«Verifica-se, assim, que o júri do concurso,
já depois de ter dado início ao procedimento de seleção e de conhecer as provas
de avaliação realizadas pelos candidatos, alterou o critério de classificação
de molde a beneficiar os candidatos que tinham obtido uma classificação menos
elevada nas questões 4ª) e 4b). (…)
Tal situação importa, sem dúvida, violação do
princípio geral de imparcialidade consagrado nos artigos 266.º/ 2 da CRP e 6.º
do CPA.
(…) foi violado o artigo 38.º/1 do
Decreto-Lei n.º 204/98, por não ter sido respeitado o princípio de participação
dos interessados (…).
(…) O júri do concurso pronunciou-se sobre a
alegação do A., relativa ao projeto de decisão final, já depois de a lista de
classificação final ter sido homologada e não antes, conforme determina aquele
preceito legal. (…)
Acresce que a prova de conhecimentos do A.
não está incluída no quadro anexo à ata (…).
Assim, também por esta razão se mostra o
despacho impugnado inquinado de mais um vício de violação de lei, desta vez por
violação do artigo 15.º/2 do Decreto-Lei n.º 204/98, de 11.07, que determina
que as atas do júri do concurso contenham todas as suas decisões.»
As
transcrições acima dizem respeito a alguns (não todos) os erros detetados
apenas num único concurso para técnico superior na Câmara Municipal de Almada
em 2008 e que chegou ao Tribunal. Um caso raro já que a maioria dos lesados,
embora consciente das injustiças de que são alvo, porque desacreditam da
eficácia dos Tribunais, preferem não enfrentar a autarquia, segundo nos
disseram para “evitar chatices” ou “poupar dinheiro”, por exemplo.
Já aqui
tínhamos divulgado esta ocorrência numa série artigos que denominámos de «Quanto vale
uma “boa cunha”» que teve sete episódios de entre os quais destacamos
o quarto
capítulo por nele termos também apresentado as alegações do município
sobre cada uma das acusações e o sétimo
capítulo onde identificamos os intervenientes atribuindo-lhes prémios
consoante a “asneira” cometida.
Ao longo
destes últimos dez anos muitas situações nos foram sendo contadas por
candidatos prejudicados em concursos de acesso à carreira (sobretudo para
técnico superior) ou mesmo para lugares dirigentes, em particular nos SMAS.
Dessas
situações fomos dando notícia sempre que havia indícios suficientes para
levantar uma dúvida legítima quanto à atuação parcial do júri, nomeadamente nos
casos em que houve “ascensão supersónica” na respetiva carreira com base em critérios de
valoração curricular duvidosos aplicados para favorecer quem o
júri entendia.
Chegámos
mesmo a denunciar a existência nos SMAS de um concurso assente
em pressupostos ilícitos, o qual padecia ainda de muitos outros
vícios entre eles o de claro favorecimento do candidato vencedor.
Mais
recentemente, já depois das eleições autárquicas de 01-10-2017 temos vindo a
receber várias denúncias de trabalhadores da CMA (que solicitam anonimato)
contando os abusos que sobretudo nos três últimos mandatos foram cometidos
durante a gestão CDU da autarquia.
Trabalhador A:
«Nos concursos de dirigentes aqui da Câmara,
o júri recebe um “guia de avaliação”, elaborado por Fábia Mateus quando esteve nos recursos humanos a
trabalhar no recrutamento. A avaliação nem sequer segue os critérios dos avisos
abertura e tem ponderações absurdas que permitem fazer o que se quer e colocar
quem se quer.
Por exemplo, num concurso para uma Divisão
Municipal o anúncio pedia experiência profissional, mas apenas foi verificado
se os candidatos tinham ou não desempenhado lugares de chefia. A experiência na
área não contou para nada.
Outra situação: num concurso para técnico
superior uma candidata foi chumbada no período experimental para poder ser
chamado um “amigo”. Para o efeito a ata n.º 1 do júri foi alterada para adequar
os critérios de avaliação àquela pretensão. Houve reclamação formalizada
todavia desconhece-se o resultado.»
Trabalhador B:
«São
amizades e conhecimentos antigos... Não percebem nada de leis de trabalho.
