(continuação
do artigo: Violação
do PDM ALMADA na Charneca e Costa de Caparica? Andará a CORRUPÇÃO por essas
bandas?)
IMAGEM
1: Loteamento da Quinta de Santa Maria (Charneca de Caparica), da autoria do arquiteto João Simões
Raposo.
Nesta questão da violação das
regras urbanísticas no Município de Almada (de que vos falei no artigo
de 19-10-2018) importa tentar perceber a cronologia de alguns
factos, em particular no que se refere à organização dos serviços municipais
para tentar perceber as razões da notória alteração de procedimentos a partir
de 2010.
«…[A] conduta do funcionário ou titular de cargo político,
significa, na linha de pensamento seguida por CARMO DIAS, que “o bem jurídico
protegido primacialmente traduz-se na necessidade de demonstrar aos cidadãos
que a Administração funciona de modo transparente e de acordo com a legalidade”
[…] “dever a que estão vinculados os agentes no exercício de funções” dado que
as infrações urbanísticas realizadas pelos promotores, construtores e técnicos
diretores requerem, a maioria das vezes, a colaboração, também ilícita, dos funcionários
e titulares de cargos políticos a nível municipal, órgãos autárquicos competentes
em matéria decisória de procedimentos no âmbito do urbanismo.» (Novo A. F. C., A Violação
das Regras Urbanísticas. Reflexão Crítica, 2013)
Analisando os documentos de
acesso público disponíveis na página web do município
e no Diário da República
eletrónico foi possível identificar a equipa que na
Câmara de Almada tinha a incumbência de tratar dos assuntos ora em apreço entre
2006 (ano em que foram criadas quatro divisões de gestão urbanística) e 2010
(ano a partir do qual se deu a alteração de procedimentos, ou, melhor dizendo,
ano a partir do qual começaram as alegadas violações
ao PDM que tratámos no artigo anterior, entre outras ainda em
investigação):
DGAU-1, chefiada pela jurista
Ana Pereira Caiado Lousa;
DGAU-2, chefiada pela
engenheira Maria Margarida Lopes Costa Gonçalves Afonso;
DGAU-3, chefiada pelo arquiteto
Carlos Manuel da Silva Pinto;
DGAU-4, chefiada pela arquiteta
Anabela dos Santos Fernandes de Vasconcelos.
Sem esquecer o dirigente
superior (Direção Municipal de Planeamento, Administração do Território e Obras
– arquiteto José António Veríssimo Paulo) e o de direção intermédia de 1.º grau
(Departamento de Gestão Urbanística – arquiteto Carlos Dias) de quem aquelas
unidades dependiam hierarquicamente, assim como a Divisão Técnica e
Administrativa do setor (chefiada pela Dr.ª Aida Maria Maurício Duarte).
«O Licenciamento de operações urbanísticas é uma
competência originária da Câmara Municipal que pode ser delegada no Presidente
da Câmara e subdelegada nos vereadores, r.g. no vereador do pelouro do
urbanismo.
Impõe-se averiguar quem é o sujeito ativo da decisão à luz
do disposto no artigo 4.º, n.º 2, do RJUE, tendo em conta a patente falta de
articulação entre este preceito e a LAL, que regula especificamente as
competências dos órgãos ou funcionários das autarquias locais.» (Novo A. F. C., A Violação
das Regras Urbanísticas. Reflexão Crítica, 2013)
Finalmente, importa identificar,
então, quem era o vereador com o pelouro do urbanismo no mandato em causa
(2005-2009): José Gonçalves, da CDU.
Em 2009 foram renovadas as
comissões de serviço dos chefes das divisões criadas em 2006, à
exceção da do arquiteto Carlos Pinto, e em sua substituição aparece a jurista Tânia
Alexandra Camões Fonseca:
Nomeada definitivamente como técnica
superior (Direito) em 20-12-2007 após aprovação no respetivo estágio, em menos
de dois anos e sem qualquer experiência na área já estava indicada, em regime
de substituição, para chefiar a Divisão de Administração Urbanística 3 ficando
em comissão de serviço a partir de 18-11-2010
(com renovação em 09-08-2013
por mais três anos).
