No referendo de domingo eu voto SIM, entre outros motivos:
Porque sou pela dignidade humana, pelo direito a nascer-se desejado.
Porque o direito de optar não significa leviandade da mulher e muito menos promoção ou liberalização do aborto, como os partidários do Não nos querem convencer. Trata-se, apenas, de um acto de liberdade. A liberdade de cada família escolher quando está pronta para receber os seus filhos e não os ter quando a sociedade, a igreja ou os vizinhos acham que deve ser.
Porque votar Não é continuar a esquecer que a decisão de interromper uma gravidez é, quase sempre, decisão do casal mas apenas a mulher é apontada como criminosa. Votar Não é ser conivente com uma abjecta discriminação por género.
Porque o nascimento de uma criança deve ser um acto de amor e não uma imposição legal e, muito menos, uma irresponsabilidade assumida na sequência de um deslize/esquecimento (o desejo às vezes é mais premente que a razão e se errar é humano, lapsos de memória ainda mais e, além disso, as pessoas não são autómatos) ou de uma falha do método de contracepção utilizado (para quem não sabe, os preservativos rompem-se e a pílula nem sempre é eficaz, por exemplo).
Porque é preferível não tê-las do que mais tarde abandoná-las, vê-las sofrer e passar fome, por exemplo. Não será mais cruel e desumano, criminoso até, ter um filho sabendo que não se tem as condições mínimas (económicas, sociais, de saúde física ou psíquica) para prover ao seu sustento e assegurar-lhe uma vida com alguma segurança, carinho e qualidade?
Porque sou contra a violência infantil... uma criança desejada não é, com toda a certeza, vítima de maus tratos, ao contrário de um filho que nasceu contra a vontade de um dos progenitores e não por livre e consciente opção dos pais.
Porque a maternidade deve ser consciente e ponderada, nunca uma forma resignada de acomodação por se temer uma ida para a prisão, julgamentos sociais e/ou religiosos.
Porque nenhuma mulher que interrompe uma gravidez o faz por um qualquer mórbido prazer de abortar nem tão pouco transforma esse acto num vício do qual fica dependente passando a utilizá-lo como método contraceptivo privilegiado.
Porque praticar a IVG a pedido não significa que a mulher o faça apenas porque lhe apetece, sem que por detrás dessa decisão dramática estejam ponderosos motivos justificativos (que devem ser os seus e não os dos outros). Logo, liberalizar o aborto como se fosse um acontecimento banal que se pratica nas horas de ócio, é uma afirmação falaciosa dos defensores do Não que esquecem isso, sim, que muitas mulheres são levadas a essa opção devido, sobretudo, à falta de apoio do companheiro que não quer assumir as suas responsabilidades.
Porque quero salvar vidas! Isso mesmo... as vidas dos milhares de mulheres que, todos os anos, morrem devido às sequelas do aborto clandestino apenas porque não lhes deram a hipótese, sobretudo devido a carências económicas, de serem assistidas e aconselhadas em estabelecimento de saúde adequado.
Porque se o aborto deixasse uma marca na testa, muitas das acérrimas defensoras do Não e cujas carteiras estão bem recheadas, estariam marcadas e talvez deixassem de ser tão hipócritas.
Porque é uma injustiça continuar a penalizar as mulheres. Mesmo que não esteja nenhuma na cadeia por ter praticado aborto, o certo é que o código penal condena-as e os julgamentos não são ficção, pelo contrário… são uma humilhação cuja barbaridade se acentua ainda mais depois de sabermos o sofrimento que já foi o acto de interromper a gravidez.
Porque os defensores do Não são mentirosos… em nenhum país o número de abortos subiu depois da despenalização: subiram sim, em termos estatísticos, o número de abortos realizados no sistema público de saúde porque deixaram de ser clandestinos. Mas, em termos globais, diminuem. E, principalmente, ganham-se muitas vidas… milhares delas, sim: as da mães que não morrem e de muitos desses filhos que, tivessem as mulheres recorrido ao lugar certo, sem medo ou vergonha do estigma social e da penalização criminal, tivessem sido aconselhadas, apoiadas na sua decisão, se calhar algumas optariam por ver o seu filho nascer.
Sou a favor do SIM por tudo isto e muitas mais razões que me apetecia falar mas como o texto já vai longo, fico-me por aqui. Sou a favor do SIM contra a hipocrisia do Não, por uma vida digna... eu voto SIM.