Fazem as próprias leis conforme as conveniências do momento. Quando entrei
percebi logo que não havia regras e todos mandavam... Ou melhor, ninguém
mandava. Uns quantos trabalhavam e o resto fazia o que queria. Por acaso a
Ermelinda sabia que há quem trabalhasse na Câmara e ao mesmo tempo no Piaget,
por exemplo? Sabia que quem mandava na Cultura era o diretor de então e os
Vereadores obedeciam-lhe? Sabia que era ele que suspendia as promoções e
progressões dos funcionários mesmo quando havia concursos? Metia tudo na gaveta
durante anos…»
Trabalhador C:
«Na câmara
de Almada os concursos para dirigentes eram sempre feitos à medida pois
entendia-se que só podiam exercer esses cargos pessoas da confiança política do
executivo. Só assim havia garantias de serem obedientes. O mérito era
secundário. Aliás são muito poucos os que têm competências próprias para
desempenhar o cargo que ocupam. Por isso as asneiras são mais que muitas. Vejam
quantos apoiantes da CDU, familiares e amigos, há entre os dirigentes na CMA e
nos SMAS (alguns participam mesmo nas listas para as autárquicas em Almada e
noutros concelhos, como efetivos ou suplentes) e percebem logo o porquê de
tanta incompetência.»
Trabalhador D:
«Entrei como
assistente operacional na câmara de Mafra, mas consegui estudar e com esforço
tirei uma licenciatura e até um mestrado. Concorri para técnico superior na Câmara
de Almada, concelho onde resido, e na entrevista tiveram a lata de me perguntar
qual era o meu partido político. Percebi logo que apesar da excelente classificação
na prova escrita não ia ter hipóteses de ser selecionado. Felizmente, depois de
muitos concursos, consegui uma vaga na câmara de Lisboa.»
Cabem ainda
neste artigo, algumas referências ao SIADAP nos SMAS pois a questão também se
relaciona com aquela que se acabou de apresentar.
E tratar do
assunto, nada melhor do que transcrever as exatas palavras de um leitor atento
do INFINITO’S que nos tem
enviado amiúde as suas opiniões, as quais consideramos merecer atenção e,
sobretudo, reflexão:
«De facto há anos de avaliações por homologar
[2012 e os
biénios de 2013-2014, 2015-2016], alguns
dirigentes e chefias fizeram o que lhes competia e outros não.
A homologação não podia ocorrer, na minha
opinião, pois não estando todas realizadas não havia forma de validar o
cumprimento das quotas.
A falha maior é de quem não fez o que lhe
competia, sendo dirigente intermédio com pena de perda de comissão de serviço,
sendo chefia ou eleito político sem consequências que eu conheça.
Estão nesse grupo o dirigente que refere [Ramiro
Norberto], mas muitos
outros (quase todos faziam parte das listas de candidatos ou apoiantes da CDU).
Mas responsabilidade maior será do Conselho
de Administração, que não garantiu o cumprimento da lei, mas mais grave, deixou
que durante anos alguns trabalhadores não tivessem objetivos atribuídos.»
Remeteu-nos ainda
aquele leitor um comunicado
da Comissão Sindical do STAL nos SMAS de Almada acompanhado do comentário que
a seguir se transcreve:
«Pelos vistos acordaram, hoje [6 de março] enviaram
por e-mail um comunicado a distribuir culpas pelo conselho coordenador de
avaliações e pelo anterior Presidente, mas esquecem por completo a
responsabilidade própria do sindicato, que nunca fez nada.
Começam por referir que aguardaram as
reuniões departamentais (que terminaram há um mês!), e terminam a propor uma
forma de resolver o problema (retorno das avaliações ao CCA para nova análise)
quase inexequível, uma vez que o problema é mesmo não terem existido objetivos
e avaliações em vários departamentos.
Pelo meio ainda aproveitam para culpar os
Governos PS/Sócrates, PSD/CDS e atual PS (esquecem de indicar quem o apoia),
assim como a UGT.
Enfim, a miopia habitual (pode ver no anexo).
A este respeito deixava uma nota que me
disseram, e que não posso confirmar em pleno. Há vários trabalhadores, que
regularmente andaram nas manifestações, plenários e greves a pedir o
cancelamento de inscrição no STAL, por desilusão.»
Não foi só no
caso das avaliações não homologadas que o STAL (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local - afeto à CGTP) nada fez. Em Almada, também fechou sempre os
olhos às situações de flagrante favorecimento nos concursos de pessoal, às acumulações
de funções não autorizadas, às contratações por ajuste direto de
prestadores de serviços para desempenhar funções que correspondiam a
necessidades permanentes dos Serviços (e, por isso, a CMA irá integrar dezenas
de precários ao abrigo da Lei n.º 112/2017, de 29 de dezembro), etc. etc. etc.,
mas para denegrir a imagem do atual executivo já não hesitou em prestar falsas
informações (como no caso do alegado
despedimento de uma trabalhadora – o que se veio a revelar ser mentira).
Estranha
forma esta de a CDU / PCP / STAL defenderem os trabalhadores! Uma prática que é
precisamente o oposto do discurso de Jerónimo de Sousa na sessão pública intitulada
«VALORIZAR O
TRABALHO E OS TRABALHADORES» realizada no passado dia 20 de fevereiro de
2018.
