Pagar para ir trabalhar todos os dias
(nomeadamente despesas com transportes e alimentação), apesar de saber que cada
mês é mais um em que, provavelmente, não vai receber salário?
Trabalhar mas estar sem receber
ordenado há vários meses consecutivos e como não está tecnicamente
desempregado(a) não ter direito a qualquer subsídio?
Estar privado(a) da sua retribuição mensal meses
e meses consecutivos, apesar de não ter sido condenado(a) em processo
disciplinar nem judicial?
Ter um contrato de trabalho há
quase trinta anos e, todavia, estar a ser tratado(a) como se não tivesse
quaisquer direitos, nomeadamente o de receber a retribuição no final do mês?
Precisar de assistência médica e ela poder
ser-lhe negada a qualquer momento porque a entidade patronal que não lhe paga
os salários há meses consecutivos também não entregou ao Estado as
contribuições para o sistema de segurança social?
Ver-se obrigado(a) a andar meses
consecutivos (e sem saber quando a situação termina) a pedir a familiares e
amigos que o ajudem financeiramente a suportar as despesas mensais fixas com
habitação, alimentação e saúde?
Não receber salários há meses consecutivos e,
mesmo assim, ter de trabalhar todos os dias, por vezes até dez horas ou mais,
num gabinete com temperaturas que no inverno chegam a atingir os 12.ºC e no
verão 30.ºC, para cumprir todas as tarefas e responsabilidades profissionais
que lhe cabem?
Ter salários em atraso há meses consecutivos
e ser obrigada a trabalhar diariamente numas instalações que podem colocar em
perigo a sua saúde e segurança por não respeitarem as normas legais sobre essa
matéria: sem planta de emergência nem sistema contra incêndios, onde há
condutas de ar condicionado obsoletas e nas quais ainda circula um gaz tóxico,
onde quase nunca há luz nas escadas e os elevadores estão permanentemente
avariados (sendo que os serviços são no 3.º andar e o arquivo na cave 3)?
Cumprir com zelo e dedicação as suas funções em
termos profissionais, como inúmeras provas documentais e várias testemunhas o
podem confirmar, sem margem para quaisquer dúvidas, e, em contrapartida, ser humilhado(a)
publicamente como se fosse um(a) incompetente, um(a) inútil que nada faz?
E não, não se trata de uma
ocorrência vivida no tempo da ditadura! E também se engana se pensa que este é
um caso típico de algum empresário prepotente. Por mais inacreditável que seja esta
situação, ela ocorre nos dias de hoje, no ano em que se comemora o 40.º
aniversário do 25 de Abril, e acontece numa entidade da Administração Pública
Local, constitucionalmente consagrada: a Assembleia Distrital de Lisboa.
E PORQUÊ?
Porque o presidente da
Câmara Municipal de Lisboa é de opinião que a Assembleia Distrital de Lisboa
deve ser extinta e considera que a forma para atingir esse objetivo é provocar
a falência da entidade e, por isso, tem vindo a impedir, desde janeiro de 2012,
que a autarquia pague a contribuição a que está obrigada (nos termos do artigo
14.º do Decreto-Lei n.º 5/91, de 8 de janeiro), independentemente das
consequências que essa atitude provoque.
E apesar da evidente INJUSTIÇA e
dos GRAVES PREJUÍZOS que estão a causar aos trabalhadores, havendo já quem não
receba vencimento há sete meses consecutivos, os órgãos autárquicos do
município de Lisboa (executivo e deliberativo) têm vindo, por inércia, a dar
cobertura a esta atitude ilegal, impensável num Estado de Direito Democrático,
sendo cúmplices dos crimes atrás denunciados.
SE FOSSE CONSIGO? COMO SE SENTIRIA?
MANTER-SE-IA EM SILÊNCIO?
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