Em 2008 assinei várias denúncias,
em nome da Comissão de Trabalhadores das Assembleias Distritais, contra
diversas autarquias dos distritos de Castelo Branco, Santarém, Vila Real e
Viseu.
Naquela época, entre outros
incumprimentos legais e desrespeito pela Constituição da República Portuguesa
por parte dos autarcas visados, havia trabalhadores com salários em atraso,
sendo que num caso a situação já se mantinha há vários meses consecutivos.
Decorridos mais de quatro anos,
acabei de receber da Inspeção Geral de Finanças (na qual foi integrada a IGAL
entretanto extinta) um relatório com 91 páginas para, sobre ele, me pronunciar
em 10 dias, sob pena de o processo ser arquivado liminarmente.
Mas o que mais me choca não é
esta pressa em que me pronuncie nem espaço tão curto (quando eles tiveram não
dez dias, nem dez meses, mas sim mais de 48 meses para estudar o assunto), foi
ter-me apercebido que, a quando do contraditório, a IGAL informou todos os autarcas
quem eu era (nome, cargo que ocupava e onde exercia funções), como se a queixa
fosse em nome da entidade onde trabalho.
Acontece, porém, que a denúncia
fora feita em nome da Comissão de Trabalhadores e não a título individual, o
que acabou por gerar algumas confusões e propiciou a que um dos autarcas visados
me dirigisse, por escrito, ofensas que considero graves, lesivas do meu bom
nome (das quais só agora tive conhecimento através deste relatório da IGF, mas
que explicam algumas situações que me aconteceram à época e para as quais nunca
encontrara justificação).
A queixa não era anónima. A minha
identificação estava completa, pois assumo sempre o que digo e escrevo, assim
como as consequências que daí advêm. Mas, pergunto, não teria a IGAL o dever de
evitar equívocos e proteger a minha identidade?
Não tenho qualquer problema que
os autarcas incumpridores saibam que fui eu a fazer a denúncia. Não disse
mentiras. Não levantei calúnias. Provei tudo o que disse. Mas considero que a
atuação da IGAL não foi a mais correta, muito pelo contrário, pois deu azo a
que pudessem haver retaliações e criou conflitos desnecessários.
E conforme consta do relatório agora
recebido, e respetivos documentos anexos, ninguém contestou as acusações
proferidas que ficaram, todas elas, confirmadas.
A terminar tenho de me
congratular por ver que as diligências efetuadas pela Comissão de Trabalhadores
resultaram no pagamento de diversas dívidas das autarquias às respetivas
Assembleias Distritais tendo permitido resolver diversas situações irregulares,
nomeadamente o pagamento dos salários em atraso.
Valeu a pena a nossa intervenção!
Sem comentários:
Enviar um comentário