Findo este quase completo ciclo eleitoral, só faltaram as Presidenciais, é oportuno pensar e analisar o Bloco de Esquerda após mais um crescimento notável.
A nível nacional este crescimento fez-se, principalmente, à custa do PS e muito pouco ou quase nada do PCP, que continuou/continua a manter a indefectível e tradicional base de apoio: a esquerda anti-PS.
Os resultados eleitorais do BE nas Europeias e Legislativas são um sinal de confiança, mas também de esperança de o BE passar a fazer parte da “solução”. Se o não fizer arrisca-se a voltar ao princípio: extrema-esquerda/desabafo/esperança.
A nível nacional o BE continua em elevada ascensão porque representa uma esquerda informada, inconformista e culturalmente avançada. Mas, a partir de agora, o crescimento do BE só será possível se/quando o BE fizer parte da “solução”.
A nível local, o BE (Almada) ainda está na fase de extrema-esquerda, anti-poder (central). Precisa de crescer e aprender a ser oposição ao poder local. Essa é a vertente que, verdadeiramente, tem de mostrar.
Historicamente, a saudade ou falta do “Partido” fez com que alguns tivessem abandonado a UDP/PCP(R) e se juntassem ao PCP, não tendo chegado ao BE. Outros criaram a Política Operária que está mais perto do PCP do que do BE.
A Política XXI, um dos fundadores do BE, trouxe o que foi aproveitável do movimento Reformador do PCP.
Mas, no BE, continuam a existir camaradas com saudades do “Partido”, o que faz com que, localmente (em Almada que é o que me interessa), o BE por vezes seja uma oposição que se sente “culpada” e, portanto, ineficaz porque conivente com o PCP.
Os resultados eleitorais no concelho de Almada foram bastante positivos, ganhamos um Vereador.
Note-se que a nível nacional o BE conseguiu eleger mais dois vereadores, tendo sido um em Almada.
Também tivemos um crescimento, embora moderado, em número de votos em todas as freguesias do concelho, quer para as Assembleias de Freguesia, quer para a Assembleia e Câmara Municipal.
É de realçar que o aumento da votação no BE não terá sido apenas por transferência de votos da CDU mas vieram, principalmente, do PS para o BE, pois, relativamente às eleições autárquicas de 2005, o BE teve mais 770 votos, o PS menos 454 e a CDU menos 1.278, e que a Maria Emília diz que foram perdidos para MRPP por engano dos eleitores, o que nalguns casos até posso aceitar já que aquando da contagem de votos na mesa de que fiz parte foram anulados boletins que estavam assinalados e riscados no PCTP/MRPP e, depois, na CDU.
O BE local, agora, com presença na vereação, tem de mostrar que é oposição ao governo local e não apenas uma oposição ao governo central, pois que para isso está o BE na Assembleia da República. Caso contrário, arrisca-se a desaparecer, a favor da CDU e da abstenção.
Manuel Barão
11 comentários:
Concordo inteiramente consigo, e não é por ser o Belzebu, é por ter uma fezada na Helena Oliveira e na Minda.
Vamos a eles que já estão podres de maduros.
Cara Minda,
Parabéns pela sua lúcida análise sobre o BE.
Quanto a Almada, o BE só fará sentido, com um vereador ou com mais, desde que seja oposição construtiva à CDU, de outra forma não fará sentido.
Não votei no BE, mas espero que a Helena Oliveira e todos os outros eleitos do BE sigam por essa via, pois só assim será possível tirar Almada do pântano lamacento em que se encontra.
Manuel:
considerando que a extrema-esquerda é optima porque não é da esquerda conformista ou reformadora como o PS/CDU/MRPP/POUS/outros, discordo do título do "post" sobre a origem dos votos estes têm que ser derivados de outros partidos? e os novos votantes? e os que nunca votaram e votam agora, não contam? parece que o BE não tem mérito próprio mas anda a reboque dos descontentes....e o trabalho dos eleitos não tem repercussão? o BE é efectivamente a esquerda diferente, combativa, alternativa, opositora, não?
Vitor Hugo
Belzebu:
Agradeço a prova de confiança. Em tudo o que for da minha responsabilidade tentarei não desapontar os que me elegeram.
Al-Ma'dan:
O seu a seu dono... O texto em questão foi escrito pelo Manuel Barão e não por mim, apesar de eu concordar, inteiramente, com ele.
Seremos, com toda a certeza, isso lhe garanto eu (falo por mim em particular mas, também, em nome dos meus camaradas do BE que irão exercer mandatos autárquicos), uma oposição empenhada, coerente e construtiva.
Vitor Hugo:
O teu comentário não me é dirigido, eu sei, mas não posso deixar de dizer algumas palavras.
Em relação ao texto do Manel apenas quero acrescentar que a mensagem é de alerta. Uma chamada de atenção para o facto de que os radicalismos não conduzem a nada. Há que saber fazer oposição de forma construtiva e sem sectarismos.
