Começo com uma transcrição (parafraseada) de um poema magistral de Jorge Palma (de quem sou fã, aliás sou mesmo uma “palmaníaca”), ilustrada com uma fotografia retirada na internet (de autor desconhecido):Enquanto houver estrada para andar
A gente vai continuar… Mesmo com vários obstáculos pelo caminho, climáticos ou outros.
Enquanto houver ventos e mares
A gente não vai parar… Podem ter a certeza.
Trata-se de um recado.
E ele é dirigido ao autor(a) das cartas anónimas e a quem ontem começou a enviar-me mensagens pelo telemóvel. Presumivelmente a mesma pessoa.
Adiante…
Lembrei-me desta música (cujo vídeo anexo no final) porquê? Muito simplesmente porque acabei agora mesmo de ler um artigo de opinião do deputado da Assembleia Municipal de Almada (pela CDU) e deputado na Assembleia da República (pelo PCP) Bruno Dias, que termina com a frase: «Como diz o Jorge Palma, enquanto houver estrada para andar, a gente vai continuar.»
Dirige-se ele, a propósito da Greve Geral do passado dia 24 do corrente mês, ao Governo e ao Partido Socialista, presume-se. Apesar das justas críticas apontadas à forma como o país tem sido governado e de até poder concordar com a generalidade dos argumentos apresentados no que toca à necessidade de os trabalhadores não cruzarem os braços e lutarem pelos seus direitos, não posso deixar de ligar este texto à realidade do nosso concelho.
Ora, se pensarmos no que se passa na Câmara Municipal de Almada, nomeadamente a nível da gestão dos recursos humanos, podemos constatar que este texto é profundamente hipócrita e demagógico.
Comecemos logo pela acusação: «um partido chamar-se “socialista” e ter uma política de direita anos e anos a fio.» Que dizer, então, de um partido dizer-se “comunista” e fazer exactamente o mesmo (ou pior, ainda)? Que moral terá para criticar seja quem for?
A seguir: «a luta em defesa dos direitos aí está por mais que os “donos da verdade” pretendam convencer-nos do contrário». Exactamente! Por mais que a CDU, em Almada, o negue, aqui estamos nós para denunciar as más práticas na gestão autárquica. E não é com cartas anónimas difamatórias e, agora, mensagens ofensivas por telemóvel que nos farão parar!
Vejam agora esta frase: «A intimidação, a chantagem, a deturpação mediática… tudo isto tem de ser desmascarado. É preciso enfrentar o medo.» Aplica-se ou não, na perfeição, àquilo que se tem passado em Almada? E é um bom conselho aos muitos trabalhadores da CMA/SMAS que têm vindo a ser prejudicados para não pactuarem mais com as arbitrariedades de que são alvo.
Ou esta (que é fenomenal!): «É mais importante do que nunca sacudir esse conformismo, esse fatalismo, dizer e repetir que sim, vale a pena lutar. Que sim, faz diferença – e que a pior diferença é a que resulta do silêncio e da cobardia. Porque comer e calar não deixa as coisas na mesma: deixa tudo pior.» Pensem, agora, nas atrocidades que são cometidas e/ou permitidas pela CDU na CMA/SMAS… e digam-me lá o que acham deste conselho?
Conhecendo nós o que tem sido o papel do STAL e da Comissão de Trabalhadores na CMA, o cúmulo da hipocrisia é mesmo esta comunicação que Bruno Dias nos faz, ao dizer que ao escrever aquele texto seguira para o contacto com os trabalhadores a quem diz saudar expressando “aquilo que já é sabido”: «a solidariedade de todo um colectivo partidário que existe e cresce e avança justamente para que avance a luta de quem trabalha por uma vida melhor.»
É possível acreditar no que esta gente diz? Dizem-se solidários com os trabalhadores mas na CMA/SMAS dão o seu aval e cobertura, através do tal “silêncio cobarde” que condenam, a uma série de atropelos aos seus mais elementares direitos. Quanto vale a palavra de gente assim?















