terça-feira, 30 de outubro de 2007

I love JAZZ

Oiçam que vale a pena... são, de facto, dois videos magistrais (pelo conteúdo, obviamente).

George Benson & Joe Sample:

"Deeper than you think"

Keith Jarrett Trio (Keith Jarrett, Gary Peacock e Jack DeJohn):

Prism

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

O Tributo

Hoje, estou de partida para Albufeira onde vou assistir ao colóquio anual da associação profissional a que pertenço. Regresso no domingo e trarei fotografias (do local), com certeza.
Entretanto, deixo-vos como oferta o CD de homenagem a Adriano. Comprei-o ontem e já o ouvi várias vezes. Embora preferira, de facto, os originais cantados na voz de Adriano, confesso que estas versões estão muito, nuito mesmo, interesssantes. Adorei!
Até 2.ª feira e um bom resto de semana para todos assim como votos de um ainda melhor fim-de-semana.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Quinta do Almaraz / Ginjal

Recebi, e aceitei, o convite para ir assistir ao 3.º Fórum de Participação sobre a apresentação da "Visão Estratégica para a Quinta do Almaraz" que decorreu no sábado passado (dia 20) no auditório dos Bombeiros Voluntários de Cacilhas.



Escutei com atenção a intervenção do Arq.º Samuel Torres e, na parte do debate, após me ter identificado como Ermelinda Toscano, residente em Cacilhas e membro da respectiva Assembleia de Freguesia, perguntei à Mesa da sessão, a qual era composta por, da esquerda para a direita, Arq.º Veríssimo Paulo, Vereador Jorge Gonçalves, Maria Emília Neto de Sousa (Presidente da Câmara Municipal), Arq.º Samuel Torres e Arq.º Paulo Pardelha:

Sendo esta uma visão estratégica, ela carece, necessariamente, de um plano que a concretize. Para quando está previsto o início desta segunda fase? Quantos mais anos teremos de esperar e continuar a assistir à degradação, nomeadamente, do Ginjal?

Todos sabemos que apesar desta ser a vontade do município, ela depende da intervenção dos privados para ser implementada o que torna impossível estabelecer um cronograma de execução da obra, que poderá levar décadas até à finalização desejada. No entretanto, não poderá a autarquia encetar algumas acções concretas, mesmo que provisórias, no sentido de possibilitar, por exemplo, o usufruto turístico do "campus arqueológico" da Quinta do Almaraz, uma importante valência cultural, única na área metropolitana, que se encontra completamente desaproveitada?



Qual terá sido a resposta? Vejam AQUI o que por lá se passou: resumo das intervenções do público, crónica de imprensa (no day after) e o discurso de encerramento da senhora Presidente da CMA.

Observem como Maria Emília fala, fala, fala, fala e pouco diz sobre o projecto da Quinta do Almaraz / Ginjal, afinal aquilo que levara algumas dezenas de pessoas a deslocarem-se até ao auditório dos BVC. Mais parece um comício de propaganda do regime onde tudo serve para enaltecer o papel do executivo municipal e mostrar como a razão só pode estar do lado de lá (do deles, como é óbvio).

E oiçam com muita atenção o "take" número oito: nele reside a chave do enigma… isto é, aí se desvenda o mistério de a partir de quando poderemos ver, no terreno, a concretização plena desta visão, como pensa a CMA actuar e de qual será o cenário de Cacilhas para os próximos anos. Se precisarem de ajuda basta deixar um comentário pedindo esclarecimentos que, ao contrário do que fizeram comigo, eu respondo a todos.