Agora que o
executivo já não é “amigo” [entenda-se: não é de esquerda, ou melhor dizendo, não é liderado pelo PCP], o STAL decerto irá estar mais vigilante e apresentar
um caderno reivindicativo exigente – tentará exercer aquele que também deveria
ter sido o seu papel antes e não apenas no presente.
Todavia,
considerando que muitas das situações injustas ao nível dos recursos humanos que
hoje se verificam são consequência direta da gestão tendenciosa da CDU,
custa-me a crer que o STAL em Almada venha a desempenhar um trabalho isento
pois se assim fosse teriam de responsabilizar os camaradas (nalguns casos assim
o farão para não “quebrarem a cara” – como se pode ver pelo teor deste último
comunicado) e isso é coisa que só acontecerá em situações extremas...
Lamentavelmente,
o flagrante comprometimento desta comissão sindical do STAL com o anterior
executivo almadense impedi-los-á de manter uma atuação credível na maior parte
das matérias.
Por outro
lado, considerando que os principais responsáveis técnicos pelas ilegalidades
cometidas no setor do pessoal (na CMA e nos SMAS) continuam em funções, mesmo
com um executivo que trás uma nova postura de rigor e orientações políticas na
defesa da transparência de procedimentos, dificilmente se mudarão as velhas práticas
de favorecimento até porque muitas delas resultam também da elevada dose de
incompetência de que padecem os dirigentes locais (lembro que vários ocupam o
lugar porque houve quem lhes facilitasse o acesso e não por mérito próprio,
como aqui fica sobejamente demonstrado na série de artigos que sobre o assunto
foram publicados).
11 comentários:
Não conheço o funcionamento da cm Almada, mas conheço bem outra autarquia CDU e Isto é-me tudo tão familiar. Conheço tantas histórias destas. As autarquias CDU não são mais que tentáculos do aparelho partidário. E os funcionários que não se vergam acabam por sentir na pele as consequências. Como eu senti.
É bom não esquecer, que quando se fala em promoções e concursos nos SMAS Almada, só são promovidos os delegados sindicais, onde até chegaram a promover um funcionário que mal sabia escrever o nome dele. Mas, era do partido e sindicalizado. Eu próprio fui a um concurso para promoção onde em vez de prova escrita e oral técnica, foi só a segunda feita e o examinador principal já tinha sublinhado quem ia ser promovido e ainda nem prova tinha feito. - Resultado: fui o 1º classificado dos não sindicalizados no STAL, e não militante do PCP. Seis meses depois novo concurso, desta vez só para um sector, e com provas escrita e oral técnica fui o 1º classificado. Mas não se pense que fiquei beneficiado com isso. Algum tempo depois acabaram com uma categoria intermédia, e eu fui dos que não puderam voltar a ser promovidos com ou sem provas. Por isso me aposentei antes do tempo, depois de 40 anos de carreira contribuitiva.
U tal pedro rebelo que se meteu na comissão sindical, para não trabalhar. veio da junta da sobreda, foi para os smas, começou a berrar nas manifestações e hoje é dirigente sindical. é uma nódoa como pessoa e funcionário
Ahahahaha Esse e outros o tal Paulo Júnior também estes e outros. A Tal Sônia dos verdes a ganhar 1200 euros só trabalhava de tarde.
Stal com Luisa Paulitos e uma amiga da Pardaleca Ana Borges.
Tudo gente trabalhadora da treta fugiram agora para as instalações de luxo onde estão no Facebook horas e horas as amigas da Pardaleca Clara Correia outra xula.
A Sónia Tchissole dos Verdes lá foi corrida. Mais um mês de CDU ainda entrava para o quadro dos SMAS
Verdade tinha o sim do amigo vereador José Gonçalves.
Ninguém falou mas o gajo da prochet outro que tem vivido a conta do Partido comunista a vida toda tendo uma filha na CMA e outra na AR ate segundo consta a casa que tem em Lisboa foi dada pelo partido comunista. Agora se tivesse decência renunciava o cargo como deputado municipal.
a pardaleca é outra borguesa, que á conta do partido comunista, sempre ganhou acima de 3000€ sempre a facturar e com carrão
O cantor Samuel tanto defende o anterior executivo pois teve o benefício da CMA lhe ter comprado muitos cds
é preciso denunciar esse Allan Pereira. Por causa dele algumas funcionárias tiveram de meter atestado médico por burnout. Almada precisa de um mee too. Agora foi para Sesimbra ou para o Seixal fazer o mesmo, de certeza
Estão muitos preocupados com os trabalhadores o antigo executivo nada fez vem agora o tal Pedro Rebelo e o arquiteto Olaio irmão da Judas defender nunca fizeram nada por nós .Stal e CT onde só edts quem não trabalha.
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