«A Assembleia Municipal de Barcelos aprovou sexta-feira, por maioria,
uma proposta do Bloco de Esquerda para a realização de um referendo local a
propósito da agregação de freguesias.
A proposta foi aprovada com 66 votos a favor, assinados pela totalidade
das bancadas do Bloco e do PS, mas também por alguns deputados do PSD e
independentes.
A
pergunta proposta pelo BE é se os eleitores de Barcelos concordam que a
Assembleia Municipal (AM) "se pronuncie a favor da reorganização das
freguesias, promovendo a agregação, extinção ou fusão de qualquer uma
delas".
Contra o referendo votaram 63 deputados, da CDU, do CDS-PP e do PSD,
partido que se mostrou dividido nesta questão.»
Eu que até sou pela consulta
direta aos eleitores nesta questão da reforma territorial, e me tenho mostrado
favorável à proposta do Bloco de Esquerda de referendar o assunto, confesso
que, agora, fiquei deveras confusa ao ler esta notícia.
Então o BE quer apenas, afinal, que
se faça um referendo para perguntar à população se o órgão deliberativo deve,
ou não, pronunciar-se sobre a matéria?
Vamos lá ver se entendo: mas,
assim, quem vai decidir serão, sempre, os membros da assembleia municipal e não
os eleitores, certo? É verdade… estes representam a vontade popular… mas já a
representavam antes, ou não? Então, objetivamente, para que serve o referendo (se
a pergunta for aquela)?
Parece-me que em vez de “devolver
o poder ao povo”, fortalecendo a democracia participativa, está-se é a atribuir
somente mais uma “tarefa” àquele órgão municipal, alterando a lei das
atribuições e competências das autarquias… o que configura uma espécie de usurpação
da função que compete à Assembleia da República.
E se não é para os fregueses se pronunciarem,
diretamente, sobre se a sua freguesia deve, ou não, manter-se, ser extinta ou
agregada, para quê a farsa de consultá-los?
Sem comentários:
Enviar um comentário