Porque sou pela dignidade humana, pelo direito a nascer-se desejado.
Porque o direito de optar não significa leviandade da mulher e muito menos promoção ou liberalização do aborto, como os partidários do Não nos querem convencer. Trata-se, apenas, de um acto de liberdade. A liberdade de cada família escolher quando está pronta para receber os seus filhos e não os ter quando a sociedade, a igreja ou os vizinhos acham que deve ser.
Porque votar Não é continuar a esquecer que a decisão de interromper uma gravidez é, quase sempre, decisão do casal mas apenas a mulher é apontada como criminosa. Votar Não é ser conivente com uma abjecta discriminação por género.
Porque o nascimento de uma criança deve ser um acto de amor e não uma imposição legal e, muito menos, uma irresponsabilidade assumida na sequência de um deslize/esquecimento (o desejo às vezes é mais premente que a razão e se errar é humano, lapsos de memória ainda mais e, além disso, as pessoas não são autómatos) ou de uma falha do método de contracepção utilizado (para quem não sabe, os preservativos rompem-se e a pílula nem sempre é eficaz, por exemplo).
Porque é preferível não tê-las do que mais tarde abandoná-las, vê-las sofrer e passar fome, por exemplo. Não será mais cruel e desumano, criminoso até, ter um filho sabendo que não se tem as condições mínimas (económicas, sociais, de saúde física ou psíquica) para prover ao seu sustento e assegurar-lhe uma vida com alguma segurança, carinho e qualidade?
Porque sou contra a violência infantil... uma criança desejada não é, com toda a certeza, vítima de maus tratos, ao contrário de um filho que nasceu contra a vontade de um dos progenitores e não por livre e consciente opção dos pais.
Porque a maternidade deve ser consciente e ponderada, nunca uma forma resignada de acomodação por se temer uma ida para a prisão, julgamentos sociais e/ou religiosos.
Porque nenhuma mulher que interrompe uma gravidez o faz por um qualquer mórbido prazer de abortar nem tão pouco transforma esse acto num vício do qual fica dependente passando a utilizá-lo como método contraceptivo privilegiado.
Porque praticar a IVG a pedido não significa que a mulher o faça apenas porque lhe apetece, sem que por detrás dessa decisão dramática estejam ponderosos motivos justificativos (que devem ser os seus e não os dos outros). Logo, liberalizar o aborto como se fosse um acontecimento banal que se pratica nas horas de ócio, é uma afirmação falaciosa dos defensores do Não que esquecem isso, sim, que muitas mulheres são levadas a essa opção devido, sobretudo, à falta de apoio do companheiro que não quer assumir as suas responsabilidades.
Porque quero salvar vidas! Isso mesmo... as vidas dos milhares de mulheres que, todos os anos, morrem devido às sequelas do aborto clandestino apenas porque não lhes deram a hipótese, sobretudo devido a carências económicas, de serem assistidas e aconselhadas em estabelecimento de saúde adequado.
Porque se o aborto deixasse uma marca na testa, muitas das acérrimas defensoras do Não e cujas carteiras estão bem recheadas, estariam marcadas e talvez deixassem de ser tão hipócritas.
Porque é uma injustiça continuar a penalizar as mulheres. Mesmo que não esteja nenhuma na cadeia por ter praticado aborto, o certo é que o código penal condena-as e os julgamentos não são ficção, pelo contrário… são uma humilhação cuja barbaridade se acentua ainda mais depois de sabermos o sofrimento que já foi o acto de interromper a gravidez.
Porque os defensores do Não são mentirosos… em nenhum país o número de abortos subiu depois da despenalização: subiram sim, em termos estatísticos, o número de abortos realizados no sistema público de saúde porque deixaram de ser clandestinos. Mas, em termos globais, diminuem. E, principalmente, ganham-se muitas vidas… milhares delas, sim: as da mães que não morrem e de muitos desses filhos que, tivessem as mulheres recorrido ao lugar certo, sem medo ou vergonha do estigma social e da penalização criminal, tivessem sido aconselhadas, apoiadas na sua decisão, se calhar algumas optariam por ver o seu filho nascer.
Sou a favor do SIM por tudo isto e muitas mais razões que me apetecia falar mas como o texto já vai longo, fico-me por aqui. Sou a favor do SIM contra a hipocrisia do Não, por uma vida digna... eu voto SIM.
Quadro: um de entre vários sobre o aborto, de Paula Rego, exposto na Fundação de Serralves.
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