzir municípios, que ia tirar
competências, tec. etc. e até recursos. Portanto, eu acho que é preciso uma
reflexão e uma ponderação muito séria sobre o caminho que está a ser seguido
porque precisamos, como dizia o colega de Coimbra, de confiar. É uma questão
fundamental. Nós, no país, temos de reinstalar a confiança. A confiança entre
todos. A confiança no Governo, nos governos locais, no parlamento, dos cidadãos
em relação aos seus governantes e aos políticos.
…
Peço, por tudo, que não estraguem o poder local democrático
que é a maior riqueza que a nossa população, e que o nosso país, tem.»
Pode ver AQUI o vídeo do programa.
4 comentários:
Aos costume disse: nada
Igualzinha a ela, tal como sempre e em todo lado. Só baboseiras.
Se quisermos ser menos corrosivos com ela, então digamos que o que disse foi muito claro, como a água.
Isso água, só água: H2O ou melhor duas partes de hidrogénio e uma de oxigénio.
Hidrogénio e oxigénio são invisíveis.
Que grande seca tê-la ouvido!
A intervenção da maria emília foi um hino ao vazio mental, à falta de um fio condutor ao discurso.
Nõa é por acaso que Almada é o que é.
Deus não gosta de Almada.
Mas que raio, afinal o que é que o PCP quer afinal?
Por um lado a Maria Emilia vem para a TVI dizer mal das empresas multimunicipais de gestão de água, por outro gasta muitos milhares de euros na AIA, que começou por ser um sítio onde arranjaram um tacho ao ex-presidente dos SMAS que não foi eleito, mas que anda a fazer estudos pormenorizados de todos os sistemas de produção da península de Setúbal, com exceçao óbvia do Montijo que nao é comunista.
Afinal o que é que não querem, multimunicipais ou perder a tacharia?
Para quem quiser conhecer, pode até ir ver o site
http://www.aia-regiaosetubal.pt/index.php?q=actividades
E quando a oposição acordar já está constituída uma empresa para plantar ondas de autarcas em final forçado de mandato, com filhos e camaradas. Tudo a bem da causa pública, como se percebe!
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