A terminar, ofereço-vos este slide-show com imagens da Quinta do Almaraz, capatadas a partir da varanda da minha casa. A par da beleza das imagens, oiçam a música: é de um grupo almadense, os In Tempus, um projecto de David Reis, e foi retirada do seu álbum Luna Sapiens.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Sugestão de leitura

O fim-de-semana está aí... e eu sem poder "blogar". É que o meu computador está com problemas (aliás, todos os computadores lá de casa estão na mesma) e não acede à internet. Logo, estou incomunicável... Espero que a coisa se resolva nestes dias, mas parece que está a ser difícil... vamos lá ver se não tenho de ir fazer uma "reza especial" para esconjurar o mal dos ditos.
Assim, vou-me dedicar à leitura (que acaba por ser um prazer, o meu passatempo preferido, a bem dizer!).
E sugiro esta divertida obra, porque de tristezas já estou eu farta:



Até 2.ª feira.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Festival Nacional de Gastronomia



(cliquem nas imagens para aumentar o respectivo tamanho)

Começa hoje e vai até 4 de Novembro. Trata-se do 27.º FESTIVAL NACIONAL DE GASTRONOMIA e decorre em Santarém, na Casa do Campino.

Destaco os sabores do Ribatejo, ou não estivesse eu hoje na "capital do gótico". Mas esta mostra percorre o país de lés-a-lés (do Minho ao Algarve, passando pelos Açores) e apresenta, também, sabores de outras paragens, como seja a Região de Dambovita (na Roménia) ou do Brasil.

Um acontecimento a não perder.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Coerência política?

(…)
«Além de estarem contra estes aumentos nas mensalidades, os moradores presentes alegaram ainda que esta disparidade de valores entre as rendas antigas e as atribuídas para 2008 "não se justificam pois a Câmara não tem feito manutenção dos espaços".

"Parece que passámos de um bairro social para um condomínio de luxo mas sem portas, luz nos prédios e com canos da água, esgotos e saneamento em muito mau estado", sublinhou a moradora Constância Silva Messias.

A presidente da Câmara Municipal, Maria Emília de Sousa, declarou que estes aumentos eram "necessários", visto que, "nos últimos três anos, os aumentos rondaram a taxa de inflação".

No entanto, a autarca defendeu que o cálculo das mensalidades a pagar pelos moradores é feito "de acordo com o rendimento familiar e com o número de pessoas do agregado familiar" e que a nova lei do arrendamento "não está a ser seguida por inteiro".»
(…)

Leia o resto da notícia em:
Moradores dos bairros sociais de Almada manifestam-se contra "aumentos brutais" das rendas.

De seguida, leia
AQUI, a intervenção de Honório Novo (PCP) na Assembleia da República, em 19/03/2004, sobre a proposta de "Alteração ao Decreto-Lei nº 166/93, de 7 de Maio, que estabelece o regime de renda apoiada" e compare os argumentos então utilizados com a situação de hoje no concelho de Almada.

E leia, sobretudo, a declaração de voto daquele deputado após o parlamento ter chumbado o projecto de lei apresentado pelo seu partido, e da qual transcrevemos um pequeno excerto:

«Lamentável que este Partido [PS] tenha neste debate sustentado teses absolutamente inqualificáveis do ponto de vista social, como seja a defesa de que as receitas das rendas têm que ter valores capazes de permitir ao Estado ou/e ao Poder Local fazer frente aos custos com o parque habitacional social.

Com o voto da Direita e do PS contra este Projecto do PCP, ficou demonstrado, quanto declarações recorrentes quer do PSD, quer do CDS/PP, quer também do PS, em aparente defesa de regimes de fixação de rendas sociais reduzidas servem apenas ambições de poder localizadas e não são sustentadas em propostas concretas de defesa dos interesses dos moradores dos bairros sociais mais desfavorecidos.

O voto do PSD, do CDS e do PS contra o Projecto do PCP que pretendia a criação de critérios sociais mais justas para a fixação das rendas nos bairros sociais mostra bem quando aqueles partidos pretendem continuar a enganar moradores e munícipes dizendo defender uma coisa e depois votando contra.» Versão completa
AQUI.

