«Contrariamente ao que seria de esperar, Miguel Relvas nada
diz sobre a substância deste caso, a inadmissível promessa de retaliações à
jornalista e ao jornal caso a investigação em curso sobre as suas relações com
Jorge Silva Carvalho, ex-chefe do Serviço de Informações Estratégicas e de
Defesa, prosseguisse.
A forma como o PÚBLICO e a jornalista Maria José Oliveira
acompanharam o caso são por si só a melhor prova de que as nossas notícias se
pautaram pelo rigor. Noticiámos em 28 de Janeiro que Jorge Silva Carvalho tinha
enviado ao Governo um relatório com um plano de reformas para as secretas, o
que Miguel Relvas considerou ser “absolutamente falso”; voltámos a noticiar a 9
de Maio que o ministro tinha recebido do ex-espião um e-mail e sms com
propostas para as secretas, o que Miguel Relvas admitiria no Parlamento; e
referimos que nas suas declarações no Parlamento Relvas se lembrara de ter
recebido um “clipping” sobre uma visita de Bush ao México, o que contradizia a
afirmação do ministro quando afirmara ter conhecido Silva Carvalho entre Março
de 2010 e Junho de 2011 – a última visita de Bush ao México noticiada pela
Reuters é de 2007. Em causa jamais estiveram interpretações, mas factos.
É verdade que, apesar de todos os mecanismos de controlo, há
erros ou omissões que se detectam apenas a posteriori. Não temos problemas em
corrigir títulos, como reconhece Miguel Relvas, nem de adiar a publicação de
notícias até que sejamos capazes de lhes acrescentar o valor informativo que as
tornam indispensáveis – como fizemos na quarta-feira.
Ao pretender contornar esta realidade com a construção de
uma imagem distorcida sobre o jornalismo do PÚBLICO, Miguel Relvas elabora uma
manobra de diversão. Recordemos: não é a qualidade da investigação sobre o caso
das secretas que está em causa, mas a tentativa de intimidação à jornalista que
a conduziu. Não dando explicações à ERC sobre os seus actos e as suas
intenções, Miguel Relvas errou o alvo.»
Comunicado da Direção Editorial do Público, de 20-05-2012, publicada
online às 19:25h.
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Além das alegadas pressões sobre a jornalista, Miguel Relvas passou a tentar pressionar, também, a ERC? E é este homem o n.º 2 do Governo... Como é possível o 1.º Ministro continuar a manter a confiança política nesta sinistra personagem? O que impede Passos Coelho de demitir Miguel Relvas?
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