Foi uma intervenção necessariamente breve porque o importante não era a minha modesta opinião (uma leiga na matéria e tão só uma amante da poesia, que a aprecia com os “olhos do coração” e não como uma especialista em literatura poética), mas sim a obra em si.
Se por um lado vos pode parecer óbvia a minha apreciação, por ser amiga pessoal do autor, é decerto essa condição que me permitiu criar o necessário envolvimento para perceber as várias mensagens que o Isidoro nos dá o privilégio de conhecer através das suas palavras.
A Importância da Luz é um retrato multifacetado de sentimentos e memórias dispersas.
Cada verso contém preciosos fragmentos de afectividade, sentida e profunda, onde as sílabas expressam um amor óbvio à vida, mas quase sempre com um mais ou menos leve toque de doce nostalgia.
Este livro contém um conjunto vasto de emoções, definidas de uma forma subtil, mesmo quando o poeta pretende exprimir mágoa, revolta e raiva.
Construções poéticas extraordinárias, simples na aparência mas de uma riqueza linguística e semântica incrível que nos seduzem em cada página como estes tão belos quanto curtos poemas, aos quais o autor nem título deu e que não posso deixar de transcrever:
nem sempre as águas me levam
ao saber
eterno
calmas são as margens
do que sinto e do que vejo
tão branco é o que escrevo
tóxica a palavra
da salvação
intrusa errática atmosférica
castradora ameaça
sanguínea fogueira
um verdadeiro muro
teríamos sido
se a noite assim deixasse
escorrer o verbo
e os sentidos
assim tão explícitos
É que o Isidoro tem o dom de nos fazer reinterpretar cada poema nas sucessivas visitas que ao seu livro sentimos necessidade de fazer, pois aquilo que diz nas entrelinhas é muito mais do que o conteúdo aparente das vestes com que nos apresenta cada verso.
Sem comentários:
Enviar um comentário