domingo, 16 de agosto de 2009

Terminal de contentores na Trafaria? Não obrigada!


A posição do Governo e do candidato do PS à Câmara Municipal de Palmela, Fonseca Ferreira:

«Lisboa, 13 Ago (Lusa) – O presidente da Comissão de Coordenação de Lisboa e Vale do Tejo defende que um tráfego anual acima dos 600 000 contentores no Terminal de Alcântara justificaria a construção de um novo terminal na margem sul, na Trafaria.

"Duvido das previsões que apontam para um tráfego acima dos 600 000 TEU's/ano [contentores] e que vão até ao milhão. Quando se chegar aos 600 000 ano é na margem sul que se deve fazer o esforço com um novo terminal", afirmou Fonseca Ferreira, sublinhando que "a zona da Trafaria até tem melhores fundos".

Quando questionado sobre a proposta de expansão para o Terminal de Contentores de Alcântara e o contrato com a Liscont, o responsável respondeu: "sobre essa matéria as entidades competentes irão por certo pronunciar-se. Eu duvido de uma expansão que vá além dos 600 000 TEU's/ano".

Fonseca Ferreira Falava durante a apresentação à imprensa da proposta preliminar de Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PROTAML), que defende a instalação de um novo terminal de contentores na margem sul, projecto que os técnicos consideram ter que ser pensado "em conjunto com outras infra-estruturas de protecção do estuário do Tejo".

A proposta de PROTAML realça ainda a importância da ligação deste novo terminal à plataforma logística, "onde se cruzaria com a linha de Sines, partindo daqui a ligação ferroviária à Europa para mercadorias".

Na área dos portos, as metas para 2020 do PROTAML apontam para um aumento médio anual de três por cento da mercadoria movimentada no conjunto dos portos.
A versão do PROTAML hoje apresentada defende igualmente a transformação da actual Doca de Pedrouços numa marina para 'mega-iates' e veleiros.

Na apresentação da versão preliminar do PRPTALM, Fonseca ferreira defendeu ainda que no futuro o documento deveria deixar de ser gerido apenas pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), à semelhança do que aconteceu com o PROT do Oeste.

"Vai ser proposta uma gestão conjunta e mais flexível, com um núcleo duro onde estarão representadas a CCDR, a Direcção Geral de Ordenamento do Território e a Junta Metropolitana de Lisboa", afirmou.

A este núcleo duro - explicou -, para cada uma das áreas, juntar-se-iam um representante do Governo e um a nível regional, para que a gestão "fosse feita de forma partilhada e mais concertada e consensual".

A proposta prevê a manutenção da actual Comissão Consultiva (que tem acompanhado a revisão do PROTAML), transformada em "Comissão de Acompanhamento", para fazer a avaliação dos trabalhos de forma regular.

SO
Lusa/fim»

E a posição do Bloco de Esquerda, segundo a candidata à Câmara Municipal de Almada, Helena Oliveira, em resposta à Lusa no passado dia 14:

«O Bloco de Esquerda não concorda com a construção de um terminal de contentores na Trafaria, e tem-se batido na Assembleia Municipal de Almada e fora dela, para que tal não venha a acontecer. Tal como há anos que reivindica o encerramento dos silos!

Existe um Estudo de Enquadramento Estratégico da Costa da Trafaria, que teve como objectivo a promoção e requalificação da Freguesia da Trafaria, compatibilizando as suas vertentes turística, piscatória, habitacional, comercial, de serviços, de recreio e de lazer, com a preservação e valorização das características sociais e naturais desta freguesia.

Este Estudo, aprovado por unanimidade na Assembleia Municipal de Almada, e realizado de acordo com o actual PROT-AML e envolvendo a população e as instituições no terreno, será inviabilizado no caso de a versão preliminar agora apresentada do PROT-AML for avante.

Com efeito, a Trafaria é uma freguesia com um enorme potencial, dotada de inúmeras valências, quer ao nível das suas praias, fauna e outros recursos naturais, quer no simples facto de se encontrar localizada numa zona privilegiada. Estes recursos estão totalmente desaproveitados, e isso é visível pelo abandono, quer dos Fortes localizados na Freguesia, quer do seu porto, o que em muito se deve ao facto do mesmo ser controlado pela Administração do Porto de Lisboa. Também os dois bairros residenciais (conhecidos por Bairros do 1.º Torrão e do 2.º Torrão), onde habitam mais de 40 famílias há quase 40 anos, e que se encontram em terrenos de domínio público sob jurisdição da APL, se encontram em condições bastante degradadas, e cuja situação urge resolver.

Assim como é necessário acabar com os silos na Trafaria, que são há muitos anos uma fonte de poeiras e ruídos que trazem problemas alérgicos e de respiração a muitas pessoas, causando problemas de saúde cujos custos não podem ser esquecidos, e provocando a destruição da praia e da paisagem.

Em suma, a Trafaria precisa de ser requalificada tendo em conta as suas vastas potencialidades, e impedindo que a Freguesia perca população. Não precisa de ser transformada num terminal de contentores.

Com silos e contentores, quem perde é a população da Trafaria!»

4 comentários:

O Chefe da Estação disse...

Alguém tem que suportar o novo terminal.
Não é agradável, como não foram os silos da Trafaria.
Mas não criemos uma situação idêntica à das incineradoras.
Eram necessárias mas ninguém as queria.
Para onde se propõe a colocação de um novo terminal?
Longe, muito longe.
Desde que não seja à nossa porta pode ser em qualquer lugar. À boa maneira portuguesa, os outros que se lixem.
É uma das razões que admiro em qualquer oposição.
Não concordam mas não oferecem soluções credíveis.

Minda disse...

Chefe da Estação:

Não deixa de ter alguma razão naquilo que escreve.
Ou seja, há projectos que, pelo bem da maioria, outros os têm de suportar. Tem a sua lógica... desde que se acautelem os estudos devidos, e se pese bem os custos/benefícios nomeadamente os económicos, sociais e ambientais.
É verdade que, quem sou eu para ciomentar tecnicamente uma opção destas (colocar o terminal de con tentores na Trafaria) mas uma coisa é certa: será que aquela é mesmo a única opção?
Além disso, tendo nós verificado o que aconteceu à Trafaria depois da instalação dos silos, porque razão devem agora ser ali instalados, também, os contentores? Para acabar de vez com a qualidade de vida daquela gente?
E no meio disto tudo, onde cabe o plano de requalificação da Trafaria, de iniciativa municipal?
Não tenho a solução na manga para o problema. Mas também não é a mim que cabe apresentá-la.
Como cidadã interessada apenas me questiono sobre a inevitabilidade do projecto...

Anónimo disse...

A Arminda que é uma pessoa séria e interessada pela sua terra tem certamente conhecimento da posição pública do candidato do PS à Câmara de Almada sobre este assunto.

Minda disse...

Anónimo:

Claro que conheço a posição de Paulo Pedroso. E não tenho qualquer problema em dizer que concordo com ele.

E, já agora, não me chamo Arminda mas Ermelinda. :-)

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