«Helena
Roseta
(Presidente da Assembleia Municipal):
Senhores deputados. Vamos passar
ao último ponto da ordem de trabalhos. É uma proposta
da Mesa que foi discutida em sede Conferência de Representantes e, por
isso, não baixou a nenhuma comissão.
Eu tenho aqui dois
esclarecimentos importantes a dar.
Em primeiro lugar, há uma
retificação da proposta nos considerandos… no considerando 5.10 que é
substituído por dois considerandos a pedido do senhor secretário-geral da
câmara porque não estava muito clara aqui a redação. E, portanto, isto não é
matéria deliberativa mas é apenas para que fique claro que houve uma alteração
da redação.
O considerando 5.10 foi
substituído pro uma nova redação. A redação do considerando 5.10 com um
aditamento no ponto 5.11 e estava a ver se encontrava aqui no meu dossier para
poder dizer do que é que se trata.
O ponto 5.10 tinha uma redação
que falava do senhor diretor municipal de cultura e do senhor secretário-geral
e era um bocado equívoco exa1/71tamente o que é que se tinha passado. A pedido
do senhor secretário-geral passa a ter a seguinte redação:
Ponto 5.10: o senhor
secretário-geral e o senhor diretor municipal da Cultura efectuaram uma visita
às instalações da Biblioteca da ADL tendo o diretor municipal da Cultura
entendido que o acervo da biblioteca no seu conjunto não tinha interesse para a
CML o que foi transmitido à ADL pelo senhor secretário-geral.
E o novo ponto 5.11: o senhor diretor
do departamento do Património Cultural da CML solicitou à ADL em 15 de dezembro
de 2014 a integração no Centro de Arqueologia de Lisboa do acervo da antiga
biblioteca da ADL, respeitante a toda a bibliografia sobre estudos
arqueológicos, por se considerar interessante esta parte do acervo da referida
biblioteca.
Estando esclarecidos estes pontos
cabe-me dar, ainda, um outro esclarecimento à senhora Cláudia Madeira que
apresentou a recomendação 1/71 e que havia dúvidas ontem, em sede de
conferência de representantes, sobre esta posição da direcção municipal de
cultura, o que é que tinha sido.
Eu disse que era difícil de
esclarecer porque o diretor já não era o mesmo. Não disse correctamente. O
senhor diretor municipal de cultura é o mesmo que era na altura. E, portanto, é
perfeitamente… de qualquer maneira não incompatibiliza a recomendação. Mas é a
mesma pessoa, que poderá prestar esclarecimentos, o que é que se passou
exactamente nesta questão.
E, portanto, posto isto, pergunto
se algum senhor deputado quer fazer alguma intervenção? Há pessoas inscritas.
Então vamos ouvi-los.
Secretária
da Mesa da Assembleia Municipal:
Tem a palavra a senhora deputada
Isabel Pires do Bloco de Esquerda.
Isabel
Pires (Bloco de
Esquerda):
Obrigada senhora presidente. Boa
tarde.
A alteração do regime legal das
assembleias distritais ditou a transferência da universalidade jurídica da
mesma para outras entidades.
Relativamente à Assembleia
Municipal de Lisboa o município poderia ser o beneficiário de tal transferência
da universalidade jurídica que inclui um importante espólio cultural, onde se
inclui um acervo bibliográfico relevante para a olisipografia.
A gestão de todo este processo
foi, a nossos ver, mal conduzida pelo município de Lisboa que teve uma posição
algo teimosa e muito pouco interessada motivada, aliás, por um contenciosa
relativo a quotas em atraso e que ascendem a mais de cento e trinta mil euros.
Este contencioso motivou atrasos
de pagamento a pessoal da Assembleia Distrital de Lisboa que, aliás, se
continuam a verificar. E, pior ainda, poderá o município de Lisboa ser
condenado a pagar as quotizações em atraso ao beneficiário da universalidade
jurídica da Assembleia Distrital de Lisboa no futuro.
Tudo por uma questão, a nosso
ver, de manifesta má vontade.
