Aconteceu na Assembleia Municipal de Almada na passada 5.ª feira.
Depois de uma agitada reunião, em que assistimos a uma total falta de respeito pelo funcionamento deste órgão autárquico por parte da Presidente da Câmara que insistiu em continuar a falar, aos gritos (para se sobrepor aos protestos dos deputados), apesar de já não dispor de tempo regulamentar para o efeito (perante a tímida chamada de atenção do Presidente da Mesa que se viu impotente para calar a sua camarada e impor ordem no plenário), e do triste espectáculo que foi observar a edil perder a compostura perante as críticas à sua gestão e à falta de rigor e transparência feitas à Câmara Municipal, como se isso não bastasse, à saída fomos ainda brindados com um execrável acto de má educação protagonizado por Maria Emília Neto de Sousa.
Estavam os deputados do CDS/PP a conversar comigo e com um outro munícipe, quando a Presidente da CMA passa por detrás do deputado municipal Fernando Pena e cospe para o chão junto aos seus pés. Fiquei literalmente siderada.
Mas não fui a única a ver este gesto provocatório e de desprezo, impróprio de ser cometido por qualquer pessoa mas, em particular, por alguém que ocupa um cargo público como é o caso da senhora Presidente da Câmara Municipal de Almada.
Que má educação. Que falta de carácter. Sinceramente! Por mais ofendida que pudesse sentir-se devido ao duro confronto durante o decorrer da reunião da Assembleia Municipal, nada justifica a adopção de um comportamento de tão baixo nível.
Maria Emília começa a apresentar graves sinais de “demência política”. Por tudo e por nada “perde as estribeiras” (perdoem o calão mas é, de facto, o mais apropriado)… como aconteceu na 4.ª feira em relação à moção do PSD sobre a defesa do património histórico de Cacilhas, quando se irritou e invectivou aquele partido pela apresentação daquele documento, numa reacção completamente desproporcionada face ao teor do texto em causa.
Mas mais espantada fiquei quando me vieram contar que já na 1.ª reunião desta sessão ordinária, enquanto Fernando Pena lia a sua declaração política (ainda no período de «Antes da Ordem do Dia», após a votação das moções), onde abordava a problemática das Terras da Costa e o abominável atentado ao património natural e paisagístico que ali está a ser cometido, a senhora Presidente da Câmara não se coibiu de ter gesto idêntico:
Levantando o tronco e inclinando-se por sobre a mesa atrás da qual estava sentada, ladeada pelos membros do executivo, resolve cuspir para o chão da sala. De frente para os deputados municipais, houve pois várias testemunhas deste insólito e inqualificável acto. Que degradação! Que tristeza!
E como tem reagido a bancada da CDU a tudo isto? Pois é… SILÊNCIO ABSOLUTO. Ou melhor, não intervêm sobre o assunto, formalmente fingem que não se passou nada. Mas na bancada é vê-los a rirem muito, a murmurar entre dentes, a cochichar entre si, a lançar uns impropérios de forma casual – amiúde secundados por alguns membros do executivo (na 5.ª feira um dos vereadores da CDU chamou fascista ao Fernando Pena) – e a destratar todos os que ousam fazer uma crítica mais contundente, seja com gestos ou palavras. Uma indisciplina permitida pela Mesa da Assembleia a despeito de, muitas vezes, acabar por perturbar o decorrer dos trabalhos, ao dificultar a audição dos discursos, e mostrar um completo menosprezo pelo funcionamento deste órgão autárquico.
Logo agora que estamos a comemorar o 37.º aniversário do 25 de Abril e que a CDU fez aprovar na véspera, naquela mesma sala, uma moção exaltando os valores de Abril (sendo que uma das maiores conquistas foi, precisamente, o poder local democrático), a senhora Presidente da Câmara Municipal de Almada oferece-nos este espectáculo degradante.
Estou chocada e indignada! Assim como o estão as outras testemunhas destas ocorrências e todos aqueles a quem conto estes dois episódios.
Acho que o melhor é aconselharem o senhor Presidente da Mesa da Assembleia Municipal a colocar à entrada da sala onde se realizam as sessões o aviso que ilustra este artigo. E que se aprove um regulamento municipal de conduta no plenário. Francamente!