Fonte: Cartaz da CM de Alcanena.
Um pouco por todo o país esta é a
hora de “comemorar abril”.
Assim como na Assembleia da
República é a HIPOCRISIA POLÍTICA que decora as paredes do parlamento nas comemorações
deste 41.º aniversário.
Que moral tem esta gente para
falar em Democracia se são incapazes de respeitar a Constituição?
Veja-se a forma como o caso das
Assembleias Distritais tem sido tratado efetivamente, muito embora os discursos
no plenário digam o inverso. E em maior ou menor grau de responsabilização, uns
por acção (dolosa), outros por omissão (negligente) ou até mera indiferença, há
aqui culpas em todas as bancadas.
A começar pela ausência da
maioria dos deputados do grupo de trabalho – Miguel Tiago (PCP), Luís Fazenda
(BE) e Morais Soares (CDS), tendo apenas estado presentes os representantes do
PSD e do PS.
E a terminar na espécie de
declaração, não assumida expressamente mas lida nas entrelinhas dos vários discursos…
De que nada se podia fazer... Que o assunto exposto necessitava de um estudo
jurídico mais aprofundado... Que o mais provável era não ser possível fazer uma
norma interpretativa apesar da questão ser preocupante e a ela estarem atentos...
Blá, blá, blá, etc. e tal... Ainda assim tiveram o desplante de prometer que
iam estudar a matéria e depois logo se veria.
Obviamente que dois meses depois
a situação agravou-se e aqueles senhores e senhoras nada fizeram para resolver
o problema que a sua própria incompetência criou.
Refiro-me à redação
propositadamente dúbia da Lei n.º 36/2014, de 26 de junho, e que apenas visou legitimar
o confisco do valiosíssimo património predial da Assembleia Distrital de
Lisboa, proteger os autarcas incumpridores (como a Câmara Municipal de Lisboa) e
transformar em escravos os trabalhadores destas entidades obrigando-os a
exercer as suas funções gratuitamente impedindo-os, por tempo indeterminado, não
só de receber os ordenados que alguns já tinham em atraso há vários meses como proibindo-os
de auferir qualquer remuneração a partir da entrada em vigor daquele diploma e
até à conclusão do processo de transferência da Universalidade para uma nova
Entidade Recetora (o que em Beja, Lisboa e Santarém ainda não aconteceu,
seguramente não por culpa dos funcionários).
Naquele dia, mesmo com toda a vergonha,
revolta e indignação que se tinha apossado de mim perante o comportamento
observado, saí da audiência com duas certezas, embora ainda com uma secreta esperança
(mínima é certo) de que poderia ter conseguido sensibilizar aquelas “alminhas”.
Mas hoje é evidente que já não
tenho quaisquer dúvidas:
Que a Palavra dita em plenário da Assembleia da República de nada vale
e, por isso, não se honra. O que conta é a "intenção do legislador"
acertada nos bastidores e numa versão adaptada às necessidades de quem tem o
poder e usada para satisfazer objetivos escusos.
Que naquela que dizem ser a "casa da Democracia" é mais fácil
fazer aprovar leis de proteção aos animais ou perdoar corruptos arrependidos,
do que defender o direito dos trabalhadores das Assembleias Distritais a
receberem o seu salário atempadamente.
Sem comentários:
Enviar um comentário