segunda-feira, 18 de junho de 2007

Almada TURISMO



"... mar e muito mais", é o slogan que a Câmara Municipal utiliza para promover o concelho. Até aí nada a comentar, pese embora o facto de considerar um pouco redutora aquela afirmação, na medida em que centraliza a essência da afirmação turística do município na orla litoral (praias da Costa da Caparica e da Fonte da Telha).

Mas, apesar da nossa costa atlântica ser lindíssima, é um facto, a frente ribeirinha não se lhe fica atrás, muito pelo contrário… temos o privilégio, neste que é considerado um dos mais belos estuários da Europa e do mundo, de acompanhar o rio Tejo até ao seu encontro com o mar, olhando esta bela paisagem do alto de arribas sobranceiras ao horizonte onde a vista alcança da Lisboa das sete colinas até os concelhos limítrofes, a montante ou jusante, numa envolvência que tem o céu como limite.

Lamentavelmente, dois fantásticos miradouros naturais deste concelho, Cacilhas e Trafaria, são precisamente as freguesias mais degradadas de Almada. Uma situação deplorável que começa na decadência do edificado e termina na falta de civismo de alguns residentes, como se vivêssemos uma depressão colectiva que impede as pessoas de cuidarem da aparência das suas casas e das ruas onde habitam, tudo sob o olhar conivente do poder local (Câmara Municipal e Juntas de Freguesia) a que se junta a inércia da administração central (Administração do Porto de Lisboa, entre outras entidades com jurisdição nesta área).

Parece que Almada está a preparar o seu "Plano Estratégico de Desenvolvimento do Turismo" que, entre outros objectivos, pretende definir "um programa global de investimentos, com a discriminação orçamental, as fontes possíveis de financiamento e as entidades responsáveis pela execução das várias acções" para que seja possível implementar as "medidas e as acções propostas, com a sistematização adequada ao nível das grandes áreas de intervenção – valorização dos recursos turísticos, desenvolvimento e organização da oferta, serviços e equipamentos de apoio, papel da animação turística, promoção turística, investimento, recursos humanos e profissionalismo".

Temo estes estudos muito elaborados, preparados no gabinete, que custam milhões… são tão perfeitos e/ou idealistas que, depois, raramente se conseguem concretizar ou, então, levam décadas a atingir os objectivos propostos. No entretanto, nada se faz porque se está sempre à espera das soluções miraculosas e os responsáveis consideram que não vale a pena investir no intervalo. É disso exemplo o que se passa com os projectos de Almada Nascente e Almaraz/ Ginjal…

Por outro lado, na ânsia de apresentar resultados, esquecem-se de integrar variáveis etno-sociais, descuram aspectos de psico-economia e dispensam a concertação política/cívica… depois, culpam a imprevisibilidade dos factores pelos atrasos na consecução das acções, pelo fracasso da previsão inicial, pela derrapagem económica do projecto, etc. etc. etc.

Mas, vem isto tudo a propósito do passeio que ontem fiz de Cacilhas a Belém e vice-versa. Na volta da visita ao Museu dos Coches, vinha connosco no barco um grupo de turistas italianos. À vista do Ginjal as objectivas dispararam inúmeras vezes, fazendo-os esquecer tudo o resto. Porque seria? E ao chegar a Cacilhas foram recebidos com um "cartão perfumado". Pergunto: é assim que queremos receber os turistas na nossa terra? Tive tanta vergonha, podem crer.

Deixo-vos, também, dois pequenos filmes: o primeiro sobre a travessia do rio (peço desculpa pelo som mas é o barulho dos motores do ferry à mistura com as conversas do grupo de italianos - quem souber a língua seria interessante tentar perceber o que estão a comentar conforme vão observando a degradação do cais do Ginjal) e o segundo sobre a recepção ao chegar a Cacilhas.




É assim que se promove o turismo em Almada...

Espero que, finalmente, se comece a fazer algo por esta terra ao nível do turismo. As potencialidades são imensas, não só em termos paisagísticos mas também culturais… dói-me só de pensar que tendo nós em Cacilhas uma importante estação arqueológica do tempo dos fenícios (na Quinta do Almaraz - que fica mesmo ali no alto da arriba por cima do cais do Ginjal e que se pode observar no primeiro vídeo), única na península ibérica segundo consta, ela esteja inacessível aos turistas (havendo tantos achados já descobertos pergunto-me porque não são divulgados?), ainda mais estando ela alcandorada num óptimo sítio para observar toda a beleza de Lisboa e do Tejo.

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