segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Mas que pouca vergonha!


«Júlio Almas, funcionário da Câmara do Seixal (PCP) há 17 anos, perdeu a paciência com os alegados atropelos aos seus direitos laborais, o que, a confirmar-se, contraria todo o discurso dos comunistas em defesa dos trabalhadores.

Segundo fontes camarárias, Júlio Almas - que se recusou a falar ao DN, alegando estar o caso em segredo de justiça - apresentou esta semana uma queixa na Inspecção-Geral da Administração Local (IGAL) e informou todos os vereadores, bem como as centrais sindicais (CGTP e UGT) e o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL).

Impedimento de entrar nas instalações da câmara e subsequente marcação de 63 faltas injustificadas, não atribuição de trabalho ou funções, impedimento de promoção na carreira e de fazer horas extraordinárias, perda de subsídio de turno sem justificação, são algumas das práticas alegadamente cometidas pelas chefias de Júlio Almas e que constam do documento por si enviado, em Dezembro passado, ao presidente da Câmara do Seixal, Alfredo Monteiro.

A autarquia respondeu ao DN por escrito: "A Câmara Municipal do Seixal não divulga quaisquer dados que digam respeito à gestão dos seus recursos humanos. Tendo em conta que as questões colocadas se enquadram todas nesta matéria, entendemos que não há lugar a respostas directas, nem nos cabe tecer quaisquer comentários sobre o assunto."

Na carta enviada a Alfredo Monteiro, a que o DN teve acesso e onde se dá a entender que haverá vários outros "trabalhadores perseguidos, injuriados e desprotegidos", Júlio Almas escreveu: "(...) trabalhador exemplar (conforme classificação de serviço), vejo a minha situação laboral transformada num autêntico inferno dantesco", com consequências "resultantes de penalizações consecutivas perpetradas por esta Câmara."

"Compreendo que se queira mostrar uma câmara exemplar, onde os direitos dos trabalhadores são sempre consagrados por uma política democrática e humanitária. Mas considero inadmissível que, perante os constantes atropelos dos direitos de um trabalhador inconveniente, se proceda ao seu saneamento por intermédio de manipulação, só para mostrar que nesta Câmara [onde o PCP tem maioria absoluta] tudo vai bem", declarou Júlio Almas - que foi candidato à junta de freguesia do Seixal pelo Bloco de Esquerda.

"E isto tudo com a atitude letárgica e conivente do sindicato para o qual deduzi um por cento do meu ordenado durante 17 anos consecutivos", adiantou o funcionário, informando Alfredo Monteiro de que iria enviar uma cópia da carta "a todos os vereadores" da Câmara, ao STAL e ainda às duas centrais sindicais, CGTP e UGT.

O STAL também é visado: "Por não entender a razão pela qual o sindicato não agiu em conformidade com os seus princípios de defesa, justiça e direitos no trabalho, decidi procurar a resposta para os seus actos de subserviência ao poder executivo camarário."

"Decidi saber porque 17 anos de pagamentos de quotas, manifestações e greves que perdi a conta, só significaram desprezo (...). Sei, agora, que alguns dos delegados sindicais do STAL colocados na Câmara do Seixal são, ao mesmo tempo, autarcas e ou candidatos representantes" do PCP.

"Considero inadmissíveis existirem delegados sindicais que, quando estão representados pela força política vigente, defendam os interesses do patronato como seus interesses", bem como "os continuados actos de servilismo patronal, para fazer prevalecer os ideais políticos dos cidadãos e trabalhadores delegados sindicais (...), mesmo que isso signifique o afastamento de trabalhadores inconvenientes. Trabalhadores que, mesmo inconvenientes, têm direitos e regalias, como qualquer trabalhador", frisou Júlio Almas.»


Manuel Carlos Freire

10 comentários:

Atazanador disse...

Pois bem,
Tínhamos o Pólo Democrático de Almada, centrado na CM e SMAS de Almada orientado e dirigido pela CDU/PCP e agora temos o Pólo Democrático do Seixal, também dirigido e orientado pelos equivalentes no Seixal.
Estamos assim perante um Eixo Democrático.
A continuar assim, os trabalhadores dos serviços autárquicos de Almada e Seixal emparelharão com os trabalhadores da República “Democrática” da Coreia do Norte...

Anónimo disse...

