Depois de ter sido
desmascarada como agente da CIA ao serviço da
Câmara Municipal de Almada para tentar destruir o anterior executivo da
CDU na autarquia, agora que essa minha atividade já é do domínio público, além
de ter feito o acompanhamento na hora, apresento também o
relatório detalhado da minha tarefa como espiã infiltrada na última reunião do
executivo, realizada no dia 29-01-2018.
A falta de pontualidade é um
defeito bem português e o executivo da Câmara Municipal de Almada não foge à
“tradição”. Com quase meia hora de atraso, mas lá começou a reunião extraordinária, cuja ordem de trabalho se
centrava na aprovação dos documentos previsionais (para o corrente ano de 2018)
da ECALMA, dos SMAS e da CMA.
Esta deve ter sido uma das
reuniões do executivo Almadense mais participadas de sempre... Sala cheia e
gente em pé até nas escadas de acesso. A curiosidade pelo desempenho do novo
executivo, por um lado, e o natural interesse em observar o papel da CDU agora
na oposição, mas também os temas em agenda (em particular a questão da ECALMA)
levaram a que, apesar de a hora coincidir com o horário laboral da maioria dos
munícipes (15H), estivessem presentes muitas dezenas de pessoas (entre elas um
significativo número de trabalhadores da empresa municipal de estacionamento).
Numa primeira abordagem não
hesitaríamos em considerar que esta seria uma importante manifestação de
cidadania. Todavia, decorrida a primeira hora de plenário, e já o silêncio
inicial se transformara num burburinho incomodativo que perturbava quem de
facto pretendia ouvir com atenção o que se passava na mesa da presidência /
vereação.
Às tantas havia já demasiado
barulho na sala sendo fácil de perceber que se tratava de conversas de
circunstância, sem relacionamento algum com os temas em discussão… até “anedotas”
(ou críticas jocosas dirigidas a alguns dos presentes) estariam a ser contadas dadas
as inúmeras risadas que cruzavam aquele espaço. Houve momentos em que só se
conseguia ouvir as intervenções porque o sistema de som o permitia, situação
que incomodava quem estava na plateia mas que acabou sendo, sobretudo, um
desrespeito pelos oradores (que se calhar nem se aperceberam da situação pois
na mesa o som chegava-lhes abafado, e ainda bem).
Mas passemos adiante.
Falar da ECALMA é garantia
certa de polémica e o primeiro ponto da agenda cumpriu esse desígnio com uma
acesa troca de argumentos entre a CDU e o PSD, com o PS pelo meio e o BE ali ao
lado. Não me vou manifestar sobre o conteúdo dos documentos a que o público não
teve acesso nem tão pouco aqui citarei as intervenções dos vereadores mas
fá-lo-ei aquando da Assembleia Municipal pois a gravação das sessões permitirá
que faça a transcrição ipsis verbis
do que for dito e aí não poderão vir-me desmentir.
Apenas duas pequenas
anotações:
A primeira para vos dar
conhecimento da votação do plano e
orçamento da ECALMA aprovado por maioria com o voto de qualidade do
vice-presidente (em substituição de Inês de Medeiros que por ser também
presidente daquela empresa municipal não podia votar estes documentos): a Favor – 3 PS e 2 PSD; contra – 4 CDU e 1
BE.
A segunda para dizer que é
preciso ter um grande descaramento para, durante a reunião, o vereador da CDU José
Gonçalves andar a twettar (até nos fez lembrar Donald Trump) sobre as
pretensas piruetas do PSD ao aprovar o plano e orçamento da ECALMA quando
acabara de ouvir as explicações sobre a posição daquele partido dadas pelo
vereador Nuno Matias.
Aliás, já
antes a CDU acusara também o PS, a propósito da taxa de IMI, de andar a
fazer piruetas… e este gosto especial pelo contorcionismo político (outra
acusação feita ao PS em
sede de assembleia municipal por João Geraldes) só mostra a experiência que
a CDU tem na matéria.
E não deixa de ser
interessante aquele trabalhador da CMA e deputado municipal da bancada da CDU vir
agora considerar que a
posição do PSD é falta de coluna vertebral. É que a putativa coluna
flexível me parece um defeito mais adequado àquilo que alegadamente uma
personagem por si criada andou a fazer nas redes sociais espalhando
boatos sobre despedimentos inexistentes para fundamentar calúnias sobre a
atuação do atual executivo e criar instabilidade junto dos trabalhadores.
Pior do que o alegado
"dito por não dito" do PSD por defender a extinção da ECALMA e acabar
votando a favor do plano e orçamento da empresa (e eu estava na reunião de
ontem da CMA e ouvi as explicações dadas e, independentemente de concordar ou
não com elas para mim demonstraram apenas um verdadeiro sentido democrático:
aceitar que a vontade maioritária dos outros se sobrepõe à nossa, ainda assim
expondo com franqueza o que se pensa... e nisso ninguém pode apontar o dedo aos
vereadores do PSD Almada) é sim o silêncio comprometido dos vereadores da CDU
sobre a situação dos trabalhadores precários que andaram a dizer que existiam no
município e que teriam direito a ser abrangidos pelo programa de regularização
extraordinária.
Chegados aqui é bom lembrar
que se existem precários na CMA e nos SMAS eles são responsabilidade exclusiva da
CDU que contratou pessoal com vínculos precários para exercer funções permanentes.
Onde coube, nessa ocasião, a defesa dos direitos dos trabalhadores? Ou, a fazer
fé naquilo que o STAL andou a dizer (que o PS/PSD despedira ilicitamente uma
trabalhadora precária dos SMAS que ocupava um posto de trabalho permanente)
porque se calou a CDU e não questionou, publicamente, o vereador responsável
Miguel Salvado? E, atendendo aos boatos que andaram a espalhar nas redes
sociais de que se tratava de um "saneamento político" porque deixaram
passar a oportunidade e nada disseram?