Leram?
Então agora digam lá como devemos classificar estes aumentos de 100% a 300%?
Serão o resultado da aplicação de "critérios sociais mais justos"?
E que me dizem das palavras da senhora presidente da CMA a justificar esse aumento?
Será que por ser uma autarquia do PCP, aquelas que foram consideradas "teses absolutamente inqualificáveis do ponto de vista social" passaram a ser argumentos válidos?

terça-feira, 16 de outubro de 2007

"Triunfo da memória contra o esquecimento"



Adriano Correia de Oliveira morreu em 16 de Outubro de 1982. Faz hoje, precisamente, 25 anos.
Para assinalar esta data, o Público editou uma colecção de sete volumes (livro + CD). E assim será todas as 3.ªs feiras até ao dia 27 de Novembro. Por 8,90€ semanais (0,90€ do jornal + 8,0€ do CD), ou seja, 62,30€ no total, podemos ficar com a obra completa de Adriano, organizada e coordenada por José Niza que, na introdução deste 1.º volume, descreve o objectivo desta homenagem:
«Durante muitos anos, demasiados anos, os seus discos estiveram fora do mercado da praça das canções. Morreram em forma de vinil e só recentemente voltaram em compact disc. Um intervalo de esquecimento que separou duas gerações.
Por iniciativa do Público, Adriano assiste agora, a título póstumo, ao triunfo da memória contra o esquecimento.
Estou certo de que as canções que Adriano cantou vão ser um conforto de alma para o mundo dos seus amigos e constituir uma surpresa para as gerações mais novas.»
Além da capa e contracapa do livro que acompanha o CD, deixo-vos parte do texto que Manuel Alegre escreveu sobre o amigo. A descrição da voz de Adriano explica parte da razão porque ouvi-la me deixa tão emocionada, tal como aconteceu agora mesmo ao acabar de deliciar-me com a "Canção de Fornos", "Balada do Estudante", "Minha mãe" ou "Trova do Amor Lusíada"... cantada por Adriano, não há uma canção de que não goste, mas tenho algumas que me tocam mais fundo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Mika

De passagem pelo blog do meu amigo Repórter, descobri um artigo sobre o MIKA e resolvi que seria esse o tema de hoje. Deixo-vos aqui dois videos de duas das mais emblemáticas músicas deste jovem cantor, dono de uma excelente voz: «Grace Kelly» e «Relax, take it easy». Espero que gostem.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Simplesmente... Adriano.

Adriano Correia de Oliveira partiu há 25 anos atrás.

A sua voz é das poucas que me fazem chorar quando a oiço. Não sei explicar as razões que me deixam assim tão, aparentemente, fragilizada... (e, também, pouco importa!), mas o certo é que Adriano toca-nos no mais profundo do coração através do timbre da sua voz, enche-nos a alma de emoção só de o ouvir.

Para recordá-lo deixo-vos, hoje, aqui:


O tributo em 2007

Hoje e amanhã,

na Academia de Santo Amaro, em Alcântara,

espectáculo de lançamento do CD “Cantaremos Adriano”.


Trova do vento que passa (poema de Manuel Alegre)

Canção com lágrimas (poema de Manuel Alegre)

Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada

Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema

Porque tu me disseste quem me dera em Lisboa
Quem me dera em Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro

Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio

Porque tu me disseste quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol Lisboa com lágrimas
Lisboa a tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Cuidados paliativos


A Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos realiza hoje uma conferência, em Leiria, no âmbito das comemorações da Semana Nacional dos Cuidados Paliativos:



Quer ajudar esta causa? Contribua com um pequeno donativo.


Basta mandar um SMS para o n.º 4222 a dizer tão só e apenas:

"cuidados paliativos"

Uma pequena gota mas que, se formos muitos, pode encher o copo.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Quarto com vista para o que há-de vir

Em 8/11/2006, Cacilhas foi notícia na imprensa local e nacional, dos jornais à rádio e televisão, devido à mega operação (que envolveu 10 inspectores do SEF, 35 membros da PSP, a Comissão de Protecção de Menores e a autarquia) que culminou com a expulsão de cerca de seis dezenas de cidadãos romenos, instalados em edifícios abandonados no Cais do Ginjal e que, supostamente, se dedicavam à mendicidade utilizando crianças.

Na reunião extraordinária da respectiva Assembleia de Freguesia (16/11/2006) os presentes foram informados das medidas adoptadas: identificação de todos os membros da comunidade, emparedamento dos armazéns em causa e ordem de repatriamento dos ilegais. E ponto final.

O assunto é delicado e envolve mais do que simples acções pontuais, não só porque a Roménia é um país da comunidade europeia (da qual faz parte desde Janeiro último) e estes ciganos nómadas têm, também, os seus direitos, mas porque às questões legais se misturam as sociais e de cidadania.