Então os dirigentes sindicais estão do lado do patronato?
Mas que surpresa tão grande!
Uma situação como esta, sería admissivel, realmente, em Cuba, na China, na Coreia do Norte, na Venezuela..., mas aqui?, num país capitalista?, só se for em ilhas profissionais impestadas por comunas.
É o preço a pagar por quem morde a mão que lhe deu de comer, a cunha que permitiu aceder ao gargozito, esqueceu-se de entregar a declaração de compromisso:
1-Ao entrares para o rebanho vai para onde o pastor toca.
2-Ovelha que berra, bocada que perde.
3-Nem muito esperto, nem muito parvo.
4-O silêncio é de ouro.
5-A graxa não é para os sapatos.
6-A competência é um estado de consciência.
7-A vénia é uma ferramenta.
8-A submissão é natural.
9-Tu não existes sem nós.
10-O PCP é o chefe e o chefe é que manda.
São 10 simples mandamentos, não confundir com a carta de direitos da ONU.
Oliveira

Júlio Almas disse...

Não querendo dizer nada por ora sobre o noticiado.
Tudo a seu tempo.
Respondo ao caro anónimo que parece não ter lido todo o artigo publicado e é desconhecedor da situação que o DN relata superficialmente.

Primeiro,
A queixa feita não contempla ataque politicos ou aos sindicatos.

Segundo,
Não penso que os intervenientes neste processo, sejam ou defendam os partidos ou os sindicatos a que pertencem.

Por último,
Lamento que pense que eu terei procurado a CMS por ser comunista.
Apesar de não o ser, fui trabalhar para a CMS como qualquer trabalhador que necessitava de trabalho para fazer face à vida (penso que como a maioria dos portugueses).
Nunca tive regalias ou tachos pelo facto de lá trabalhar.
Se o caro anónimo é municipe do concelho do Seixal, é de lamentar que não compreenda que é voçê a mão que dá de comer aos funcionários desta Câmara.
pelo menos é municipe de algum concelho e dá de comer a alguém.


Júlio Almas

P.s.
Apesar de não ter pedido ao administrador deste blog para publicar qualquer noticia, agradeço a sua preocupação.

Churchill disse...

Ermelinda
Isto está a ganhar dimensão, agora também já se preocupa com o Seixal.
.
Podiam começar por ver como é possível uma Câmara estar endividada até às orelhas, e mesmo assim os trabalhadores da rua (os que o comum cidadão vê por aí) só trabalharem aos fins de semana.
Tem dúvidas, apanhe o metro e vá dar uma volta ao sábado de manhã, e vai ver a quantidade de rapazes e raparigas a limpar o que não limpam de semana.
Também podia ver como é que se gasta uma fortuna a fazer uma sede faraónica, não pagando a fornecedores durante anos.
Do pessoal, podia ir ver os que trabalham nas greves (porque não há quase nenhuma função de força maior), e depois o mesmo argumento é usado para poderem passar os limites de horas extraordinárias definidos na lei.
.
E de opções politicas de gestão, se acha criticável o que se passa em Almada, então no Seixal vai ser uma festa.

Até logo

José Eduardo disse...

Meus caros: então, o "camarada Chico", do PCP, só obteve 9.613 votos no concelho de Almada? Onde pára a militância dos Social Fascistas do PCP, que têm (des)governado a CMA/SMAS? No concelho do Seixal só obteve 9.328!!! Bem podem começar a pensar em emigrar até à Coreia do Norte... Tanto têm procurado tapar os ilícitos, que já não existe "manta" suficiente para tapar as ilegalidades e arbitrariedades que têm feito...

Minda disse...

Atazanador:

Realmente é isso mesmo... temos aqui um verdadeiro "arco democrático sul".

Minda disse...

Oliveira,

Adorei esses dez mandamentos.
Aplicam-se, na perfeição à situação na CM de Almada e, pelos vistos, na CM do Seixal.

Minda disse...

Júlio,

Tem toda a minha solidaredade e da Plataforma de Cidadania do Concelho de Almada.
Também nós temos vindo a denunciar situações semelhantes na CMA de Almada.
É preciso coragem para fazer o que fez. Não desista.
Conte sempre connosco para o que for preciso.

Minda disse...

Churchill,

Sabe o que é solidariedade?

Minda disse...

Zé Eduardo:

Faço minhas as tuas palavras.
E nem vale a pena acrescentar mais nada.

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