domingo, 22 de maio de 2011

A Homenagem!

Por Almerinda Teixeira




Tenho andado bastante por longe e raramente por lá abria o correio.

Porém, agora aqui chegada, deparo-me com várias notícias frescas e logo entre elas uma, no “Observatório Autárquico” nº 31, de fazer crescer água na boca: a da arte pública em Almada e do usufruto da população do concelho de Alcobaça (mas também de turistas e não só, acrescento eu), pago pelo concelho de Almada. A arte é de todos, sem dúvida, ou deve sê-lo, mas há questões sobre o caso que não são lineares.

É só quantidades em euros às centenas de milhar para a esquerda e para a direita. Almada é uma benemérita!!! Calma, pela Cultura Almada tem feito bastante, os critérios é que são discutíveis: os cidadãos não têm o direito de escrutínio, por aqui os direitos dos cidadãos andam pelas ruas da amargura. Aqui há o domínio de “Quem não é por nós é contra nós”, diálogo é só para aparecer em parangonas nos outdoors. Chama-se participação a quase comícios, e neles usando-se muitos truques; até sou bondosa na crítica, não perco o pé facilmente. Perder o pé é com a senhora D. Maria Emília, mas até já nem dá por isso.

Vamos pensar. Talvez ande por aqui algum ressentimento, até alguma injustiça.

Tenho o fascínio por amores loucos, trágicos, que vêm sendo tratados desde há tantos séculos com uma enorme crueldade. Se nisto falo foi porque fiz a associação de Alcobaça com Pedro e Inês. Quem nos garante que não se possam observar por lá, milagrosamente ressuscitados de quando em vez, os dois terrivelmente apaixonados. Soubera eu que em alguma noite de luar os iria encontrar, de mãos dadas, beijando-se loucamente, e iria por aí fora a correr, não, não eram fantasmas, era a minha alegre fantasia feita realidade. Só por curiosidade, para quem não conhecer esse maravilhoso ensaio de Denis de Rougemont - “O amor e o Ocidente”-, aqui fica a referência, onde nos é revelada a forma como os mitos fundamentais da nossa civilização se projectam na nossa maneira de pensar e sentir o amor, e cujo ponto de partida é o par Tristão e Isolda.

Nisto falo, e assim, porque bem andamos a precisar de emoções fortíssimas, mas não provocadas por desgraças e catástrofes, que, estas, nos abatem em excesso, particularmente em tempos tão conturbados. Talvez com tal visão milagrosa possamos neutralizar todas as primeiras notícias seja de que telejornal for. Que cada um se defenda como puder: pelo meu lado, aqui fica a minha modesta sugestão.

Depois de tão grande desvio, voltemos lá à arte pública, ao José Aurélio, à Câmara Municipal de Almada, à senhora D. Maria Emília (que certamente bem precisaria de ter também assim uma dessas paixões, que lhe queimasse as energias todas e se esquecesse do governo da cidade e dos almadenses. Seria uma benesse do Altíssimo. Que fosse raptada por um desses lendários amantes que incendeiam os céus. Mulher bonita, carismática, não é de desprezar como objecto de desejo.

Mas estes 2 anos e tal vão passar depressa; já faltou mais. Não sejamos ingratos com a senhora, que tanta dedicação tem vindo a ter à sua cidade e às suas gentes. Ingratos, estamos sempre a lembrar-lhe que ela se sente acima da lei, ou já nem nada lhe dizemos, porque ela nada aprende no laboratório nobre da democracia.

No banquete que imagino na sua despedida autárquica, eu quero ver em cima da mesa central do evento, que prevejo comovente, um só ferro – do escultor José Aurélio, já se vê - com 250 metros de altura, em forma cónica (é preciso ele ver muito bem a que obrigará a Física), apontando para o céu, minimalista. Tão minimalista como escultura como o são, na pintura, de Malevich, o célebre “Quadrilátero Preto” e o “Branco em Branco”, do princípio do século passado. Espero que a crise grega não tenha feito desaparecer de Atenas, o primeiro, porque o segundo continua, assim o julgo, sem perigo, em Nova Iorque, no Museu de Arte Moderna. Aí Malevich mostra a supremacia do sentimento puro, da percepção, na pintura.

Como adversária política que sou, da nossa presidente, ninguém me pode acusar de mau íntimo, antes de alguma generosidade. Proponho ainda que tal escultura seja benzida pelo Padre Ricardo, porque talvez hoje já a nossa presidente não possa contar com a bênção do Padre João Luís Paixão, de Cacilhas, porque os olhos deste reverendo foram-se abrindo com o andar dos tempos.

Proponho ainda que se forme uma comissão que venha a escolher 6 lugares possíveis para a dita estátua ficar, como memória da governação mui dedicada da nossa presidente. Quem me quiser contactar pode fazê-lo; teria muito gosto em começar, com outros, tal tarefa. Não podemos deixar isso para o próprio dia do evento, cada um a dizer a sua sugestão, porque seria uma balbúrdia, apenas se tratava de aparência democrática sem qualquer sentido.

Suponho que a senhora D. Maria Emília, depois de deixar a governação da cidade, vai para os gabinetes do partido pondo ao seu dispor os muitos saberes acumulados, situação comum à dos militantes que ocuparam altos cargos. Permanecer saudavelmente activa, útil à comunidade, é um bom princípio. Todavia, reflectindo com um pouco mais de profundidade, e porque ficando com o espírito mais liberto, e com tempo livre, penso que venha a reflectir, junto à estátua, as vezes que for necessário fazê-lo, até descobrir as malfeitorias que vem fazendo a Almada e a muitos almadenses. A estes, pelo simples facto de discordarem de si, não sendo a clarividência (dela) uma das suas muitas virtudes.

Nós, ora com mais força, ora, não diria desfalecendo, mas com mais custo, cá vamos lutando, acreditando em Espinosa, que nos ensinou que a sobrevivência se fazia sempre com luta. Quando digo “nós”, obviamente que me refiro aos adversários da nossa presidente. Em particular de uns tantos, poucos, onde honrosamente me incluo, e que somos objecto da sua grande estimação.

Apesar de tudo, que Deus a abençoe, lhe proporcione uma aposentação financeiramente folgada – um bem nada despiciendo, sobretudo em tempos de crise.


Cacilhas, 20 de Maio de 2011

3 comentários:

Anónimo disse...

WIKIPEDIA.

PCP


Ideología política

Comunismo, Marxismo-leninismo



Afiliación internacional

Internacional Comunista (1921-1938)

Previamente, em 1938, o Partido Comunista Portugues era expulsado da Internacional Comunista baixo acusações de \"falta de atividade\" e \"uso pessoal de fundos da Internacional\

soliveira disse...

A aposentação financeiramente folgada é de facto a caracteristica dos maus gestores deste país.
Talvez chegue o dia em que esta gente tenha que repôr o prejuízo em vez de ser premiada; é que assim, estamos a dizer aos nossos filhos tudo o que não deveríamos dizer.
Assim o passado, assim o presente e quiçá, assim o futuro deste país.

Anónimo disse...

PCP=CAPITALISMO=OPRESSÂO=PIDE

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