Coincidência, ou talvez não,
convêm referir que Tânia Camões fez o estágio de advocacia no escritório de
Paulo Silva (como se pode ler na nota
biográfica anexa à nomeação de 2010), um conhecido autarca
da CDU na Assembleia Municipal do Seixal.
A propósito das nomeações para
aquelas quatro divisões de gestão urbanística, não será displicente (muito pelo
contrário) lembrar que são as mesmas cujos concursos foram considerados nulos pelo
Tribunal e de que já aqui demos notícia em,
13-05-2018: ALMADA:
estruturas orgânicas paralelas, nomeações ilegais, dirigentes vitalícios e
favorecimentos diversos!
Entretanto ocorreu uma outra
mudança que pode ser significativa: o
responsável pelo pelouro do urbanismo, no mandato 2009-2013, passou
a ser Maria Amélia Pardal (CDU), situação que se manteve no mandato seguinte
(2013-2017).
Mas em maio de 2012 ocorreram
novas alterações na estrutura organizativa e não foi renovada a comissão de
serviço da engenheira Margarida Costa, passando a jurista Ana Lousa a chefiar
as DGAU-1 e DGAU-2, como se fosse uma única divisão de gestão.
Por força da lei que então
mandou reduzir o número de dirigentes, a seguir saiu a arquiteta Anabela
Fernandes e das quatro iniciais acabaram por ficar apenas duas divisões, ambas lideradas
por juristas.
Curiosamente, ou talvez não, a
CDU em Almada conseguiu, em poucos anos, afastar da gestão urbanística os
técnicos especialistas – engenheiros e arquitetos, deixando o assunto entregue a juristas que de entre o pessoal que
anteriormente desempenhara o mesmo cargo eram quem menos experiência tinha na
matéria (facto que não deixa de ser bastante curioso, sobretudo por estas
ocorrências coincidirem com o período a partir do qual começaram as
sistemáticas violações do PDM):
DGAU-1: Ana Lousa;
DGAU-2: Tânia Camões.
IMAGEM
2: Moradia na Quinta de Santa Maria (Charneca de Caparica), da autoria do arquiteto João Simões
Raposo.
Conforme assim o evidenciam as
imagens 1 e 2, o loteamento da Quinta de Santa Maria na Charneca de Caparica,
da autoria do arquiteto João Simões Raposo da ARQUIQUAL – Arquitetura e Urbanismo Unipessoal
Ld.ª, respeitava as normas do PDM para uma área urbanizável de baixa
densidade habitacional: moradias de, no máximo, dois pisos.
Contudo, após as mudanças
ocorridas a partir de 2009/2010, é o próprio projetista que passa a
desrespeitar o PDM, como se pode constatar pela imagem que segue abaixo:
IMAGEM
3: Moradia na Quinta de Santa Maria (Charneca de Caparica), da autoria do arquiteto João Simões
Raposo.
Os dois pisos inicialmente
previstos a partir de 2010 passam a ser três sem que, contudo, tenha havido
alguma alteração ao PDM.
E não deixa de ser “curioso”,
embora no mandato 2009-2013 já fosse outro a ter essa “pasta”, que toda esta
transformação na gestão urbanística tivesse sido concebida e quase toda
implementada sob o consolado do vereador José Gonçalves, também ele jurista.
O que nos leva a concluir que,
afinal, em Almada ter juristas à frente da administração urbanística não é (ou, pelo menos, não tem sido a partir de 2010) garantia do
cumprimento da legalidade nem do respeito pelas regras dos instrumentos de
planeamento territorial em vigor, muito pelo contrário. Quase nos leva mesmo a
crer que ali estarão somente para “ajustar” a legislação às pretensões de
alguns particulares.
