Na continuação do meu artigo do
passado dia 6 do corrente mês, intitulado «Sobre
as assembleias municipais em tempo de autárquicas», venho acrescentar mais
algumas reflexões sobre o assunto e sobre as quais já escrevi no grupo Democracia
Local, da rede facebook.
Custou-me imenso renunciar aos
cargos na Assembleia Municipal
de Almada e na Assembleia de
Freguesia de Cacilhas. Mas há
princípios que se sobrepõem às questões políticas e a minha dignidade está
acima de qualquer valor partidário. Como fora eleita pelo BE e não através
de um círculo uninominal, considerei que os lugares deveriam ser colocados à disposição
do partido e assim o fiz, acabando mesmo por sair definitivamente no ano
seguinte.
Mas ainda hoje tenho alguma mágoa
por ter deixado de exercer essas funções pois julgo que os meus conhecimentos e
a minha experiência profissional poderiam ser uma mais-valia na prossecução
daquela que eu acho deve ser a missão destes órgãos deliberativos autárquicos.
Tinha (e tenho) ideias e
propostas muito precisas sobre a organização das assembleias municipais e de
freguesia. Algumas até, tentei colocar em prática mas, em ambos os casos,
recebi sempre muita resistência da parte da CDU mesmo nas coisas mais simples: redação
das minutas
e das atas,
por exemplo, apesar de ter elaborado modelos e me ter disponibilizado para
esclarecer todas as dúvidas.
É pena que os partidos dispensem
tão pouca atenção ao funcionamento das assembleias autárquicas pois elas são,
na minha opinião, os órgãos que mais poderiam contribuir para aproximar a
população das questões da governação local.
Mas em Almada há tanta coisa por
fazer… A começar pela disponibilização de instalações
condignas para o plenário funcionar regularmente (o que não inviabilizaria a opção
que tem vindo a ser seguida até à data que é a deslocalização pelas freguesias,
mas que deveria passar a ocorrer apenas em casos específicos).
E, também, a organização de um
"centro de documentação autárquica", com a informação devidamente
catalogada e com índices comentados para possibilitar as consultas
direcionadas, onde se colocasse à disposição dos autarcas e dos munícipes não
só uma cópia dos documentos apreciados em plenário como bibliografia específica
sobre a atividade autárquica.
Um espaço polivalente onde se
pudessem realizar debates e realizar exposições temáticas (de cariz
temporário), versando sempre a matéria do poder local, com primazia aos
assuntos do concelho mas servindo também para mostrar outras realidades, era
também fundamental nesta estratégia de aproximação dos eleitos aos eleitores.
Obviamente que a gravação vídeo
das reuniões públicas das assembleias (municipal e de freguesia), assim como
dos respetivos executivos, e a sua disponibilização online, seria um passo
muito importante para possibilitar o escrutínio por parte dos cidadãos e uma
forma de contribuir para a qualidade do desempenho dos autarcas.
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