Ora cá estou eu de volta, depois deste silêncio de quase duas semanas.Quem me acompanhou através do Facebook sabe que estive internada no Hospital Garcia de Orta durante seis dias com uma toxidermia de que já recuperei, felizmente, e vou recomeçar a trabalhar no próximo dia 1 de Fevereiro (que é já amanhã).
Para quem costuma passar por aqui (alguns dos quais me contactaram estranhando esta paragem) e não faz parte do meu círculo de amigos naquela rede social, aqui vai uma explicação resumida do que aconteceu:
Tudo começou com uma ida à cardiologista (no dia 12 de Janeiro) que me receitou o FLUDEX, um medicamento para a tensão arterial, cujo composto (a indapamida) me provocou um reacção cutânea adversa. Estranhamente, os efeitos apenas se começaram a fazer sentir após uma semana e, por isso, acabei ficando intoxicada…
No dia 19 (3.ª feira) deito-me bem… mas no dia 20 (4.ª feira), pelas 6h da madrugada, acordo com a cara cheia de manchas vermelhas salientes (tipo mordedura de melga), com dificuldade em ver com nitidez, dores de cabeça e musculares.
Pelas 9h desse mesmo dia, as lesões já se tinham estendido ao pescoço, a cara inchara imenso (sobretudo o nariz e os lábios), comecei a ter dificuldade em respirar… Fui a uma consulta de Dermatologia de urgência e diagnosticaram-me, de imediato, uma intoxicação medicamentosa, receitando-me ATARAX (anti-histamínico) e um creme hidratante.
Todavia, na manhã seguinte ainda nada fizera efeito. Muito pelo contrário: a pele do rosto parecia queimar, estava até mais inchada e vermelha, e a dificuldade em focar era ainda maior devido ao edema das pálpebras e à sensação de secura e picadas nos olhos. Sentia um ardor imenso e uma comichão crescente que se estendia pelo peito, braços e costas por onde as manchas tinham alastrado também.
Assustada, dirigi-me ao Serviço de Urgência do Hospital Garcia de Orta. Segui, de imediato, da triagem para a observação médica. Fiz análises que confirmaram a toxidermia grave. Como já tinha, também, a garganta inflamada e as lesões continuavam a aumentar (tinham chegado às coxas), mesmo com a toma de medicação intravenosa, e começara a ter febre (que não baixava com os medicamentos), tive de ficar internada pois havia o perigo de o fígado poder estar a ser atingido já que o valor das transaminases estava bastante elevado (duas vezes superior ao valor médio de referência).
Só a partir de domingo as melhorias começaram a ser significativas… após uma terapia com corticóides, muitos litros de água bebível (para fazer funcionar os rins e drenar as impurezas) e constante colocação de cremes na pele (quatro vezes ao dia). A comichão diminuiu e as lesões pararam, contudo, depois de aparecerem uma bolhas, a pele começou a secar toda e a cair ficando lisa mas de tonalidade muito irreglar. De segunda feira em diante o inchaço do rosto desapareceu, embora ainda vermelho, mantendo-se as manchas nos braços, tronco e pernas.
Tive alta na 4.ª feira passada, dia 27, com atestado de prolongamento até hoje (dia 31) e indicação expressa para evitar os contrastes de temperatura, em particular a exposição solar e o frio, manter durante três semanas a corticoterapia, beber no mínimo 1,5 litros de água por dia, colocar creme hidratante de protecção elevada no rosto (factor 45) e normal no resto do corpo. Como o fígado está fragilizado (voltei a repetir as análises e vou à consulta no hospital sexta-feira que vem) não convém tomar outros medicamentos para já e, como tal, devo evitar constipar-me e tenho que ter muito cuidado com a tensão arterial que, por ser de origem nervosa, volta e meia sobe demais (só que, agora, por enquanto, não posso tomar nada para a fazer baixar).
Parece que o que me aconteceu (esta reacção alérgica à indapamina) é invulgar. O meu médico de família disse-me que fui o primeiro doente seu conhecido e já a cardiologista afirmou o mesmo. Felizmente recuperei bem e de forma bastante rápida… a equipa médica disse que “sou de boa cepa, resistente” pois as lesões colaterais poderiam ter sido bem piores.
Contudo, segundo a dermatologista que me deu alta, a partir de agora tenho de estar sempre em alerta acerca da composição de quaisquer medicamentos que venha a tomar… a mínima dose de indapamina na sua composição pode-me ser fatal.
A partir de amanhã penso que tudo voltará ao normal (embora a um ritmo um pouco mais lento)… mas a actualização regular deste espaço não será esquecida.




