Este foi o título da crónica de Pedro Nuno Santos, deputado do Partido Socialista, publicada no jornal I no passado dia 1 do corrente mês. Uma frase bastante sugestiva e que pode ser ela mesma o mote para uma reflexão séria sobre os caminhos da esquerda em Portugal.
Transcrevo, a seguir as suas palavras:
«Uma das características da esquerda portuguesa que sempre me revoltou e revolta é o seu sectarismo, que se traduz na incapacidade de trabalhar em conjunto. (...)
Para o PS a responsabilidade é do PCP e do BE. Para PCP a responsabilidade é do PS e do BE. Para o BE a responsabilidade é do PS e do PCP. Para mim, a responsabilidade é de todos.
Para o PS a responsabilidade é do PCP e do BE. Para PCP a responsabilidade é do PS e do BE. Para o BE a responsabilidade é do PS e do PCP. Para mim, a responsabilidade é de todos.
Quem tem beneficiado com esta incapacidade da esquerda em unir esforços tem sido a direita e os sectores mais privilegiados da sociedade portuguesa. Quem tem perdido tem sido o povo português. (...)
Os primeiros anos da nossa democracia marcaram negativamente as relações entre os diversos partidos da esquerda portuguesa. A minha geração nasceu depois do PREC e não compreende, nem aceita que não se tenha ainda conseguido ultrapassar de forma sólida o sectarismo herdado desses anos, até porque conheceu bons exemplos de trabalho conjunto, que se traduziram em vitórias para o povo português.
Lembremos a vitória de Mário Soares contra Freitas do Amaral na segunda volta das Presidenciais de 1986. Lembremos a vitória conseguida na Câmara Municipal de Lisboa, em 1989, com uma coligação que juntou PS, PCP, PEV, UDP e PSR.
Lembremos a vitória de Mário Soares contra Freitas do Amaral na segunda volta das Presidenciais de 1986. Lembremos a vitória conseguida na Câmara Municipal de Lisboa, em 1989, com uma coligação que juntou PS, PCP, PEV, UDP e PSR.
Pasme-se, uma coligação encabeçada pelo Secretário-Geral do PS, Jorge Sampaio, e o líder nacional do PCP, Álvaro Cunhal. Mais recentemente, e já com uma nova geração na liderança, a vitória conseguida no referendo à Interrupção Voluntária da Gravidez foi marcante.
Sempre que conseguiu trabalhar em conjunto, a esquerda derrotou a direita. A única experiência que correu mal foi a da última campanha Presidencial de Manuel Alegre. E não podia ter sido diferente, tendo em conta a forma como o PS e o BE encararam a campanha. Estou até hoje convencido de que a direita do PS e a extrema-esquerda do BE ficaram contentes com a derrota. Queriam ter um exemplo. Um chegava-lhes. Conseguiram.»
2 comentários:
Boa tarde!
Venho por este meio pedir que divulgue em seu blogue o livro "Almada dos Meus Olhos" que está a ser publicado, capítulo por capítulo, num blogue. Caso decida divulgar peço que cole o seguinte texto junto com a imagem em anexo. Grato!
Daniel Simões
O lançamento do livro "Almada dos Meus Olhos - Os últimos Tempos em Portugal", da autoria de Daniel Simões, está a acontecer online, no logue www.almadadosmeusolhos.blogspot.com : vem ser lançado um capítulo de cada vez. Acompanhem! Deixem os vossos comentários!
“Tudo aconteceu nas ruas de Almada, após a passagem do milênio, entre as noites de uma 6ª Feira e de um Sábado. Numa visão fora-da-caixa, fomos levados a passear pelos caminhos do “Vai-de-Roda”, na contínua oscilação entre a poesia, as tradições da Alma Portuguesa e um sentimento underground. Descobrimos uma cidade – o seu comércio, as suas indústrias, os seus estaleiros, as suas associações, a sua juventude, os seus idosos, logo, os próprios almadenses – à mercê dos interesses obscuros das políticas internacionais e das corporações multinacionais, impondo uma sociedade materialista e consumista que dominava quase todo o planeta. Uma viagem entre o microcosmos do autor - e dos personagens que o rodeiam: os filhos do 25 de Abril de 1974 - e o macrocosmos duma sociedade em plena decadência, onde a salvação talvez esteja na verdadeira amizade.”
É fácil determinar as razões porque a esquerda está desunida;
Todo e qualquer líder de esquerda tem uma visão teórica de como o mundo deve ser governado.
Dois lideres de esquerda têm uma visão que difere nalguns pontos uma da outra.
Três lideres de esquerda, propagam a diferença.
Nenhum deles aceitará menos que a liderança.
Tudo somado, um só poleiro, vários galos, ou se destroiem mutuamente, "como a história dos comunas conta",ou só um tem sucesso e a ditadura do costume aparece para não mais querer ir embora.
No fundamental, a esquerda pensa que existe uma maneira ideal de governar o mundo, no pressuposto que o mundo ficaria satisfeito só por se deixar governar, erro crasso, o mundo em geral prefere governar-se a ele próprio a ser governado. É a liberdade acima de tudo que está em causa, liberdade de escolher ou aceitar que outros escolham por nós.
O liberalismo, no essencial, permite que existam até politicos de esquerda, melhor que isso, não encontro.
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