Veja o vídeo AQUI.
«Peço desculpa pelo texto longo,
mas segue toda a situação:
Somos um casal com três filhos,
um de 3 anos, um de 10 anos e uma menina de 14 anos. Gostaríamos de denunciar
como a Câmara de Almada coloca o interesse privado acima do interesse público.
Há alguns anos atrás comprámos um
lote de terreno numa urbanização denominada “ Aldeia dos Capuchos” cujo
proprietário é a empresa CANTIAL. O projecto que nos foi apresentado foi de tal
modo interessante que não foi discutido preço e pagamos um valor muito acima do
mercado.
Era uma zona urbanizada, para
moradias, com uma linda vista para o mar, existiam ainda vários blocos de
apartamentos, blocos de apartamentos turísticos, um hotel, golfe e outras
infra-estruturas desportivas. Está numa zona de baixa densidade populacional e
é zona considerada sensível a nível de ruído. O projecto foi considerado PIN(
Projecto de Interesse Nacional).
Quando adquirimos o terreno,
alguns apartamentos já estavam construídos, o hotel e golf tiveram mais ou
menos o mesmo tempo de construção da nossa moradia assim como mais outras duas
moradias. Apenas duas estão ocupadas, a nossa e a de um Sócio da Cantial (
parte interessada na discoteca).
Passaram-se alguns anos, devido à
crise económica que atravessamos e ao elevado preço não foram vendidos mais
lotes de terreno.
Qual não é a nossa surpresa quando
no dia 20 de Julho pelas 2.30 da manhã acordamos com um ruído estrondoso como
se estivéssemos dentro de uma discoteca. O meu filho de 3 anos acordou em
pânico, a chorar, nem o conseguíamos acalmar, pois não entendia o que se
passava o que perturbava o seu sossego. Os irmãos não conseguiram dormir até de
madrugada, assim como nós.
Já há alguns dias que tínhamos
notado, estarem a construir um evento nos terrenos que ficam a 100 m de nossa
casa, pensamos tudo…mas nunca que se tratava de uma discoteca praticamente a
céu aberto. Trata-se de um recinto onde existe um palco para actuações ao vivo
e ainda de uma “bola”, insuflável que funciona como discoteca. Nem queríamos
acreditar no que tinha acontecido. Nada foi publicitado nessa altura, tudo foi
feito às escondidas.
Ligamos para a polícia GNR, da
Charneca da Caparica que mais tarde nos informou que existia licença para o
espaço, emitida pela Câmara Municipal de Almada, que estavam dentro da lei e
que nada podiam fazer.
No dia seguinte de 21 para 22 de
Julho, passou-se exactamente a mesma coisa, acordamos às 2 e tal da manhã com
um ruído estrondoso, o nosso filho de 3 anos a chorar compulsivamente e ninguém
conseguia dormir na nossa casa.
Na segunda-feira dia 24 de Julho
apresentámos uma queixa na CMA, fomos imediatamente recebidos pelo departamento
de fiscalização (gabinete de ruído), Dr. Norberto Gomes e Eng. Sílvia Fontes.
Informaram-nos que a licença foi emitida apenas por dois dias para avaliação de
impacto. Nós alertamo-los para o impacto criado na nossa família, para a grave
situação de existirem pessoas a viver na casa a 100 m da discoteca e ainda mais
grave crianças a quem estão a tirar o descanso a que têm direito. Responderam
que, na avaliação efectuada não tinham considerado os moradores da Aldeia dos
Capuchos, porque lhe tinha sido comunicado pela Cantial, que como as moradias
pertenciam à Cantial não haveria problema e que estaríamos informados. Neste
ponto houve total negligência por parte dos serviços municipalizados de Almada.
Estavam nessa altura a avaliar a emissão de nova licença até 20 de Outubro. Nós
contestámos que não era legal emitir uma licença mesmo que especial de ruido
numa zona sensível, residencial. Responderam-nos que o processo já estava em
fase adiantada, com a colocação da discoteca já no terreno e que iriam
minimizar os impactos.
Falámos com os nossos vizinhos
(da urbanização e das zonas envolventes) que embora mais distantes do local
também são muito afectados. Reunimos 44 assinaturas e entregamos abaixo-
assinado a juntar a nossa queixa individual na CMA.
Continuamos com nosso protesto
desta vez junto do Director municipal Arquitecto Veríssimo Paulo, uma vez que
não foi possível falar com a presidente da Camara D. Emília Sousa, que estava
para ir de férias (embora ainda se encontrasse ao serviço). Mais uma vez
disseram que estavam a analisar ambas as partes e ainda nos informaram que a
CMA era parceira no evento. A licença requerida seria até 30 de Setembro.
Na quinta-feira passada foi-nos
enviada cópia da nova licença emitida pela CMA, com uma única diferença em
relação ao horário. O horário inicial era sexta e sábado até às 6 horas da
manhã (agora é até às 4), restantes dias até às 4 horas da manhã (agora é até
às 2).
A licença foi emitida em termos
de espaço até 30 de Setembro e a licença especial de ruído até 9 de Agosto
(supomos que seria para renovar nessa altura, o que veio a acontecer).
Desde quinta-feira a nossa vida
virou um inferno, ruído estrondoso da discoteca, de concertos as vivo, barulho
de carros, de pessoas a gritar, pessoas a urinar nos terrenos, a cair de
bêbados pelas ruas. Sendo o mais grave o ruído que não nos deixa descansar.
Nos dois dias de funcionamento de
3/4 Agosto, o horário licenciado foi excedido, no primeiro dia ligamos para a
GNR da Charneca da Caparica, que nos informaram da existência de um acidente
grave e só poderiam ir ao local depois do acidente resolvido, não demos conta
que tivesse acontecido. No dia 4 de Agosto depois de alguma insistência, a GNR
dirigiu-se ao local eram 4.40 da manhã e mandou parar o ruido.
Infelizmente a CMA de Almada não
olhou aos direitos dos cidadãos, aos direitos das crianças. Favoreceu um grupo
económico privado. Passou uma licença de discoteca ao ar livre a 100 de uma
residência por dois dias para avaliar impactos, depois de comunicado o impacto
brutalmente negativo, reincidiram na emissão de nova licença assinada pelo
Vereador José Manuel Raposo Gonçalves (Vice presidente da CMA) e subscrita por
Dr. Norberto Gomes (chefe de Divisão da Divisão de Fiscalização Municipal). No
dia 6 de Agosto, reunimo-nos com o Vice Presidente Dr. José Gonçalves, foi-nos
comunicado que continuavam a analisar impactos e que esperavam a entrega de
relatório acústico por parte do promotor, com testes de ruído na fonte
receptora mais próxima (nossa moradia). Após análise tomariam a decisão. Dia 10
de Agosto, a CMA comunicou-nos via mail que tinha recebido o relatório acústico
com testes realizados no quarto do Hotel Meliã e não na fonte de ruído mais
próxima. Apesar do relatório acústico não estar de acordo com o solicitado, só
haveria uma decisão a tomar, a não emissão de licença até que o relatório fosse
realizado correctamente. Infelizmente, a CMA emitiu pela 3ª vez consecutiva uma
nova licença especial de ruído por mais uma semana sem efectuar quaisquer
testes acústicos dentro das normas. A resposta da CMA foi totalmente negligente
com a situação grave, estão crianças envolvidas, e foi conivente com o
interesse privado.
Filipe Silva»
2 comentários:
Se fosse um comerciante pequeno...Haja boas "cunhas".
Boas gostaria de entrar em contato consigo, para falar sobre essas casas, é possível?
Enviar um comentário