sábado, 20 de novembro de 2010

A fuga das galinhas

Hoje trago-vos um artigo da Joana Amaral Dias (docente universitária) que me enviaram por e-mail, que considero sublime. Curto, mas tem lá tudo (o título também é dela):

«Um gestor vale mais do que quem salva vidas e cria (vários tipos) de riqueza como um médico ou um cientista? Qual é o dom especial que possuem para que ganhem muito mais que todos os outros? Não se sabe. Mas essa ignorância não altera os rendimentos.
Mesmo que os resultados empresariais derivem de uma extensa cadeia. Mesmo que todas as empresas devam ter um papel social. Pois é. Os nossos trabalhadores são dos mais mal pagos da Europa, mas os gestores são dos mais bem pagos. Um gestor alemão recebe dez vezes mais que o trabalhador com o salário mais baixo na sua empresa. O britânico 14. O português 32. Mas, segundo um estudo da Mckinsey, Portugal tem dos piores gestores. Logo, quando se fala em reduzir direitos e salários, a quem nos devemos referir? Lógico? Não. Dizem que os bons gestores escasseiam e é necessário recompensá-los. Senão, fogem do país. Ok. Então, é simples. Se são assim tão poucos, ide. Não serão significativos na crescente percentagem de fuga dos cérebros que estavam desempregados/explorados. Depois, contratem-se gestores alemães ou ingleses. Por lá, não rareia tanto a qualidade. Estão habituados a discutir não só ordenados mínimos como ordenados máximos. E sempre são mais baratinhos.»
Concordo inteiramente!

17 comentários:

Anónimo disse...

Só uma informação interessante.
Sabia que já nos anos sessenta (fins), do século passado, claro, na Sociedade Central de Cervejas, uma grande empresa à época, os ordenados mais altos eram só sete vezes mais elevados que os mais baixos? Julgo que a memória não me está a falhar.

Dá q pensar.

Almerinda Teixeira disse...

O anónimo das 3h 54 esqueceu-se de assinar. Eu assino sempre.

Almerinda Teixeira

Anónimo disse...

Por acaso não haverá por esses paises uma presidente de camera no desemprego,e que seja melhor que esta, e mais barata? Jorge D

EMALMADA disse...

Há eleitos, autarcas ou governantes que não deixam a oportunidade de futuro fácil em mãos alheias.
Estes quando deixam o governo ou as autarquias para onde vão trabalhar com a sua excepcional inteligência de oportunista?
Claro que é para empresas públicas,municipais ou outras cujos cargos de gestores já têm ordenados inflacionados.
Entendem que os gestores têm de ser bem pagos porque são seres de excepcionais qualidades e de superior inteligência, por isso o povo votou em alguns deles e elegeu-os (para dar cabo do país), com a raridade de sua (deles) inteligência.
Como os bons malandros têm a sua ética protegem-se uns aos outros e rodeiam-se de séquito igual para se ampararem e sentirem apoio do clube de "excepcionais".
Daí a escolha criteriosa que fazem dos pares, sempre os melhores, para o clube dos safados.
Depois qualquer nódoa tem sempre o ordenado garantido por herança do "sempre foi assim".
Há políticos e autarcas que sabem porque e para que são eleitos.
A oportunidade de uma golpada não passa muitas vezes à sua frente.

Minda disse...

Almerinda:

Parece que este mal de que Portugal padece é "cultural". E como boa "tradição" que é, deve-se continuar e aprimorar...
Triste, é o que é. Em democracia é mesmo uma vergonha!

Minda disse...

Jorge D:

Felizmente esta está de saída. Os que vierem serão sempre mais em conta.
Pena é se os eleitores continuarem de olhos fechados e resolverem manter os amigos da dita no poder.
Continuando o séquito, nada se vai alterar.
Neste período até às próximas eleições, cerca de três anos, temos muito trabalho a fazer (como nunca antes foi feito). Por isso há que unir esforços.

Minda disse...

EmALmada:

Que hei-de eu acrescentar?
Concordo inteiramente consigo!
Bom fds

Churchill disse...

Cara Ermelinda
O que se esquece, e a docente Amaral Dias (que gosta de exibir o estilo esquerda chique com ares de superioridade), é que os gestores têm regularmente uma componente considerável da remuneração associada ao desempenho, e que no fim do mandato se não forem atingidos os objectivos ficam no desemprego.
Ao contrário dos docentes, e imensos funcionários públicos, que mesmo sendo mentecaptos, ignorantes, corruptos e muitas outras coisas do género, podem manter eternamente o emprego e ainda são defendidos pelos sindicatos, os gestores vivem com risco, e isso tem de ser pago.