Por isso, há que ter cautelas acrescidas, muita sensibilidade e bom senso, para evitar o crescimento do, por enquanto ténue, sentimento de xenofobia que se sente a pairar por terras almadenses e que me deixa muito preocupada ao ver a aparente indiferença das autoridades.
*



Não basta, portanto, aplicar medidas "à la carte", nem tão pouco impedir o acesso a um lugar resolve o problema da permanência inconveniente destas famílias. A demonstrá-lo estão as imagens que aqui vos deixo hoje, captadas entre os dias 2 e 7 do corrente mês, e sobre as quais me dispenso de tecer comentários.


* A este propósito leiam
a intervenção do PS na Assembleia Municipal de 20/09/2006, cujo teor merece a minha concordância.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Lix'almada



Da Rua Garcia de Orta à Av.ª Afonso Henriques, passando pela Rua Liberato Teles, este foi o panorama que se observou durante o último fim-de-semana na nossa cidade, a tal que está a "um metro do futuro".
Prometem-nos uma "Almada Nascente", "cidade da água", cenário onírico onde a qualidade de vida será uma certeza... mas só daqui a 20 anos. Entretanto, no presente, a requalificação urbana é uma miragem.
Diz-se que, na envolvência do espaço canal do MST, haverão arranjos exteriores e uma nova contentorização, de maior capacidade, para recolha selectiva dos lixos. Bastará? E nas restantes artérias?

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Leiam. Concordam? Assinem!





Alguém acuda ao Salão Nobre do Conservatório, por favor!

«Desde os anos 40 do século passado que não se têm efectuado obras no Salão Nobre do Conservatório Nacional, e 62 anos de constante utilização para concertos, audições e aulas deixaram as suas marcas, encontrando-se actualmente o Salão Nobre com um dos balcões laterais suportado por varões de ferro (para não cair), um número considerável de cadeiras totalmente destruídas, tectos com buracos, cortinas rasgadas, camarins em precárias condições, etc. Enfim num adiantado estado de degradação que ameaça chegar ao ponto de não retorno.

Como se trata de um equipamento cultural indispensável não só para as actividades do Conservatório Nacional mas também como pólo dinamizador não só do Bairro Alto mas de toda a cidade de Lisboa, desde há anos que, insistentemente, se reclama, aos organismos competentes, obras!, tendo mesmo sido publicado concurso público para esse efeito (DR - 3.ª Série n.º 239 de 15/12/2005 – Recuperação do Salão Nobre, galeria, palco, sub-palco, salas de apoio e cobertura-1.ª fase - empreitada 135/05); o qual, no entanto, viria a ser subitamente cancelado (!), não se sabendo até à data as razões desse cancelamento.

O salão Nobre do Conservatório Nacional com os seus magníficos tectos Malhoa não poderá aguentar mais tempo sem obras de recuperação.

É preciso salvá-lo sob pena de estarmos a pactuar num crime de lesa-património.

E é isso que acabamos de pedir nesta nossa PETIÇÃO, que esperamos sensibilize os nossos governantes, locais e nacionais, e seja retomado o concurso público em má hora cancelado (DR - 3.ª Série n.º 239 de 15/12/2005).

Assine-a e divulgue, s.f.f.

Antecipadamente gratos, subscrevemo-nos com os nossos melhores cumprimentos.






Uma "história" à beira do fim?

«A revista "História", única no género em Portugal, deixou de contar com alguns apoios oficiais (porte pago, apoio do IPLB, etc.), e deu por terminada a publicação no n.º 100 desta nova série. Fernando Rosas despediu-se de director em cargo, mas Luís Farinha, que dirigia a revista há muito, na prática, procura meios para retomar a publicação.

