Imagem Google Maps
A propósito da praia da Costa da
Caparica, vou partilhar um pequeno texto convosco. Não identifico o autor,
propositadamente. Deixo que adivinhem... Acrescento apenas que é retirado de
uma revista de um jornal.
Um retrato da triste realidade
apesar dos muitos milhões de um falhado POLIS e de décadas de uma gestão que o
presente qualifica (e, por isso, não necessito de adjetivar... basta fazer uma
visita ao local)...
(...)
«Passada a Ponte 25 de Abril, no
caminho para a praia, cartazes das eleições autárquicas.
Qualquer pessoa que olhe em
volta, ao entrar na Caparica, deve perceber que, se há um modelo errado, é
aquele. Ou seja, nunca mais deviam votar em quem pariu aquele monstro de uma
das mais belas praias de Portugal.
A Caparica é um subúrbio com as
características suburbanas da cintura industrial. A diferença é o mar.
Os prédio-caixotes-escaqueirados, a
ausência de árvores, as lojas substituídas por minimercados e supermercados
(essa invenção portuguesa que deu cabo do pequeno comércio e da vida de rua).
Na estrada para as praias
adjacentes da Caparica, vemos construções clandestinas umas atrás das outras,
um parque de campismo que parece um campo refugiados, canos rotos, restaurantes
de churrasco com nomes de novela de Lobo Antunes.
Uma melancolia suburbana cobre a
paisagem como uma nuvem.
É como estar na Venezuela ou nos
recantos do Brasil pobre e primitivo, longe de Búzios e de Trancoso.
Cheira a iniquidade.
Se existe um mundo obsoleto na
Europa ocidental do século XXI, é aquele. Dos Pirinéus para cima, aquilo não se
vê. Exceto a Leste. É a Moldávia, as sobras apodrecidas do império soviético.
A lusa gente passou da falta de
instrução para o telemóvel e o carro topo de gama sem transição. Não aprendeu,
não quis aprender.
E os autarcas que toleraram e
encorajaram aquilo, a destruição de uma paisagem que podia ser e devia ser hoje
um ponto de criação de riqueza e não passa de um gueto, têm o mesmo gosto e o
mesmo "empreiteirismo" na cabeça. As velhas casa da Caparica,
bonitas, definharam no lúmpen.
E chegamos às praias. A época
balneária começou mas as praias são a continuação da minha rua. De papel
higiénico a garrafas de cerveja, tudo flutua na areia. Ao cabo de 40 anos,
ninguém consegue manter as praias limpas e as pessoas deitam-se na sujidade. Ao
fim do dia, levantam-se e deixam os despojos na areia, as beatas enterradas, os
iogurtes vazios, os sacos de supermercado.»
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