Se da parte da Câmara Municipal
de Lisboa a posição tem sido a recusa, poderia a Assembleia Municipal aceitar
esta universalidade. Infelizmente não é essa a proposta hoje em votação.
O que se propõe, com a proposta
que está aqui em acervo… propõe-se a recusa, com argumentos de incerteza quanto
à composição do património da Assembleia Distrital de Lisboa. No entanto
achamos que há dois elementos importantes neste património: a dívida do
município de Lisboa em montante superior a cento e trinta mil euros, como já
referido, que poderá ter de ser suportada pelo município e, acima de tudo, um
importante acervo cultural ao qual a cidade não pode ficar indiferente.
Por este motivo não podemos
deixar de discordar desta proposta e lamentamos, ainda, a atitude intransigente
da câmara municipal em especial pelos incómodos causados ao pessoal da
Assembleia Distrital de Lisboa ao longo de mais de dois anos.
Sublinhamos que sempre foi esta a
posição do Bloco de Esquerda, ali´sa bem vincada na proposta de recomendação
n.º 1/41 (defesa dos direitos dos trabalhadores da Assembleia Distrital de
Lisboa e transferência da universalidade indivisível da mesma) discutida e
votada nesta assembleia em 16 de setembro de 2014 e inviabilizada pela maioria
PS e Independentes.
E, pro fim, gostaríamos de
solicitar a votação em separado na parte deliberativa da alínea c).
Helena
Roseta
(Presidente da Assembleia Municipal):
Muito obrigada senhora deputada.
Vamos prosseguir.
Secretária
da Mesa da Assembleia Municipal:
Tem a palavra o senhor deputado
Carlos Silva Santos do PCP.
Carlos
Silva Santos
(PCP):
Senhora presidente, senhores vereadores,
senhores deputados.
Nós estamos perante um grande
imbróglio, mais um, deste Governo que nos desgoverna que, em relação à
Assembleia Distrital, enfim, apropriou-se dos bens que tinham valor, deixou
ficar as dívidas e, eventualmente, algum património do ponto de vista
bibliográfico.
Na verdade os imóveis são hoje do
Estado. Os funcionários que o desejaram são hoje pertença do município. Fica um
território complicado e difícil de resolver.
Nós entendemos que quem fez o mal
fique, também, com a caramunha. Quer dizer que… isto é uma matéria, claramente,
cabe ao Estado e, neste caso, ao Governo, resolver.
No entanto, e nesta proposta que existe
há uma alínea c) que nos interessa sobremaneira: que é o eventual arquivo do
centro arqueológico que seja propriedade desta Assembleia Distrital e que nos
interessa. Eventualmente outros materiais, do ponto de vista bibliográfico, que
podem ser de interesse para o município.
Portanto, enquanto o problema é
um problema criado pelo Governo deve ser remetido, naturalmente, para o
Governo.
Quanto aos valores patrimoniais
que nos interessam devemos reclamá-los junto do Governo, que deve assumir a
responsabilidade deste problema criado pelo próprio Governo.
Muito obrigada.
Helena
Roseta
(Presidente da Assembleia Municipal):
Muito obrigada senhor deputado.
Secretária
da Mesa da Assembleia Municipal:
Tem a palavra o senhor deputado
Sobreda Antunes do PEV.
Helena
Roseta
(Presidente da Assembleia Municipal):
O senhor deputado informou a Mesa
que tem uma intervenção de quatro minutos porque a grelha que estava prevista
tinha 68 e não 34 minutos, sim 68 e não 34… penso que os senhores deputados
independentes lhes cedem, se for necessário, um minuto para o senhor deputado
poder concluir a sua intervenção.
Sobreda
Antunes (PEV):
Muito obrigada senhora
presidente.
Boa tarde a todos e a todas.
A recomendação… Vou fazer dois em
um, portanto.
A
recomendação dos Verdes não se refere a qualquer património imobiliário ou
dívidas da Assembleia Distrital de Lisboa. Tem apenas estritamente em vista
recomendar à Câmara que em tempo útil proceda a uma avaliação técnica sobre a
relevância cultural para o município de Lisboa dos espólios arquivístico e
biblioteconómico e das publicações do sector editorial da ADL.
