Apesar de eu até entender a
justificação do 1.º Ministro para não ter aceitado a demissão de Constança
Urbano de Sousa logo após a tragédia de Pedrógão Grande e de até concordar com
o seu afastamento na sequência do drama dos incêndios – porque mesmo sem
responsabilidade direta há que assumir as consequências políticas da tragédia
que ceifou a vida a muitas dezenas de portugueses – e de o momento não ser para
ironias e muito menos para aproveitamentos políticos (como é o caso do CDS que,
esquecendo-se das culpas da sua líder na vergonhosa, por inexistente, gestão das
florestas quando foi Ministra da Agricultura, perante a satisfação de poderem
vir para a praça pública exigir a queda do Governo), após conhecer algumas
reações de gáudio (sobretudo do PSD que parece muito satisfeito ao ponto de
alguns militantes se regozijarem perante a desgraça e até já terem expressado
opiniões do tipo “depois do fogo vão vir as cheias e aí é que o Governo cai”) não
resisto a deixar uma espécie de desabafo:
Pronto! Só falta mesmo que o 1.º
Ministro se demita também.
Assim, seguindo o conselho velado
do presidente da República, vamos para eleições antecipadas, coloca-se a
direita no Governo e PSD e CDS resolvem tudo num ápice. Não lhes sendo possível
ressuscitar os que faleceram (mas note-se: com a direita no poder, não teriam
havido incêndios desta dimensão, as mortes ter-se-iam evitado, o SIRESP tinha
funcionado, a ANPC seria bem coordenada e os meios técnicos e humanos teriam
sido os suficientes) vão ser capazes de, no entanto, evitar as burocracias do
aparelho de Estado e pagar no imediato as indemnizações às famílias enlutadas e
aos empresários falidos, reconstruir todas as casas destruídas, recuperar os
milhares de hectares de floresta ardida e de terrenos agrícolas cujas culturas
foram dizimadas pelo fogo.
E mais importante que tudo, o
diabo anunciado por Pedro Passos Coelho (que afinal não era económico mas o
deste inferno apocalíptico dos últimos meses) afastar-se-á de vez!
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