Como é o caso deste outro
imóvel na Quinta de Santa Teresa (Charneca de Caparica), uma área de média
densidade habitacional onde o limite máximo de pisos é 4, mas onde há uns
quantos edifícios que tal como este ainda em construção em 2018, apresentam mais
um piso à revelia do disposto no artigo 91.º do PDM:
IMAGEM
4: Edifício na Quinta de Santa Teresa (Charneca de Caparica), retirado do site
da OLX (em 19-10-2018).
Voltando a Tânia Camões,
Depois de uma passagem em
regime de substituição como Chefe da Divisão de Administração Urbanística 2,
para onde foi em 17-11-2015 após a remodelação na estrutura orgânica da CMA, é nomeada
em comissão de serviço em 06-05-2016.
Após as eleições de 01-10-2017
manteve-se no cargo até à implementação da nova estrutura orgânica dos serviços
(03-10-2018) e em 09-10-2018 foi nomeada em regime de substituição Chefe
da Divisão de Reconversão Urbanística de AUGI.
Quanto ao novo Departamento
que tutela a gestão urbanística, Direção Municipal de Obras,
Mobilidade e Urbanismo desde outubro de 2018, saiu o arquiteto Veríssimo Paulo
e foi nomeado em regime de substituição o engenheiro Gabriel Oliveira. E no Departamento
de Gestão Urbanística mantém-se o arquiteto Carlos Dias.
«De acordo com a corrente Jurisprudencial do STA, a
fundamentação do ato administrativo pode consistir em mera declaração de
“concordância” com os fundamentos de anterior parecer, informação ou proposta,
não exigindo uma declaração formal expressa, mas uma declaração inequívoca que
não deixe dúvidas quanto à identificação dos fundamentos do ato.
Daqui resulta um elevado grau de dificuldade em definir o
autor do ato decisório como sujeito ativo no artigo 382.º-A do CP e no artigo
18.º-A da Lei n.º 34/87, considerando que haveria de presumir-se que o
“decisor” ao aderir à informação prestada pelos técnicos do departamento
urbanístico teria conhecimento da informação e da respetiva conformidade com as
leis e regulamentos aplicáveis.
De qualquer modo, para efeitos de “ato decisório de licenciamento
ou de aprovação” o funcionário fica sempre excluído por incompetência absoluta,
tendo em conta que não existe lei habilitante que permita a delegação ou
subdelegação de poderes para a prática de um ato que é exclusivo dos titulares
de cargo político como órgão plenário ou órgão presidente da câmara ou vereador
por delegação ou subdelegação de poderes.
Já assim não é se o “decisor” que é o titular de cargo
político e eleito local, não concordar com a informação dos técnicos – que é
mera proposta de decisão - e tomar a iniciativa de proceder à sua alteração
invocando motivos ponderosos, atuando em violação das normas urbanísticas e
regulamentos aplicáveis.» (Novo A. F. C., A Violação das Regras Urbanísticas.
Reflexão Crítica, 2013)
Há ainda um nome que não pode
deixar de ser citado, o do arquiteto Ricardo Carneiro (candidato
da CDU em Almada às eleições autárquicas, em nome de quem não se conhece um
único projeto de arquitetura) e que, entre 2006 e 2017, terá sido adjunto (em regime
de prestação de serviços*) dos vereadores da CDU que tiveram o pelouro do
urbanismo: primeiro José Gonçalves e depois Amélia Pardal.
No âmbito das suas funções
competir-lhe-ia, com certeza, prestar assessoria técnica (arquitetura) mas, ao
que tudo indica, talvez por estar mais preocupado com questões de índole
partidária, no que respeita ao cumprimento das regras do PDM terá falhado
redondamente.
Nesta data estão em análise
outras urbanizações espalhadas pelo município e até verificações em espaços
urbanos consolidados a fim de obter mais elementos que consubstanciem a
denúncia ao Ministério Público que estamos a elaborar.