De facto, quem é perito a
fazer “flique flaque à retaguarda com mortal encarpado” como a CDU fez nesta
questão dos precários no município de Almada, acusar os outros de fazer
piruetas é fácil.
Talvez não seja alheio a este
silêncio o facto de o esquema montado pela CDU ter sido desmascarado e o
vereador José Gonçalves ter tido o pelouro dos recursos humanos em três
mandatos anteriores e, consequentemente, ser ele o responsável político pelas
múltiplas irregularidades e até algumas ilegalidades cometidas na contratação
de pessoal e na acumulação de funções de alguns trabalhadores e dirigentes – o
que tem dupla gravidade na medida em que ele até tem formação jurídica.
Apresentado o plano e
orçamento dos SMAS de Almada pelo vereador Miguel Salvador, depois de o ter
ouvido dizer que os trabalhadores são o maior bem dos serviços, de ter referido
o descongelamento das progressões e da intenção de proceder à plena
implementação do SIADAP3 (fomos informados que desde 2012 os trabalhadores não
eram avaliados), muito me espantou que nada se tenha dito sobre o mapa de
pessoal e os trabalhadores com vínculos precários um assunto que tanta celeuma
deu nas últimas semanas do STAL andar a espalhar o boato de que os SMAS despedira uma
trabalhadora com vínculo precário que se encontrava a satisfazer necessidades
permanentes dos serviços apenas por razões políticas.
Fiquei espantada (talvez por
ingenuidade minha).
A votação do plano e orçamento dos SMAS de Almada para
2018 – aprovado com os votos a favor do PS (4) e PSD (2), abstenção do BE (1) e
contra da CDU (4) – não trouxe nada de novo.
Mas nem uma palavra sobre o
mapa de pessoal? Num uma única referência à existência de trabalhadores que nos
termos da Lei n.º 112/2017, de 29 de dezembro, pudessem vir a ser integrados?
Nem sequer a CDU falou no
assunto quando sabemos que andaram pelas redes sociais a acusar o PS/PSD de
estar a despedir trabalhadores precários por razões políticas como acima já
referimos. Deixaram de defender esses trabalhadores? Ou só os da ECALMA são
dignos da atenção da CDU pois apenas a eles se referiram?
Afinal há ou não precários
nos SMAS de Almada? Irão ser abrangidos pelo programa de regularização
extraordinária ou não? E que dizer das alegadas acusações de "saneamento
político"? Sempre quero agora ver como se irá processar a discussão na
Assembleia Municipal nos próximos dias 8 e 9 de
fevereiro!
Seguiu-se a apresentação do
plano e orçamento da CMA 2018 acompanhada de uma novidade: a projeção de
slides, por pontos principais e linhas estratégicas, numa televisão virada para
o público.
Uma inovação que até seria bastante
interessante (e com potencialidade para dinamizar as sessões) mas que, contudo,
não foi eficaz pois dada a pequena dimensão do écran e a distância a que se
encontrava não se conseguia ler quase nada. Ou mudam o tamanho do écran ou nem
vale a pena insistirem nesta modernidade. Talvez fosse melhor fazerem a
divulgação online (na página web do
município) dos slides a projetar na data da sessão deixando ao critério dos interessados
imprimir ou guardar em formato digital os que lhes interessassem. Embora o
ideal até fosse permitir o download
dos documentos e aumentar a tela de projeção. Tenho a certeza de que se a
apresentação dos temas em agenda e até a discussão em torno da mesma pelos
partidos da oposição pudesse ter um suporte visual cativaria muito mais o
público (embora obrigasse, também, a uma preparação prévia dos assuntos e não
se compaginaria com discursos de improviso).
Foram mais de duas horas a
apresentar o plano e orçamento da CMA para 2018. Um documento extenso, denso,
com centenas de propostas (umas de continuidade, mas a maioria com uma visão
nova sobre a gestão municipal). Ainda assim, tal como no caso dos SMAS, nem uma
palavra sobre o mapa de pessoal e a integração dos trabalhadores com vínculos
precários. Será que este é um tema tabu? Porquê?
Esperando que não interpretem
mal as minhas palavras, não posso deixar de me espantar que CDU e BE pareçam
mais preocupados com o bem-estar dos animais (que mereceu referências na
intervenção de ambos) do que com a situação dos trabalhadores precários do
município sendo bastante estranho que apesar de todas as dúvidas e suspeitas
entretanto surgidas sobre as presumidas “perseguições políticas” que
alegadamente PS/PSD tinham iniciado contra os trabalhadores com ligações à CDU,
nem sequer tenham feito uma única pergunta sobre o assunto, ou quisessem saber
quantos trabalhadores estavam nesta situação de precariedade e se havia possibilidade
de serem abrangidos pelo programa de regularização extraordinária em curso.
É que nada disseram sobre o
assunto ao contrário do que tanto apregoam fora dos órgãos municipais. Afinal
quem defende os direitos destes trabalhadores? Onde ficam aqui os
esclarecimentos sobre os tais alegados "saneamentos políticos" que
tinham começado? Porque se calam todos? Quem acusa (CDU) e quem é acusado
(executivo) mas também quem até informou a comunicação social que ia intervir
sobre esta matéria dos precários (BE)
nos órgãos autárquicos onde tivessem eleitos.
O plano e
orçamento da CMA para 2018 acabou sendo aprovado com os votos a favor do PS (4)
e PSD (2), a abstenção do BE (1) e os votos contra da CDU (4).
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