Não estou como imagina a falar dos gestores políticos, que fazem carreira a pintar murais, colar cartazes, e lamber as botas das direcções partidárias.

Até logo

contra os imbecis, marchar, marchar! disse...

O problema maior nisto é que, como regra, à gestão de topo das empresas públicas, municipais, etc., chegam os mais capazes politicamente (que não profissionalmente) pelo que têm que se apoiar em gente que não lhes faça sombra, profissionalmente falando.

Assim sendo, atrás destes incapazes profissionais, "sobe" a lugares intermédios um conjunto maior de imbecilidades profissionais que garantem a proteção e a "concordância" com as asneiras que vêm de cima.

Assim, de asneira em asneira, nesta cascata hierárquica de incompetências profissionais, vão-se afundando as condições económicas, a competitividade e a sobrevivência das Empresas. No final, acabam os trabalhadores no desemprego, enquanto estas mentecaptas "partem para outra".

Por isso não se admirem de este país estar arruinado. E a sua ruína foi derivada às nomeações de imbecis políticos para lugares em que, nos países civilizados se coloca gente profissionalmente competente.

Esses imbecis só pensam em "safar" a sua vidinha o mais rápido possível, pois a conjuntura pode mudar e com ela mudam os imbecis.

Enquanto se continuar a promover cretinos e estes a perseguir os competentes que lhes possam denunciar as asneiras, este País estará a afundar-se cada vez mais.

Anónimo disse...

São mais graves e danosas as decisões que tomam à frente das Empresas e suas consequências, do que os escandalodos salários que recebem (ou melhor, roubam...)!

Dão prejuízo pelos dois lados...

Anónimo disse...

Em Almada, na Lisnave, nos anos sessenta, os cerca de 12.000 trabalhadores ganhavam (os mais inexperientes) cerca de 4.000$00 /mês, enquanto os Administradores ganhavam 30.000$00.

Mas os fascistas eram eles...

Anónimo disse...

Em Almada, na CMA, hoje, os salários dos dirigentes são muitas vezes mais do que os dos trabalhadores, que na sua maioria andam próximos do salário mínimo.

Mas o grande problema nem sequer são os salários. O maior "cancro" são mesmo os "camaradas" que sobem a lugares para os quais não estão minimamente qualificados.

Depois têm que se rodear de incompetentes que não lhes façam perigar o tacho!

Ou seja, na CMA, a incompetência alastra como um vírus.

Isto para não falam dos falsos Eng.

A CM de Almada promove os incompetentes e persegue os capazes de denunciar as imbecilidades dos primeiros!

Só não sei como se pode quebrar esta cadeia, sem ser de forma violenta...

Minda disse...

Churchill,

Independentemente de se gostar ou não de JAD, o que aqui está em causa é o texto que escreveu e eu transcrevi.
Nele entendi uma crítica à amplitude exagerada entre os ordenados mínimo (trabalhador) e máximo (gestor), principalmente, quando a qualidade do desempenho, em termos genéricos, e em comparação com outros países, deixa muito a desejar.
E nem todos os gestores estão assim vivem em risco como afirma. Muitos continuam a gerir as empresas mesmo com elas a darem prejuízo (mantendo, no entanto, os seus chorudos ordenados). Além disso, presumo que a JAD também se refere aos gestores/empresários que estão longe de ter o lugar em risco, a não ser quando levam as firmas à falência por declarada má gestão (entre outras causas por se pagarem demasiado bem a si próprios).

Minda disse...

Contra os imbecis:

Concordo inteiramente consigo.
Traçou um retrato triste mas que é, infelizmente, o que se passa em muitos lugres deste país.

Minda disse...

Anónimo das 11:56h

Ora aí está.
Se ganhassem bem e produzissem melhor ainda se compreendia.

Minda disse...

Anónimo das 12:24h

Esse é um exemplo, entre muitos outros.

Minda disse...

Anónimo das 13:35h

Na Administração Pública os vencimentos são tabelados.
O pior são as “alcavalas” recebidas sob diversas capas: horas extraordinárias, ajudas de custo, despesas de representação, etc.
Já sem falar, claro, naqueles que foram nomeados para certos lugares sem terem as qualificações adequadas, havendo casos em que ganham mais do dobro do que seria legitimo pagar-lhes.

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