Apoios de qualquer género precisam-se: mecenato de um banco, de uma empresa, de uma fundação, anúncios, recolha de assinantes, apoios estatais, etc. Com cerca de mais 10.000 euros / ano, a revista volta às bancas. É algo de irrisório. Não se pode deixar morrer uma publicação de tem mais de 30 anos de história. Uma publicação que era / é mais publicada pela carolice de alguns (Entre os quais este vosso amigo, colaborador da "História" há muitos anos).»
Lauro António


PETIÇÃO
(Leia. Se concordar, assine e divulgue.)
Porque não podemos ficar indiferentes.
Eu já subscrevi ambas!

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Almada no "Second Life"


Quem conhece a degradação do presente (prédios em ruínas, ruas esburacadas, lixo acumulado nas ruas, o envelhecimento da população, os problemas sociais de muitas famílias, a inépcia da gestão autárquica, a indiferença dos transeuntes, a falta de civismo dos residentes, a acomodação dos eleitores, etc. etc. etc.), é confrontado com promessas semelhantes desde há décadas (com pequenas variações de conteúdo, conforme o autor/promotor e apoiantes do delírio) e apenas vê os projectos serem sucessivamente adiados e Cacilhas transformada numa "lixeira a céu aberto", só pode mesmo encarar com desconfiança mais esta parafernália de ideias que, aos olhos do cidadão comum, não deixam de ser mirabolantes.

Falar de milhões de euros de investimento num pedaço do território, prometendo fazer renascer o concelho de Almada num futuro que não se sabe quando chega e do qual apenas se tem um desejo de que aconteça (dizem que são precisos, no mínimo, vinte anos para que se "revele") e nenhuma base de suporte a ser construída (no terreno, não existe nem o mais pequeno indício de que algo vai mudar), em detrimento de uma negra realidade actual, que se prefere manter com a desculpa de que não vale a pena mudar porque vem aí o milagre, é bem o retrato da forma como os nossos autarcas encaram as questões do planeamento urbano: construir é mais importante do que recuperar, nem que a miragem impeça que olhemos, de forma racional, para os problemas do quotidiano.



Há uns anos atrás, a Presidente da CMA dizia, a propósito da "Manhattan de Cacilhas", que queriam "roubar o céu aos almadenses" com as torres a implantar nos terrenos da Margueira. Hoje, sendo certo que a proposta de Rogers tem uma menor densidade de ocupação em altura, em termos gerais não difere assim tanto da sua antecessora, pese embora o traço arquitectónico, o desenho urbano de enquadramento e alguns equipamentos sejam, obviamente, diferentes (em vez de um edifício com 312m vamos ter vários de 132m - cercade 40 pisos - e muitos com 10/15 andares, e os arranjos exteriores serão outros).

Todavia, só na aparência o éden ora projectado é, de facto, mais "simpático". Na prática, os cacilhenses ficam com o mesmo céu que já tinham e, em contrapartida, passam a ver o estuário do Tejo por entre as nesgas de betão dos prédios que irão nascer nos antigos estaleiros da Lisnave.


Mas eu descobri! Finalmente…

O projecto "Almada Nascente", que diz querer transformar Cacilhas num oásis, não é mais do que a apresentação da cidade virtual que o município vai "construir" no "Second Life".

Por isso, ainda há esperança. Outros projectos virão… e "enquanto o pau vai e vem folgam as costas". De lamentar é, contudo, o dinheiro que, impunemente, se vai gastando nestes desvarios que, muitas das vezes, vão mudando consoante se movem na sombra, com mais ou menos ligeireza, os interesses económicos/partidários de ocasião, os quais reflectem a imagem que de quem detém o poder (financeiro e político) e nada mais (veja-se o que aconteceu em Lisboa com o projecto encomendado por Santana Lopes ao arq.º Frank Gehry para o Parque Mayer, e agora colocado na gaveta por António Costa, após gastos largos milhares de euros dos depauperados cofres da autarquia).

Ironias à parte: preocupa-me que este entusiasmo exagerado da CMA pelo projecto de Richard Rogers faça esquecer a outra Cacilhas que já existe, de ruas tristes e sujas, onde a degradação é visível na fachada de cada prédio. Temo que, enquanto se pensa nos futuros "festivais" a realizar numa Almada idílica ainda inexistente, se descure o presente e se adopte uma postura de inércia expectante, ou seja, que as prioridades de hoje se afundem na esperança de um onírico amanhã.
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