terça-feira, 8 de julho de 2014

Três perguntas a Daniel Sampaio.


No artigo de opinião de Daniel Sampaio publicado ontem (dia 7 de julho de 2014) no jornal Público, muita coisa considero merecer a minha atenção. Mas destaco apenas estes dois parágrafos:

«Em primeiro lugar, o actual líder do PS nega um princípio fundamental em democracia: num partido democrático, as lideranças estão sempre em questão, podem ser postas em causa em todos os momentos (desde que se respeitem as regras) e são, como é óbvio, muito condicionadas pela interpretação que é feita, em cada momento, das sondagens de opinião e dos resultados eleitorais.
Costa e os seus apoiantes entenderam que este é o momento de disputar a liderança. Têm toda a legitimidade para o fazer, como tiveram direito a recuar há cerca de um ano. Pôr em causa essa lógica é deturpar o cerne da democracia, que define os mandatos como permanentemente renováveis. Por outro lado, a política necessita de intuição no aproveitamento das oportunidades. Não há nenhum problema nisso: o sentido táctico define os grandes líderes. Se Costa entendeu ser este o seu momento, o PS que disputa, com civismo, se o quer como líder e futuro primeiro-ministro

E deixo apenas estas duas perguntas a Daniel Sampaio:

Num país, constitucionalmente consagrado como sendo um Estado de Direito Democrático, acha o senhor legítimo que António Costa, por mero capricho político pessoal, assuma a título pessoal uma posição à margem da lei, que contudo diz ser em nome do município mas que o foi à revelia dos seus órgãos autárquicos (pois nem executivo nem deliberativo alguma vez se pronunciaram sobre o assunto), e leve à falência uma entidade da administração pública e, deliberadamente, provoque a existência de salários em atraso há mais de sete meses consecutivos?

Considera o senhor que, por meros interesses partidários ou simples questões de índole política (por mais "ponderosas" que possam ser) se considere legítimo atropelar direitos constitucionalmente protegidos dos trabalhadores (como o é o direito à retribuição), sobrepondo-os à Lei e à Justiça?

Pois. Mas é isso que António Costa está a fazer aos trabalhadores da Assembleia Distrital de Lisboa não se coibindo de mentir para se justificar, seja nas reuniões da Câmara Municipal ou através da Secretaria-geral do município em ofício dirigido à ADL.

Por isso, uma última questão:

A que princípio democrático se está o senhor a referir no seu texto?

Sem comentários:

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