Bem como se pronuncie, com base
nessa avaliação ou parecer técnico, sobre o interesse temático que os fundos do
arquivo histórico e algumas das obras monográficas da ADL possam apresentar
para, no futuro, poderem vir a ser integrados nas colecções da rede do
município de Lisboa.
É hoje reconhecido que o espólio
editorial é composto por um valioso ativo de mais de 45 mil livros passíveis…
de mais de 45 mil livros passíveis de venda pela entidade que assumir a sua
receção; que os fundos arquivísticos se reportam à identidade histórica da instituição
e que os fundos biblioteconómicos são compostos por monografias e uma vasta e
valiosa colecção de publicações periódicas, como aliás refere o próprio portal
da internet da Câmara Municipal de Lisboa.
Porém desconhece-se qualquer
avaliação documental sobre a vantagem e o interesse de parte daquelas coleções
poderem vir a ser integradas no arquivo municipal e na rede de bibliotecas
municipais pelo que julgamos prematuro descartas publicações sem um parecer dos
competentes serviços da câmara, com capacidade técnica e o know how para proceder à avaliação documental que informe e ajude a
formar uma tomada de decisão superior.
Acontece que alguns dos títulos
serão edições parcialmente raras, ou fora do mercado editorial, e que de acordo
com uma consulta ao próprio catálogo das BLx, das bibliotecas de Lisboa, várias
dessas obras encontram-se com acesso temporariamente indisponível para consulta
pelos utilizadores das bibliotecas de Lisboa.
E acontece, também, que a
eventual integração de parte das colecções da Assembleia Distrital de Lisboa no
Arquico ou nas Bibliotecas municipais de Lisboa não trás qualquer encargo
suplementar com a sua manutenção diária.
Com efeito, e como os Verdes
referem no quarto parágrafo da sua recomendação, é verdade que o Centro de Arqueologia
terá manifestado interesse em aceitar receber a bibliografia referente aos
estudos arqueológicos por o Centro de Arqueologia ter transmitido essa
informação ao Departamento do Património Cultural da Câmara.
Mas não consta que qualquer outro
departamento municipal, designadamente o Departamento de Arquivo e Bibliotecas,
se tenha pronunciado favorável ou desfavoravelmente sobre tal matéria.
Tal facto é reconhecido pelo
próprio senhor secretário-geral da câmara que em quatro de março de 2015, tenho
aqui a carta
do senhor secretário-geral de 4 de março de 2015, confirma não ter sido
produzido qualquer relatório técnico. Está no terceiro parágrafo.
Ora como qualquer documentalista,
seja ele arquivista ou bibliotecário, sabe pela sua experiência técnica, uma
avaliação documental não se processa a “olhómetro”. Não basta, e vou citar o
anexo n.º 6 à ordem de trabalhos da Conferência de Representantes dos Grupos
Municipais de 18 de maio de 2015, não basta dizer-se o seguinte, vou citar:
“para avaliar as caraterísticas e o estado de conservação de centenas de milhar
de obras do arquivo e da biblioteca da ADL, terá bastado ao senhor
secretário-geral da câmara uma simples passagem de olhos pelas estantes sem sequer
tocar num único exemplar durante uma visita que durou pouco mais de trinta
minutos realizada em sete de novembro de 2014 e durante a qual o senhor
secretário-geral da câmara tratou de outros assuntos que não a avaliação dos
bens em causa.”
Perante uma apreciação tão ágil
perguntamos quais foram afinal os critérios que determinaram aquela
manifestação e interesse ou, melhor dizendo, de desinteresse? Quais foram os
critérios subjacentes à tomada de decisão do senhor secretário-geral? Terá sido
alguma fundamentação técnica ou razões meramente políticas? Políticas de
ponderação sobre técnicas documentais e biblioteconómicas é que não foram com
toda a certeza.