Cruzando as plantas de
ordenamento do PDM com um passeio virtual através do Google Maps, sobretudo recorrendo ao Street View, são inúmeras as situações de desconformidade em
particular com o disposto no artigo 91.º do regulamento. Ainda assim não
deixaremos de visitar os locais para, in
loco, observarmos as situações.
Mas são já tantas as infrações
que nesta breve pesquisa por nós efetuada têm vindo a ser detetadas (e sem
sequer termos acesso a quaisquer processos internos, recorrendo unicamente à
informação pública) que somos forçados a considerar imprescindível que o atual executivo
mande efetuar um inquérito (ou auditoria) aos serviços de urbanismo, a
realizar por especialistas externos à autarquia.
E nessa sindicância há duas
situações que devem ser apuradas ambas muito graves para o interesse público,
em particular a segunda, e que tornam urgente a assunção de medidas concretas
para apurar a verdade e afastar as dúvidas e responsabilizar disciplinar, civil
e criminalmente os incumpridores:
Se os projetos de construção
aprovados com pisos a mais foram apresentados por técnicos e/ou promotores
variados e estamos perante uma evidente incompetência dos serviços da
autarquia;
Ou se foram sendo beneficiados
com um piso extra sempre os mesmos técnicos e/ou promotores e, neste caso,
estaremos perante evidentes sinais de corrupção interna dos serviços
autárquicos.
Continua
* Por dificuldades de acesso à
Base.gov (que, nesta data, estava com erro na disponibilização dos contratos) a
análise dos custos despendidos com esta e outras assessorias semelhantes
durante o período assinalado (2006-2017) será efetuada posteriormente.
10 comentários:
À bem pouco tempo já neste executivopediram para ser "lambuzados" para deixar passar uns muros de um processo.
uns funcionarios
Este pelouro era de quem ?
Olha os chupistas e intrujas comunistas: amélia pardal, a Lousa e o amiguinho burgues carlos dias, o burgesão armado em estalinistas, um tal carneiro, sempre juntos, nem pertenciam ao quadro da camara. Quero ver se vão ser penalizados, ou se simplesmente se vão embora sem prejuízo algum. Deve ter rodado muito dinehiro. Grandes carrões todos eles
O responsável do pelouro de 2008 a 2017 foiAmélia Pardal, que se pirou para loures
Ricardo Carneiro assesor durante vários mandatsos. Percebe tanto de arquitectura como eu de c.ralhos. Mais um armado em comunista com um grande carrão e armado em lenine. Conseguiu meter a cunhada Joana Pereira diretora municipal sem nunca ter trabalhado. Gente da alta burguesia.
Deviam ser todos penalizados.
Falam comunistas são chupistas.
A presidente tem de mandar esse Armando Correio para fora
Youre so cool! I dont suppose Ive learn anything like this before. So nice to find any individual with some original thoughts on this subject. realy thank you for starting this up. this web site is something that's needed on the internet, somebody with a little originality. useful job for bringing one thing new to the web! online casino games
Infelizmente tenho tido problemas com a CMA em particular no departamento da Ana Lousa; agora percebo porquê...
Penso que além da corrupção existe abuso de poder, o facto de darem seguimento aos projectos dos camaradas e deixarem os restantes a apodrecer na gaveta não é nada correcto.
O lado negro é que neste momento toda a estrutura da CMA é minada pela CDU, o meu conselho é resolver a maioria dos problemas e fiscalizar todas as alterações de PDM assim como auditar todas as nomeações...
Nice post. I be taught one thing more challenging on totally different blogs everyday. It should at all times be stimulating to learn content material from other writers and practice somewhat something from their store. I’d desire to use some with the content on my weblog whether you don’t mind. Natually I’ll give you a link on your internet blog. Thanks for sharing. online casino
Enviar um comentário