quarta-feira, 18 de outubro de 2017

E se estivesse a direita no poder?




Apesar de eu até entender a justificação do 1.º Ministro para não ter aceitado a demissão de Constança Urbano de Sousa logo após a tragédia de Pedrógão Grande e de até concordar com o seu afastamento na sequência do drama dos incêndios – porque mesmo sem responsabilidade direta há que assumir as consequências políticas da tragédia que ceifou a vida a muitas dezenas de portugueses – e de o momento não ser para ironias e muito menos para aproveitamentos políticos (como é o caso do CDS que, esquecendo-se das culpas da sua líder na vergonhosa, por inexistente, gestão das florestas quando foi Ministra da Agricultura, perante a satisfação de poderem vir para a praça pública exigir a queda do Governo), após conhecer algumas reações de gáudio (sobretudo do PSD que parece muito satisfeito ao ponto de alguns militantes se regozijarem perante a desgraça e até já terem expressado opiniões do tipo “depois do fogo vão vir as cheias e aí é que o Governo cai”) não resisto a deixar uma espécie de desabafo:

Pronto! Só falta mesmo que o 1.º Ministro se demita também.

Assim, seguindo o conselho velado do presidente da República, vamos para eleições antecipadas, coloca-se a direita no Governo e PSD e CDS resolvem tudo num ápice. Não lhes sendo possível ressuscitar os que faleceram (mas note-se: com a direita no poder, não teriam havido incêndios desta dimensão, as mortes ter-se-iam evitado, o SIRESP tinha funcionado, a ANPC seria bem coordenada e os meios técnicos e humanos teriam sido os suficientes) vão ser capazes de, no entanto, evitar as burocracias do aparelho de Estado e pagar no imediato as indemnizações às famílias enlutadas e aos empresários falidos, reconstruir todas as casas destruídas, recuperar os milhares de hectares de floresta ardida e de terrenos agrícolas cujas culturas foram dizimadas pelo fogo.

E mais importante que tudo, o diabo anunciado por Pedro Passos Coelho (que afinal não era económico mas o deste inferno apocalíptico dos últimos meses) afastar-se-á de vez!

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