Propomos, por isso, que seja efetuado
atempadamente um reconhecimento dos referidos fundos, que permita determinar o
seu valor documental, que estabeleça uma reserva de interesse patrimonial e
que, em suma, permita aos órgãos do município deliberar em consciência sobre o
destino a atribuir àquelas coleções.
Para os Verdes ainda vamos todos
a tempo de assumirmos uma posição mais prudente se ela for corretamente
ponderada.
Muito obrigada senhora
presidente.
Helena
Roseta
(Presidente da Assembleia Municipal):
Muito obrigada senhor deputado.
Senhor deputado, que queria só
esclarecer que a questão da universalidade jurídica nos termos que a lei
coloca, não nos permite nesta fase, em que já se passaram várias etapas, vários
órgãos já se pronunciaram contra a receção deste património da ADL, cehgou a
vez da Assembleia Municipal se pronunciar, não nos permite nesta etapa dizer
que aceitamos uma parte do património e não aceitamos outra parte. E temos um
prazo para nos pronunciar.
Por essa razão a proposta é no
sentido de não aceitar a universalidade jurídica mas recomendar,
posteriormente, uma vez que o problema ficará nas mãos do Governo, uma negociação
com o Governo para o acervo que interessar.
Portanto, o entendimento que a
Mesa faz da vossa recomendação é, caso esta proposta seja aprovada, a
negociação passará a ser directamente com o Governo, com a entidade da tutela
que ficar responsável por esta universalidade jurídica.
Penso que é isto. Estou a
interpretar bem?
Muito bem. Então sendo assim,
vamos por à votação a proposta
n.º 3/PAM/2015. Pediu o Bloco de Esquerda para votar em separado a alínea
n.º c).
Portanto vamos por as duas
primeiras alíneas à votação da proposta 3. A alínea a) diz rejeitar a
universalidade jurídica da Assembleia Distrital de Lisboa e a alínea b)
comunicar ao senhor Secretário de Estado da Administração Local a presente
deliberação. Depois veremos a alínea c).
Portanto, vamos votar as alíneas
a) e b) que eu acabei de exprimir. Quem vota contra? Votos contra do Bloco de
Esquerda. Quem se abstém? Abstenções do PCP e do PEV. Votos favoráveis os
restantes deputados. Está aprovada por maioria.
Vamos agora por à votação a
recomendação que o senhor deputado do PEV acabou de apresentar. A recomendação
1/71. Vamos pô-la à votação.
Quem vota contra? Não há votos
contra. Quem se abstém? Abstenção do MPT… presumo eu, só.
E, peço desculpa, faltava uma alínea.
Peço desculpa senhor deputado Modesto Navarro… já estamos no final da sessão e
eu estava já a querer acelerar mal.
Falta a alínea c) da proposta da Mesa.
Portanto vamos por à votação a alínea c) antes da recomendação do PEV, a alínea
c) diz o seguinte: recomendar à câmara, caso entenda que é do interesse
municipal integrar no Centro de Arqueologia de Lisboa o acervo da antiga
biblioteca da ADL respeitante à bibliografia sobre estudos arqueológicos, que
promova diligências junto do Governo nesse sentido. Vamos votar esta alínea c).
Quem vota contra? Não há votos
contra. Quem se abstém? Abstenções do PCP e do PEV. Votos favoráveis dos restantes
senhores deputados. A alínea c) está aprovada por maioria.
Para além desta recomendação há,
agora, a
recomendação do PEV que é mais ampla e que recomenda um estudo e um
apontamento mais detalhado de todo o acervo e não apenas a parte arqueológica. Vamos
por à votação a recomendação do PEV.
Quem vota contra? Não há votos
contra. Quem se abstém? Abstenção do MPT. Está aprovada por maioria.
Senhores deputados chegámos ao
fim dos nossos trabalhos.»
Transcrição feita por Ermelinda
Toscano a partir do vídeo da sessão disponível no seguinte endereço: https://www.youtube.com/watch?v=jDb1q6xPEKE
(a partir do minuto 3:35:58)
Sem comentários:
Enviar um comentário