Depois de lhes entregar o seu voto no dia das eleições, alguma vez se
questionou sobre o que andam as(os) deputadas(os) municipais e/ou vereadores que
elegeu a fazer durante os quatro anos do mandato autárquico?
Excluindo o período da campanha
eleitoral, em que vêm de novo a terreno apresentar os programas para o próximo
quadriénio a que juntam um saco cheio de promessas que, na maioria dos casos
sabem não ter meios para vir a cumprir, os partidos esquecem-se completamente
de quem os elegeu (salvo raras exceções).
Exemplo disso é a quase total
ausência de informação disponível sobre o que andam a fazer os autarcas em
representação de quem os elegeu nos órgãos autárquicos para os quais foram
eleitos, sobretudo quando integram a oposição e apenas ocupam lugares não
executivos na câmara ou são somente membros das assembleias deliberativas (seja
a nível concelhio ou de freguesia).
As atas das reuniões públicas (da
câmara e da assembleia municipal, da junta ou da assembleia de freguesia) são
publicadas online com atrasos consideráveis, ou nem sequer estão disponíveis
por essa via, o que limita consideravelmente o acesso à informação. Ainda assim,
nesses documentos a atividade das diversas forças políticas encontra-se
limitada ao essencial (poucos são os casos em que a descrição dos trabalhos é
suficientemente pormenorizada e quando o é, a redação torna penosa qualquer pesquisa
temática pois é comum não terem quaisquer índices gerais e/ou temáticos.
Outros instrumentos, como
boletins, avisos e editais, mesmo quando transcrevem o texto integral das
deliberações, referem-se apenas às iniciativas aprovadas e raramente especificam
quem foram os proponentes e muito menos qual foi o sentido de voto de cada uma
das forças políticas presentes. De fora ficam os documentos que embora
discutidos e votados acabaram rejeitados por não terem colhido votos
suficientes.
No caso específico de Almada o retrato
da situação não é mesmo nada famoso a nível institucional (apesar de algumas
melhorias como sejam as gravações em vídeo das reuniões da Assembleia
Municipal, por exemplo, o que permite a sua visualização em diferido) nem a
nível partidário (nenhum dos partidos com representação nos órgãos autárquicos
publicita o teor das moções / propostas / reclamações / saudações etc. que
apresenta e muito menos dá conhecimento dos discursos que profere nos debates,
a não ser num caso ou outro mais mediático em que é feita uma notícia publicada
nos respetivos sites os quais estão desfasados da realidade por desatualização).
Muitas vezes mais preocupados com
resultados futuros em eleições legislativas, a oposição em Almada descura amiúde
aquela que deveria ser a sua principal função em relação ao governo local (a de
fiscalização dos atos do executivo municipal e dos de freguesia) e vários são os
que se servem dos órgãos colegiais apenas como palco para discussões de âmbito
nacional, que excedem as suas competências de intervenção específicas a nível
municipal, prolongando de forma excessiva as reuniões e acabando por provocar
enfado e desinteresse na população.
Por outro lado, é confrangedor
verificar que a maioria das propostas da câmara (com exceção dos documentos
provisionais e os relatórios de contas anuais e às vezes as informações periódicas
da atividade municipal) acabam sendo votadas sem suscitar qualquer debate, na
maioria dos casos presume-se que devido ao adiantado da hora, mas também por
tratarem de matérias que exigiriam alguma preparação prévia nem sempre possível
de concretizar pelas forças políticas.
Para obviar à falta de informação
sobre o trabalho das e dos eleitos nos órgãos colegais autárquicos, a par da
investigação sobre o comportamento dos eleitores em Almada (e na busca de
razões que expliquem as diversas atitudes) resolvemos iniciar um outro estudo
acerca da atividade dos representantes dos partidos na Assembleia Municipal de
Almada.
O mandato analisado é o que está
a terminar, sendo nosso objetivo dar-lhe continuidade a partir daqui de forma
regular e, por isso, pretendemos criar em breve uma página online onde iremos centralizar
toda a informação recolhida.
Gostaríamos também de apresentar
dados sobre a câmara municipal e as freguesias (juntas e assembleias) mas não
existem dados suficientes disponíveis online pelo que, por enquanto, ficamo-nos
pelo órgão deliberativo do município.
Como demonstração do que
pretendemos fazer, vamos divulgar os dados
referentes ao 1.º ano do XI mandato autárquico (2013 – 2017). E, como podem
observar, existem dados muito interessantes para analisar.
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