terça-feira, 25 de outubro de 2011

"Não se trata de nada de assustador"

Jornal Metro - Lisboa, 24-10-2011

"Não se trata de nada de assustador" nem de "singular no País ou entre as outras colectividades"... assim fala Domingos Torgal, Presidente da Academia Almadense, acerca daquilo que parece ser um "facto sem importância" para ele: os salários em atraso aos trabalhadores da colectividade que dirige.
Ao contrário do que afirma à jornalista esta é, todavia, nos últimos anos, uma situação recorrente naquela associação, que se pode considerar tecnicamente falida, sobretudo por evidente má gestão da direcção que tem sido presidida por camaradas do PCP e, por isso, lá vão recebendo uns apoios da CM de Almada à medida da resolução pontual dos apertos financeiros, e este é mais um caso desses, como adiante veremos.
Em virtude de não conseguir gerar receitas suficientes para cobrir as despesas, a Academia Almadense sobrevive à custa de empréstimos bancários (concedidos "por conta" de subsídios públicos futuros) e de transferências da autarquia para projectos específicos mas que acabam por ser utilizados em fins diversos, como sejam os 300.000€ atribuídos pela CMA em 2005 para recuperação das instalações do antigo teatro (e que, em 2011, continua abandonado e a ameaçar ruir a qualquer hora).
Obviamente que estes esquemas, mais tarde ou mais cedo, acabariam por gerar o colapso financeiro da instituição: e essa é a situação actual! Só os camaradas do PCP é que fingem não ver e os vereadores e deputados municipais da oposição são coniventes por inércia (resultado de uma confrangedora e estranha indiferença).
Continuemos, então, a analisar as palavras de Domingos Torgal à Lusa: "É verdade que os nossos funcionários - seis do quadro e oito trabalhadores eventuais, monitores nas nossas actividades culturais e desportivas - têm metade do vencimento do mês passado [Setembro] em atraso, mas eles têm sido pacientes e o problema vai ser resolvido no máximo até dia 10 de Novembro.»
Muito interessante este discurso, sobretudo se pensarmos que é proferido por um militante do PCP, o tal partido que se diz único defensor dos trabalhadores...
Primeiro - a despreocupação como a questão dos vencimentos em atraso é encarada, como se fosse coisa de somenos importância, sem uma única palavra de apoio e solidariedade. (o que não é de admirar em Domingos Torgal, depois de termos tido conhecimento da frieza como tratou a situação que levou à morte de um trabalhador há uns anos atrás).
Segundo - a referência à paciência dos trabalhadores em aguardarem serenamente, quase uma espécie de aviso aos mesmos para que estejam "quietos e caladinhos" o que terá motivado que nenhum se disponibilizasse a prestar declarações à jornalista por temerem as consequências, conforme nos foi referido. (atitude que evidencia a forma prepotente, autoritária e fascizante como o PCP em Almada lida com quem os possa afrontar denunciando as más práticas de gestão dos camaradas, seja na autarquias do concelho ou nas colectividades a que presidem).
Terceiro - algo que não foi dito à jornalista: a forma como vão tratar do assunto até 10 de Novembro...
Coincidência das coincidências: a Câmara Municipal na sua reunião do passado dia 21 do corrente mês deliberou aprovar a «alteração da alínea b) da Claúsula Primeira do Protocolo celebrado com a A.I.R.F.A. - Academia de Instrução e Recreio Familiar Almadense, e autorizar o pagamento da 1.ª tranche."
E do que é que se trata? de mais 250.00€ de subsídio para as obras de recuperação do antigo teatro. Vem mesmo a calhar, não acham? Será que o seu destino vai ser idêntico ao dos anteriores 300.000€? Pelo menos parte dele, ao que tudo indica, tal como aconteceu da primeira vez, irá ser desviado para regularizar a situação dos trabalhadores.
Como vão "reaver" o dinheiro para avançar com as obras e evitar que os salários voltem a ficar em atraso? O mais provável é que a história se repita e fiquem à espera de um "milagre" semelhante e assim sucessivamente, perante a passividade dos autarcas da oposição., até ao escândalo final.
E seria interessante saber, já agora, se a obra em causa acabou de ser consignada, como a adenda ao tal protocolo exige, para que a CMA proceda ao pagamento da 1.ª tranche dos 750.000€ protocolados.
E não há ninguém que fiscalize a boa aplicação destes dinheiros públicos? Por que se calam os partidos da oposição?

7 comentários:

Anónimo disse...

Então amigo João geraldes, não se manifesta sobre o tema? Lá no gabinete da senhora presidente Maria Emília, lado a lado com o assessor da dita Osvaldo Azinheira (aquele que era presidente da direcção quando os 300.000€ desapareceram das contas da Academia), deve saber muito bem o que se esconde por detrás deste comportamento da autarquia e da colectividade.
Vá, não se acanhe, venha lá dizer qualquer coisinha. Nomeadamente que é mentira o que aqui se escreve. Que o dinheiro foi aplicado onde deveria ser, que as obras já começaram, que os trabalhadores não recebem por serem uns parasitas, etc. etc. etc.
Vá lá... não tenha medo, aqui ninguém lhe faz mal...

Pedro Silva disse...

Mais uma vergonha em Almada, se isto fosse com outra colectividade que não fosse controlada pelo PCP era um escandalo mas como è a Academia que é presidida por esse grande camarada e militante do PCP ja não ha problema.Hipocritos

Mais uma vez a CMA vai transferir dinheiro para que? A academia não vai conseguir cumprir com a sua parte, isto é apenas um subsidio para a academia continuar a funcionar, quando é que isto tem fim.
Ninguem faz, nem diz nada a este escandalo.
Nunca mais avançam as obras do teatro isto realmente so na podridão que è a gestão da CMA por parte do PCP.

Chega desta vergonha.

João Santos ex. colaborador da Academia disse...

Agora e que eu gostava tambem caro anonimo de ver esse camarada João Geraldes que nem de Almada é a ter coragem de aqui justificar tudo isto.
Realmente era interessante pergunatar ao Sr. Osvaldo Castanheira onde é que pára o dinheiro, nem vergonha na cara ja têm.

Anónimo disse...

A historia da academia parece a historia da branca de neves e os sete anões,que sera a brucha?

Anónimo disse...

O dinheiro? Não sabem onde foi parar?
Francamente, é só ver as casinhas e as contas bancárias dos familiares dos directores...
Claro que algum foi para o partido para que este justifique os meios empregues, mas o grosso da massa foi mesmo parar a "boas" "maozinhas de veludo".
E tantos que vão parar à cadeia por roubar umas galinhas, ou coisa parecida...
A estes chulos nada aconteceu ainda!

Fernando Sousa da Pena disse...

Uma dúvida: como na Câmara Municipal de Almada a CDU não tem maioria, foi preciso pelo menos mais um partido para viabilizar mais este abuso de dinheiro dos contribuintes. Como se têm revezado nos fretes ao poder comunista, é provável que tenha sido o BE ou o PSD.

Como sabe, Dra. Ermelinda, o CDS já pediu contas do financiamento à Academia Almadense em Assembleia Municipal, sem resposta aceitável da Presidente da Câmara. Aliás, ter tocado no assunto mereceu burburinho na bancada da CDU e o gasto epíteto de «fascista!».

Anónimo disse...

Prof. Fernando Pena, foi nesse dia que a senhora Emília cuspiu, o que lhe valeu o apelido de cobra cuspideira...
Obrigado Professor por o que tem lutado por Almada. Os Almadenses ficar-lhe-ão reconhecidos.
Nunca desista!

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