Da leitura dos três artigos analisados (e aqui
publicados em 27-10-2020,
28-10-2020
e 30-10-2020)
e do vasto conjunto de referências bibliográficas consultadas, ressalta a
evidência de que para entender a integralidade das mudanças que ocorrem no
território (seja a nível nacional ou regional) é imprescindível equacionar os
problemas do quotidiano numa perspetiva tripartida: geográfica (território e
ambiente), material (economia e tecnologia) e imaterial (ideologia e
organização política).
A geografia, em conjunto com outras disciplinas
(como a economia, a sociologia, a antropologia ou a história), desempenha um
papel determinante na identificação e compreensão das variáveis que intervêm na
organização do espaço e é fundamental na definição dos modelos de ordenamento
do território.
Na implementação eficaz de políticas públicas
com expressão territorial, o ato de governar (um país ou uma região) é um
processo que integra a participação de múltiplos agentes fora do círculo
político decisório, seja através de parcerias contratuais ou de colaborações
informais em que a escala de operacionalização é o elemento estruturante.
As questões da governança comportam uma
dimensão colaborativa que transcende o binómio público-privado onde as
associações locais, as instituições de solidariedade social e até os grupos
comunitários informais têm um papel a desempenhar na definição das políticas
públicas assim como na respetiva implementação.
Ficou também evidente a necessidade de apostar
em mecanismos que potenciem a intervenção política da sociedade civil como
imperativo na defesa da democracia representativa. Para atingir esse fim
precisamos de reforçar o “espírito de cidadania” e promover uma “cultura de
participação democrática” porque só com cidadãos conscientes dos seus deveres
cívicos e desempenhando um papel ativo na vida política é possível atingir
aquele objetivo.
Cada território tem um conjunto de
caraterísticas identitárias que resultam da geografia física, da humanização
que a população lhe confere e dos múltiplos saberes locais que dão a cada
região uma identidade própria que, sedimentada através do tempo, cria nos residentes
o sentimento de pertença àquele espaço.
Finalmente importa referir que, tendo presente o
tema daquela que será a minha tese de doutoramento, a reflexão sobre os temas
dos artigos veio contribuir para enriquecer o capital teórico sobre governança,
perceber melhor o que está em causa na identidade local e encontrar argumentos
para justificar que a coesão territorial só se atinge pelo saber conjugado de
várias ciências, mas onde a geografia é protagonista.
Assim, no âmbito do futuro trabalho de
investigação, há alguns assuntos aqui abordados que se pretende aprofundar em
complementaridade de outros temas ou numa nova perspetiva de análise,
integrados, sobretudo, no capítulo das matérias relacionadas com o ordenamento
do território e a governação supramunicipal como sejam, entre outras, as
questões:
A governança multinível;
A coesão territorial;
As parcerias com a sociedade civil
na definição e avaliação de políticas públicas;
O papel dos cidadãos no
aprofundar da democracia participativa;
A identidade regional,
distrital e municipal.
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