No artigo de opinião de Daniel
Sampaio publicado ontem (dia 7 de julho de 2014) no jornal
Público, muita coisa considero
merecer a minha atenção. Mas destaco apenas estes dois parágrafos:
«Em primeiro lugar, o actual líder do PS nega um princípio fundamental
em democracia: num partido democrático, as lideranças estão sempre em questão,
podem ser postas em causa em todos os momentos (desde que se respeitem as
regras) e são, como é óbvio, muito condicionadas pela interpretação que é
feita, em cada momento, das sondagens de opinião e dos resultados eleitorais.
Costa e os seus apoiantes entenderam que este é o momento de disputar a
liderança. Têm toda a legitimidade para o fazer, como tiveram direito a recuar
há cerca de um ano. Pôr em causa essa lógica é deturpar o cerne da democracia,
que define os mandatos como permanentemente renováveis. Por outro lado, a
política necessita de intuição no aproveitamento das oportunidades. Não há
nenhum problema nisso: o sentido táctico define os grandes líderes. Se Costa
entendeu ser este o seu momento, o PS que disputa, com civismo, se o quer como
líder e futuro primeiro-ministro.»
E deixo apenas estas duas
perguntas a Daniel Sampaio:
Num país, constitucionalmente
consagrado como sendo um Estado de Direito Democrático, acha o senhor legítimo
que António Costa, por mero capricho político pessoal, assuma a título pessoal
uma posição à margem da lei, que contudo diz ser em nome do município mas que o
foi à revelia dos seus órgãos autárquicos (pois nem executivo nem deliberativo
alguma vez se pronunciaram sobre o assunto), e leve à falência uma entidade da
administração pública e, deliberadamente, provoque a existência de salários em
atraso há mais de sete meses consecutivos?
Considera o senhor que, por meros
interesses partidários ou simples questões de índole política (por mais "ponderosas" que possam ser) se considere legítimo atropelar direitos constitucionalmente
protegidos dos trabalhadores (como o é o direito à retribuição), sobrepondo-os
à Lei e à Justiça?
Pois. Mas é isso que António
Costa está a fazer aos trabalhadores da Assembleia Distrital de Lisboa não se
coibindo de mentir para se justificar, seja nas reuniões da Câmara Municipal ou
através da Secretaria-geral do município em ofício dirigido à ADL.
Por isso, uma última questão:
A que princípio democrático se
está o senhor a referir no seu texto?
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