O BE é, de facto, uma esquerda diferente, alternativa. E de confiança. Mas precisa de saber ser convergente e não moralista. Caso contrário, mais tarde ou mais cedo, estagnará...
Quanto à capacidade de captar votos: não deixas de ter razão. Todavia, a opinião do Manel em nada contraria a tua. Muito pelo contrário.
Caro Vítor Hugo,
O meu artigo é para ser lido todo, e não apenas o título.
Deveria servir para discussão.
Aproveito para te dizer que as organizações PSR e UDP eram da esquerda revolucionária, nunca se assumiram como extrema esquerda, isso é um termo de direita.
Mais uma coisa que também pode ser interessante, no programa “Directo ao Assunto” na RTP N, no dia 21 de Outubro, o líder da bancada parlamentar do BE, José Manuel Pureza, afirmou-se cristão e discordar das ultimas intervenções do José Saramago sobre a Bíblia.
Será que também ele não é de extrema esquerda como tu pensavas?
Bloco de Esquerda = Esquerda de Confiança. Não significa extrema esquerda.
Volta a ler o artigo, mas com atenção e sem preconceitos.
Saudações Bloquistas,
Manuel Barão
Manel:
Respondes ao Vítor Hugo, mas penso que não te importas que me meta na conversa.
Apenas para dizer que concordo contigo pois, também para mim, o BE não é de extrema-esquerda... isso é o epíteto que alguns querem que se cole ao BE para que possam acusá-lo de partido radical, cujo objectivo é obstruir e não construir. E daí colher dividendos políticos.
Ainda hoje, numa conversa informal com uma amiga (durante o intervalo do Colóquio da ATAM) abordámos este assunto. E ela, que é militante do PSD, dizia-me: «o BE está a ficar demasiado extremista e isso acaba por cansar as pessoas mais tarde ou mais cedo, sobretudo quando estas perceberem que o BE não quer contribuir para a solução dos problemas e prefere não passar da fase da contestação. E sabes que mais? Isso vai acabar por ser bom para o PS e para o PSD pois é para aí que os cidadãos se virarão quando perceberem que o BE só é bom para capitalizar o descontentamento e apenas isso.»
Dá que pensar, não?
Manuel
Reli o "post" e não só o título!
Escreves que o crescimento do BE (770) fez-se à custa do PS, havendo flutuações de eleitorado...todavia o BE ganhou muito mais do que o PS perdeu....(454)
Escreves "pouco ou quase nada da CDU" esta que tem vindo a perder votos (1278)?...será que vão p/ o PSD/CDS/MRPP? p/ o BE não? os votos vão directamente por 1 "tunel"??
O BE tem 10 anos e já faz história da "solução": as propostas/resoluções da AR, e as das AM e AF de Almada não contam?.
A oposição "culpada" de que falas não será um caso pontual?
Sendo "extrema-esquerda" 1 termo da direita porquê usá-lo?
A opinião de Saramago é irrelevante no campo politico e o Pureza ao ser cristão e defensor da biblia está no seu direito, o BE é isso mesmo: convergente na divergência ou todos iguais todos diferentes.
A frase "arisca-se a desaparecer" parece-me derrotista, pelas razões acima referidas.
um abraço blokista
Vítor Hugo
Minda
È melhor ofereceres o programa nacional do BE à tua amiga do PSD e ela tirará as suas conclusões.
um bjo blokista
Vítor Hugo
Vitor Hugo (uma resposta dois em um):
Sobre o teu último comentário lembro que foste tu que disseste que "a extrema-esquerda é óptima" logo, devolvo-te a pergunta sobre o "porquê de usar este termo?" pois, para mim, ele quer dizer tão só e apenas isso: extremismo! seja de direita ou de esquerda, é mau! E ponto final. Colar o BE a um título destes só pode servir interesses daqueles que temem o crescimento do BE.
A solução de que o Manel fala tem a ver com as posições radicais (e radicalismo é outra postura que tende a afastar-nos da razão), por um lado, e/ou com a possibilidade de fazer uma oposição construtiva, por outro lado, para, no concreto, ajudar a resolver os problemas.
E fazer parte da solução significa, ainda, lutar por atingir os nossos objectivos mas, também, saber ceder, se for caso disso, para não deitar tudo a perder... posições intransigentes levam a situações de "quem tudo quer tudo perde" e acabam por prejudicar mais do que beneficiar a população. Julgo que me entendes, certo?
Quanto ao trabalho dos nossos eleitos, claro que conta e muito. Mas em lado nenhum deste artigo se diz o contrário. O objectivo do texto é que se reflicta sobre a forma de fazer oposição e não qualificar o trabalho realizado.
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Não vou oferecer o programa eleitoral do BE à minha amiga, por uma simples razão: ela já o tem e leu-o com muita atenção (se calhar conhece-o melhor que muitos dos nossos aderentes) e até concorda com muitas das nossas propostas a nível nacional.
E porque ela é uma pessoa de valor, que defende princípios e acredita na ética e no rigor, tal como eu, conseguimos conversar tão abertamente sobre estas questões políticas...
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