terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Sobre o comércio local

Não estava a pensar voltar a este tema do estacionamento e dos abusos por parte de alguns comerciantes. Todavia, perante a visão de tantos casos, detectados num único dia (hoje mesmo) e no curto percurso que faço nas minhas caminhadas matinais pela freguesia nos dias em que o “patrão Estado” me permite folgar, decidi apresentar-vos mais quatro exemplos.
Não, não se trata de uma qualquer perseguição ao comércio local, nem tão pouco a este ou àquele comerciante cujo estabelecimento aqui fica identificado, como poderão as mentes mesquinhas vir a acusar-me.

Rua Carvalho Frerinha

As denúncias que aqui ficam registadas servem, apenas, para que possamos reflectir em torno das seguintes questões: será legítimo arranjar esquemas para contornar as regras estabelecidas e, em simultâneo, fazer exigências à autarquia para que faça cumprir outras? Que legitimidade têm para reclamar direitos os que não cumprem os seus deveres?


Rua Elias Garcia

Sendo certo que a autarquia peca por nunca ter elaborado um programa específico de reabilitação urbana que incluísse medidas concretas de revitalização do comércio local e, mais ainda, por se ter “esquecido” de prever o impacto que as obras do MST iriam ter na freguesia, não acautelando, com a necessária antecipação, medidas alternativas para sanar as consequências directas das mesmas, nomeadamente no que concerne aos condicionalismos ao trânsito e estacionamento de residentes e comerciantes, julgo porém que não é com actuações deste tipo que se devem resolver os problemas.

Rua Cândido dos Reis

Aliás, se os comerciantes querem ver o seu papel reconhecido ao nível do contributo que dão para a economia local (em particular os que, mesmo com sérias dificuldades, vão resistindo com ousadia assegurando muitas dezenas de empregos) e até da função que representam (sendo Cacilhas uma freguesia envelhecida os pequenos supermercados e/ou mercearias de bairro, assim como os cafés e pastelarias, desempenham uma importante função de suporte económico-social) sem esquecer o contributo para o turismo (em particular do sector da restauração), não podem adoptar comportamentos que em nada dignificam a sua actividade.

Rua Carvalho Freirinha

Sentem-se lesados? Então reclamem no local certo pelos meios adequados. Unam esforços e sejam reivindicativos. Mas não se sirvam de subterfúgios para garantir aquilo que não se querem aborrecer a exigir seguindo os trâmites normais. Até podem conseguir pequenas vitórias enquanto a autarquia fecha os olhos, mas será sempre o prenúncio de uma derrota a longo prazo... Acabamos todos por perder, em particular a população e a democracia.

Se os lugares de estacionamento já eram poucos, agora nesta fase das obras do MST ainda pior, logo, não é com soluções destas que se resolve o problema. E se os comerciantes necessitam de espaço, também os residentes... além do mais, existem regulamentos a cumprir e os comerciantes não estão acima da lei: querem um lugar de estacionamento à porta do estabelecimento? (se todos assim o reclamassem não havia lugares para mais ninguém...) A loja é pequena e precisam de alargá-la com bancadas para a via pública? Peçam a devida autorização e paguem as taxas respectivas... o orçamento da freguesia até agradece. Mas sejam mais interventivos na fiscalização da aplicação dessas receitas, marquem presença na assembleia de freguesia, intervenham, façam-se ouvir...

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