domingo, 19 de fevereiro de 2023

O ESTADO COMO GESTOR IMOBILIÁRIO: ENTRE O DOLO E A NEGLIGÊNCIA.

 


Vem esta breve nota a propósito do pacote de medidas apresentado pelo Primeiro-Ministro, o Ministro das Finanças e a Ministra da Habitação intitulado “MAIS HABITAÇÃO” apresentado no passado dia 16 de fevereiro.

Ao ouvir quais eram as intenções do Governo, a palavra que me veio logo à memória foi: “HIPOCRISIA!”… e não pude deixar de pensar no caso do vastíssimo e valioso património predial da Assembleia Distrital de Lisboa (entidade onde exerci funções durante 28 anos: de 1987 a 2015) e na gestão dolosa, irresponsável e negligente como durante décadas o Estado tem vindo a gerir esses bens que incluem desde quintas seculares (nos concelhos da Amadora, Loures e Odivelas) a edifícios de serviços no centro de Lisboa (junto ao Jardim Constantino) até bairros sociais e centenas de lotes de terreno (para construção e indústria) no concelho de Odivelas.

Uma entidade que deixa património imobiliário ao abandono até à ruína (nalguns casos imóveis de valor histórico – como sejam, por exemplo, as quintas do Enforcado, da Lage e de Santo Eloy) e tem dezenas de frações habitacionais onde vivem famílias em condições degradantes (como acontece nos Bairros Sociais Dr. Mário Madeira, de Santa Maria e de São José), será que consegue implementar as medidas que o Governo ora se propõe para resolver o problema da habitação?

Sinceramente? Não creio! Quem conhece estas situações (como eu), não consegue ter confiança nas promessas do Governo.

Para quem não acredita no que digo, deixo-vos a fonte onde podem recolher toda a informação: Inventário do património predial da ADL, onde encontrará, por município, a lista completa dos prédios em causa (rústicos e urbanos), com a respetiva identificação predial e álbuns de fotografias impressionantes sobre o estado de degradação a que, já em 2013, tinham chegado aqueles bens… imagine como estarão dez anos depois, quando sabemos que nada (nadinha mesmo) foi feito em prol da sua recuperação.

Fica, também, a ligação para uma das últimas exposições realizada nos Serviços de Cultura da ADL antes de serem extintos: Olhar o património, onde cada cartaz apresenta um resumo sobre a história das quintas acima referidas.

Por último, deixo os slides de apresentação da minha dissertação de mestrado que se centrou no estudo deste património, e o livro que foi, depois, editado: “Os terrenos do domínio privado do Estado e a gestão do território” cujas principais conclusões se resumem à constatação de que houve:


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