sábado, 27 de novembro de 2010

Ajuste intemporal?

Chama-se a "Espiral do Tempo". É uma escultura composta por 25 cubos de aço (colocados uns em cima dos outros de forma irregular para mostrar uma leve rotação que cria a ilusão de um movimento ascendente em direcção ao céu), e pesa 35 toneladas, dizem.
É mais uma de entre as muitas obra do escultor José Aurélio, do Armazém das Artes, em Alcobaça, que inundam o espaço público em Almada.
Foi inaugurada em 9 de Maio de 2009 na Rotunda do Centro Sul por ocasião das comemorações do 35.º aniversário do 25 de Abril.
Não pretendo, neste artigo, analisar o conceito de arte pública da CMA, nem tão pouco tecer considerações acerca da obra e, muito menos, do seu autor. Sobre essa matéria, aconselho a leitura de um artigo do jornal Notícias de Almada, do passado dia 22 de Outubro. Vejam a posição de Joaquim Sarmento, vereador substituto do BE, pois concordo inteiramente com ele.
O que pretendo trazer ao vosso conhecimento é, apenas, a questão financeira:
Sabiam que aqueles 25 cubos de aço custaram à CMA a módica quantia de 150.000€?
Ou que, as fundações para colocar a escultura ficaram em 34.059,60€?
Sem falar no trabalho criativo (que sobre esse não consegui descobrir qual havia sido o valor da factura), a escultura "espiral do tempo" custou à CMA 184.059,60€. Um perfeito exagero que, na minha opinião, em tempo de crise, deixa muito a desejar quanto aos critérios de gestão da autarquia.

E, já agora, reparem nos seguintes pormenores:

Valor do ajuste directo referente à feitura dos cubos, classificado como empreitada, para poder ultrapassar o limite de 75.000€ da aquisição de serviço;

Data da publicação do procedimento referente às fundações. Tendo o monumento sido inaugurado a 9 de Maio, como é possível que o contrato só tenha sido publicado em 23 de Junho? Será que a empresa executou a obra antes de haver contrato? E o pagamento terá sido feito antes da publicação do contrato na base.gov? É que o Código da Contratação Pública (aprovado pelo Decreto-Lei n.º 18/2008, de 29 de Novembro) diz que isso é proibido...

6 comentários:

Anónimo disse...

Independentemente do custo, que no entanto acho exorbitante, o que me deixa preocupado é a obra.
Não conheço o autor, sei sómente que faz obras para a Camara de Almada e Setubal, de entre outros clientes, presumo.
A qualidade e o local onde foi plantada a "obra" é que é discutivel. Acho que a Camara de Almada está a endoidar quando encomenda ou sei lá o quê, esculturas deste calibre.
Enfim...gostos, mas quem paga é o contribuinte, nunca nos esqueçamos disso.

Minda disse...

O problema é que o custo da obra em causa terá sido muito superior,
pois falta indicar quanto custou o projecto artístico e a respectiva montagem. Aquilo é apenas a execução dos painéis e a abertura de fundações... (a não ser que na primeira factura esteja tudo incluído, o que duvido!)

Centenas de milhar de euros por uma "obra de arte" para "decorar uma rotunda", mesmo sem ser em tempo de crise já é, de facto, um exagero, quanto mais numa altura destas.

São opções de gestão que, sinceramente, me custam a compreender.

zé dos Plasticos disse...

È por situações desta natureza que o País está como está.
Independentemente de o conçeito de arte ser discutivel o certo que como já foi referido o artista vive destas areas limitrofes é sempre o mesmo porque serve para alimentar o tal nucleo de esfomeados.
Sem duvida o ferro está caro
Mas o ferro enferrujado ainda deve estar mais caro para uma "Obra" destas.
já me garantiram que a rotunda da filipa Dágua composta por restos ferrugentos do alfeite foram doados. portanto vamos a ver se não apareçe mais alguma factura virtual

Minda disse...

Zé dos Plásticos:

Almada e Seixal estão "infestados" deste tipo de arte urbana.
E digo "infestados" por a proliferação deste tipo de esculturas, sempre com o mesmo material, acabar por cansar e causar até um certo repúdio.
A beleza que algumas obras até têm, quando olhadas isoladamente, acaba por se desvanecer face à sua proliferação exagerada.
Este é, com toda a certeza, um grande negócio para o artista em causa. Poderia era tentar dispersar mais a sua obra por outros pontos do país. Tudo concentrado nos concelhos liderados pelo PCP faz duvidar se não existirão outros interesses por detrás... o que é muito mau até para a própria imagem do autor.

Lear disse...

Vista de longe aquela escultura parece a chaminé de uma fábrica.
O gosto artístico é discutível, aliás como qualquer gosto. Mas, para mim, aquilo é lixo. E, lixo muito caro, pelo visto.
Mas mais lixo que aquela escultura de ferrugem é a do Parque da Paz, curiosamente do mesmo escultor e que também deve ter custado uma fortuna.
Esta última parece um escorrega ferrugento e classifico-a como um verdadeiro aborto artístico.
Mas, como é da autoria do "camarada" José Aurélio, a pacóvia da Emília, lá engoliu o aborto e implantou-o em Almada (onde abundam exemplares da mesma espécie) para fazer mais um favorzinho ao camarada e ao partido!
E os almadenses que paguem o "privilégio" de possuírem tão "bestiais" obras de arte na sua terra.

Minda disse...

Lear:

Concordo inteiramente consigo.
O conceito de beleza artística é muito subjectivo.
Também não gosto desta "espiral do tempo" nem de muitas outras que estão implantadas aí pelo nosso concelho, com uma ou duas excepções.
Mas gostos são gostos e sempre ouvi dizer que não se discutem.
Agora uma coisa é certa: Almada tem obras a mais deste autor. E há demasiado dinheiro envolvido para estas escolhas serem inocentes.

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