segunda-feira, 21 de agosto de 2006

Uma quase biografia

Afinal, depois de um fim-de-semana cansativo e o recomeço de mais uma série de dias que se avizinham bastante stressantes, comecei esta 2.ª feira sem grande vontade de escrever. Lamento que assim seja, mas não consigo arranjar tempo para tudo. E como começo a perder parte daquela timidez que, mesmo neste espaço virtual, eu sentia quando se tratava de assumir os meus escritos poéticos (se é que lhes posso chamar poesia), fui ao baú onde guardo alguns desses textos e retirei este que hoje aqui vos deixo. Eu sei que é, talvez, demasiado longo, denso, triste e isso tudo que estão a pensar, mas estou incapaz de produzir notícias frescas. Presentemente não estou tão magoada mas tenho alguns momentos de recaída em que me sinto ainda assim. Todavia, nunca fui mulher de me ir abaixo, ou, melhor dizendo, sempre que escorrego ou caio, tenho-me levando logo a seguir, sempre! Curtir mágoas não é o meu objectivo na vida e como há por aí tanta coisa bela para ser apreciada...

Fui lágrima de silêncio,
vergonha de mim própria.
Aprisionada nas teias da memória,
acorrentada pelo desejo,
fugindo ao tempo...
Sem caminho de regresso,
perdi-me entre o sonho e a saudade.

Fui grito de liberdade,
oculto na noite fria,
suspenso de um olhar
esperando aquele abraço prometido…
… prometido,
mas sempre negado
e, por isso, logo esquecido!

Fui página em branco
do livro que não escrevi.
Palavras soltas ao vento,
segredos inconfessados,
viajando no meu pensamento,
livre das amarras
que à terra me prendiam.

Fui fruto que amadureceu,
na árvore dos sonhos traídos,
sufocado pelas raízes do medo,
entre a solidão indesejada
e a tristeza doentia,
do nada em que me tornei...
arrastada para o abismo
das lembranças que não tive,
das verdades escondidas,
da mentira que me rodeia,
à espera de nascer
para outra vida viver.

Por entre as sombras do passado
(para minha mágoa às vezes tão nítido)
recordo, ainda,
o rosto da criança que não fui…
e o corpo da jovem que teria sido.
Triste fado, sina minha…
Sinto esta amargura profunda
mas, também,
esta imensa vontade de mudar
e a felicidade alcançar!

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